cover.jpg
portadilla.jpg

 

 

Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2009 Christine Rimmer. Todos os direitos reservados.

PAIXÃO E HONRA, N.º 1395 - Setembro 2013

Título original: A Bravo’s Honor

Publicado originalmente por Silhouette® Books

Publicado em português em 2013

 

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.

Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.

® Harlequin, logotipo Harlequin e Bianca são marcas registadas por Harlequin Books S.A.

® e ™ São marcas registadas pela Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas que têm ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-3390-6

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

Capítulo 1

 

– Luke, acorda! Temos problemas!

Luke Bravo sentou-se na cama e passou os dedos pelo cabelo. Olhou para o relógio da mesa de cabeceira. Eram duas e dez da manhã.

– Luke! Acorda! – gritou alguém, depois de bater novamente à porta.

Luke reconheceu aquela voz. Era Paco, um dos empregados das cavalariças e parecia estar muito assustado.

Luke saltou da cama, nu. Agarrou no chapéu e atravessou a sala a correr. Lollie, a cadela de caça que criara desde pequena, já estava à porta e farejava.

– Para trás! Senta-te! – ordenou. Abriu a porta. – Paco, o que aconteceu?

Zita, a governanta, surgiu da zona de serviço, murmurando algo em espanhol e vestindo um robe vermelho. Deu um gritinho de surpresa ao ver Luke, nu.

Ele tapou as partes íntimas com o chapéu.

– Está tudo bem, Zita – olhou para Paco, semicerrando os olhos. – Há fogo?

Ele tapou a boca para esconder uma gargalhada, ao ver a vergonha da mulher, e abanou a cabeça.

– Não há fogo? – voltou a perguntar Luke, para se certificar. Quando o empregado voltou a abanar a cabeça, olhou para Zita. – Eu trato de tudo – afirmou, com gentileza. – Não te preocupes, volta para a cama.

Zita virou-se e afastou-se rapidamente por onde viera. Paco riu-se.

Luke olhou para ele.

– Se não há fogo, o que aconteceu?

O empregado ficou sério.

– É Candyman. Cortou a orelha ou algo parecido. Há sangue por todo o lado e está louco. Não conseguimos tranquilizá-lo.

Embora os cavalos quase nunca fossem tranquilos, Candyman costumava ser um verdadeiro cavalheiro. Era um cavalo cinzento de cascos pretos, que costumava ser bastante calmo.

Se perdera o controlo, tinha de ser porque estava a sofrer.

– Vou já – declarou Luke.

Fechou a porta, pôs o chapéu e procurou a roupa. Depois de vestir as calças de ganga e calçar as botas, ordenou a Lollie que ficasse em casa e saiu do quarto. Desceu as escadas das traseiras e saiu para a noite quente de agosto. A meio dos jardins das traseiras, alcançou Paco.

Quando chegaram ao caminho de terra batida que rodeava a propriedade, Luke ouviu os relinchos de Candyman. Correu mais depressa, com Paco atrás dele, até à cavalariça do animal.

Quando se aproximaram, Luke viu que lhe tinham posto uma corda, mas não tinham conseguido segurá-lo. A corda pendia, solta, no pescoço do animal. Candyman cabeceava e relinchava. Sacudia a cabeça, orgulhoso, com a crina cinzenta ao vento e batia no chão com as patas, atirando terra e erva em todas as direções. Pelo seu pescoço poderoso escorria sangue, que a luz da lua cheia tornava preto. Os olhos brilhavam e um deles também estava coberto de sangue, devido ao corte na orelha.

Estava meio cego e muito assustado. Mesmo que conseguisse acalmá-lo, Luke não conseguiria ajudá-lo, pois os seus conhecimentos de veterinária eram bastante rudimentares. Do outro lado da cerca mais longínqua, as éguas mexiam-se, inquietas e assustadas por ver o cavalo cinzento tão descontrolado.

– Chama o doutor Brewer! – ordenou Luke, por cima do ombro. – Diz-lhe para vir imediatamente – escalou a cerca metálica de um metro oitenta que rodeava o estábulo e, quando caiu do outro lado, emitiu um assobio baixo.

O alazão ficou imóvel e cheirou o ar.

– Vá lá, rapaz. Calma.

O cavalo emitiu um som interrogante.

– Sim, sou eu. Calma. Acalma-te.

Candyman relinchou e sacudiu a crina prateada, mas não voltou a empinar-se. Esperou, relinchando suavemente, enquanto Luke se aproximava.

– Sim, rapaz. Isso... – Luke estendeu a mão. Candyman cheirou-lhe a palma e deixou-o agarrar a corda ensanguentada.

Luke deu-lhe uma palmadinha no pescoço e apoiou a face nele, o que o fez sentir a humidade peganhenta do sangue.

– Anda. Vamos levar-te para dentro.

O cavalo deixou-se levar, embora contrariado, abanando a cauda e fazendo barulho. Em duas ocasiões, puxou a corda para demonstrar a Luke que não estava nada contente com a situação. Cada vez que o animal resistia, Luke parava e falava com suavidade. Acariciava a testa do alazão e soprava-lhe no focinho.

Por fim, conseguiu levar Candyman para dentro do estábulo. Assim, só teria de o manter tranquilo até o veterinário chegar... E esperar que não demorasse muito.

Paco apareceu.

– O veterinário está no hospital.

– Diz-me que estás a brincar.

– Oxalá! Disseram-me que foi operado à anca. Vão enviar o novo sócio dele.

Luke tentou não praguejar, para não alterar o cavalo.

– Quem quer que seja, espero que saiba o que faz. E que chegue depressa. Traz-me um balde de água quente e um pano limpo, pode ser?

Criara e treinara pessoalmente o cavalo de oito anos, por isso, Candyman respondia sempre bem à sua voz e à sua proximidade. Quando lhe trouxeram o balde, o animal deixou-o tocar na ferida, mas a zona estava muito sensível para lhe tocar sem anestesia e o alazão abanou a cabeça e emitiu um relincho de aviso, quando Luke tentou lavá-la. Ele decidiu que podia esperar até chegar o veterinário novo, com um tranquilizador.

Pelo menos, a ferida não parecia ser tão má como temera. Se a tratassem bem, talvez ficasse como nova. Luke desejou que o tempo passasse depressa. Falou suavemente com animal, que tremia e se mexia muito.

Onde estava o maldito veterinário? O cheiro a sangue, feno e cavalo impregnava-lhe o nariz. O suor caía por baixo do chapéu e escorria pelo peito nu.

– Liga a ventoinha! – ordenou a Paco. – Isto está um forno.

A ventoinha começou a trabalhar.

Falou num tom suave com Zeke, que geria os estábulos e estava lá fora com Paco, e mais três homens.

– Sabem o que causou isto?

O estábulo de Candyman fora construído para ser seguro. Um cavalo como ele, mesmo que fosse tranquilo, era mais curioso e sensível a tudo o que o rodeava do que outros cavalos, e tentavam sempre fazer com que não entrasse em contacto com pregos ou outra coisa com que pudesse magoar-se.

– Encontrámos uma tábua solta no barracão.

O barracão, situado no lado mais afastado do estábulo, era um refúgio aberto onde o cavalo podia proteger-se do sol ou do mau tempo.

– Há um prego grande a descoberto.

– Já está arranjado?

– Certamente.

Luke ouviu o barulho de pneus no cascalho do caminho, lá fora.

– É o veterinário?

– Vou ver – Zeke saiu e regressou uns minutos depois.

– É o veterinário, sim.

Candyman relinchou, nervoso. Luke deu-lhe uma palmadinha no pescoço e falou num tom tranquilo.

– Trá-lo aqui.

– Não é um homem.

Luke olhou para a porta e viu o novo veterinário.

Certamente, não era um homem.

Era uma mulher atraente, de seios grandes e uma t-shirt branca. A pele bronzeada estava desprovida de maquilhagem e tinha cabelo preto, preso numa trança.

Porém, o que lhe chamou a atenção foram os olhos. Uns olhos de gata, pretos como a noite. Ele recordava-se daqueles olhos.

– Mercedes? – perguntou.

Ela assentiu com a cabeça.

– Olá, Luke! Como estás?

Ele abanou a cabeça.

– A pequena Mercy Cabrera...

Um dos empregados murmurou alguma coisa e um outro riu-se. Alguém sussurrou:

– Cabrera...

Todos sabiam que um Bravo nunca confiava num Cabrera... E vice-versa.

– Chega! – ordenou Luke. E os homens ficaram em silêncio. – Lembro-me de que me disseram que tinhas ido para a universidade – referiu a Mercedes.

– E fui, há oito anos.

– Primeiro tu e depois Elena.

– Sim – confirmou. A irmã dela, Elena, era três anos mais nova. – Temos uma boa vida. Eu tirei o curso de veterinária.

Tinha uma maleta preta e parecia ser... Muito competente. Notava-se no queixo forte e no brilho inteligente dos seus olhos pretos. Bolas! A pequena Mercy Cabrera. Adotada pela família Cabrera, aos doze ou treze anos. Luke tinha a impressão de que, há pouco tempo, tinha dezasseis. Ou seja, era terreno proibido.

Agora, parecia ser bem adulta.

– O tempo passa – murmurou.

– Sim, é verdade. Há um mês que sou sócia de Phineas. Quer reformar-se dentro de alguns anos e eu farei o que puder para o substituir – aproximou-se das barras e falou num tom tranquilo e firme.

– Precisas de ajuda com esse cavalo?

Candyman sentiu o cheiro dela e abanou a cabeça, mas não parecia estar agitado, nem abanou a cauda, o que parecia indicar que permitiria que o ajudasse.

– Tem um corte na orelha – não importava que fosse uma Cabrera e suficientemente bonita para o fazer desejar que não fosse. Candyman precisava de ajuda e ela era veterinária. – Achas que consegues tratar a ferida?

– Consegues mantê-lo tranquilo, enquanto dou uma olhadela?

– Anda cá. Não faças movimentos bruscos.

 

 

Mercy achava estranho estar naquele estábulo com Luke Bravo e o bonito alazão, a meio da noite. Gostara daquele rapaz Bravo desde que chegara a Santo António com a mãe, há catorze anos. Vira-o uma vez, a montar a cavalo num desfile e também na venda de gado de inverno de Santo António, e no rodeo que tinha lugar no Coliseu Freeman.

Aquele rapaz loiro alimentara as suas fantasias durante quase toda a adolescência.

Embora não pudesse ser nada mais do que o sonho de uma rapariga tola. Ela era tão Cabrera como se tivesse nascido na família. E nenhuma mulher da família sairia com um homem que se chamasse Bravo.

Os Bravo tinham roubado muito da sua gente. A terra em que estavam naquele momento, o rancho a que os Bravo chamavam «Bravo Ridge», pertencera aos Cabrera durante séculos... Até o avô de Luke o roubar a Emilio Cabrera, nos anos cinquenta. Um Cabrera perdera a vida a trabalhar como escravo para os Bravo. E outro, a lutar com eles.

– Como se chama? – perguntou a Luke.

– Candyman.

– Gosta de mulheres?

– É um cavalheiro.

O cavalo deixou-se tocar e relinchou suavemente na mão dela. Mercy examinou-o rapidamente, para se certificar de que não havia mais nada para tratar, para além da orelha que sangrava.

– E então? – perguntou Luke, quando ela acabou o exame.

Mercy desejou que vestisse uma camisa e tentou não olhar para aquele peito masculino, brilhante pelo suor e manchado de sangue.

– Tenho de o medicar, antes de limpar e tratar a ferida. Podes tirá-lo daqui?

Luke assentiu. Mercy recuou para a parte principal do estábulo e ele começou a tirar também o animal, mas o cavalo rebelou-se, puxou a corda e soprou com força pelo nariz.

Luke mostrou-se gentil e paciente. Acariciou o alazão e sussurrou-lhe ao ouvido. Voltou a puxá-lo e o animal seguiu-o.

Mercy tinha a água pronta. Enquanto Luke tocava no flanco do animal, ela cravou-lhe a agulha no pescoço, com rapidez. Candyman pareceu não sentir nada.

Luke continuou ao lado dele, acariciando-o e falando-lhe com suavidade até a droga fazer efeito. Depois de uns minutos de espera, olhou à sua volta, para os homens que os observavam.

– Achas que vamos precisar dos empregados? – perguntou.

Ela decidira que bastaria uma anestesia local, pois Candyman parecia tranquilo e apaziguado pelo tranquilizador, e pelas carícias e murmúrios de Luke.

– Penso que podemos fazê-lo sozinhos – declarou. – Desde que haja alguém que venha, se houver problemas.

– Voltem para a cama, rapazes.

Os homens afastaram-se.

Mercy tinha a segunda injeção pronta. O cavalo relinchou suavemente quando o picou atrás da orelha, mas já estava relaxado com o tranquilizador anterior e acabou tão depressa que não teve tempo para protestar muito.

Enquanto esperavam que a anestesia fizesse efeito, o cavalo mostrou-se tranquilo e tudo ficou em silêncio. O estábulo estava vazio, coisa que não surpreendeu Mercy. Nas noites de verão, os cavalos estavam mais confortáveis lá fora.

– Que silêncio – murmurou ela.

Luke assentiu.

– Vives na casa principal?

– Sim.

– O resto da tua família também?

– Não. A maioria tem casa em Santo António ou noutro lugar – Luke tinha seis irmãos e duas irmãs. – Mas vêm todos ao rancho no Natal e para descansar da agitação, de vez em quando.

Ela abanou a cabeça.

– O que foi? – sussurrou ele, esboçando um sorriso. – Há alguma razão para não viver lá?

– Todas aquelas colunas brancas. Parece um palácio grego. Ou uma plantação do sul.

Luke riu-se.

– Devias ter conhecido o meu avô James. Copiou a mansão do governador.

Noutros tempos, a fazenda Cabrera, A Joia, erguera-se onde estava agora a casa branca e enorme, com as suas colunas imponentes. Mercy vira fotografias da «Joia» e pensara que se enquadrava bem no terreno em que estava construída, com as paredes de estuque e as telhas para manter a casa fresca nos verões quentes do Texas. James Bravo demolira a fazenda, para construir a mansão branca rodeada de relva e roseiras.

– Deve custar uma fortuna, regar toda essa relva – comentou, com cuidado, para as suas palavras não parecerem amargas. Era muito leal à família adotiva, mas não era o momento de invocar o espetro dos problemas das duas famílias.

Ele encolheu os ombros.

– Usamos água do poço. O que queres que te diga? O meu pai adora a maldita casa e os prados verdes, ainda mais do que o meu avô.

Ela tocou no cavalo. Deslizou primeiro uma mão pelo pescoço e depois voltou a deslizá-la para tocar na orelha magoada. Candyman não reagiu.

– Está tudo bem. Tenho de lavar as mãos.

– Ali.

Mercy aproximou-se do lavatório de cimento que havia na parede e lavou-se com o sabonete desinfetante. Depois, limpou as mãos com uma toalha de papel. Sabia que Luke a observava. Sentia os olhos dele, atento a todos os seus movimentos. Afastou a toalha e virou-se para o homem e o cavalo.

Aproximou-se devagar, consciente de que alguma coisa no olhar azul de Luke fazia com que o seu coração acelerasse.

Ele tinha sangue no peito e imaginou-se a lambê-lo.

– Diz-lhe coisas meigas – pediu, – e não pares de o acariciar. Vou começar por lavá-lo.

 

 

Luke estava impressionado com a habilidade de Mercy.

Quinze minutos depois de lavar as mãos, Candyman estava limpo, tratado e deitado, com a ventoinha a funcionar, para afastar o calor da noite.

E Mercy Cabrera guardava os instrumentos na maleta preta, preparando-se para se ir embora.

Luke não queria que ela se fosse embora.

O que era estúpido. Eles não podiam estar juntos. Se tentasse alguma coisa com ela, só estaria a procurar problemas.

Há anos que não havia novos pontos de discórdia entre as duas famílias. O último fora quando o pai decidira contratar Luz, a mãe adotiva dela, num esforço bem-intencionado de fazer as pazes.

O plano de Davis Bravo fracassara. A ideia de Luz trabalhar para um Bravo enfurecera Javier, o marido, que exigira que a esposa se despedisse imediatamente. Ela não o fizera e ele deixara-a sozinha, até o pai de Luke a despedir.

Desde então, as famílias tinham tido o bom senso de se manter afastadas. E funcionara. A tensão desaparecera o suficiente, para ser possível haver uma pequena interação entre eles.

Nesse contexto, seria boa ideia que Mercy substituísse Phineas, pois poderia tratar dos seus cavalos sem que pudesse dizer que trabalhava para ele ou para outro Bravo. Numa transação assim, não haveria nada que pudesse incomodar Javier. E o facto de Mercy se ocupar do gado de Bravo Ridge, podia ser um modo seguro de deixar para trás a velha inimizade.

O problema era que Luke a observava e desejava tocar nela. Passar a mão pelo cabelo preto e brilhante, deslizar a palma na face suave, saborear aquela boca vermelha... E algo mais.

Muito mais.

Havia muitas mulheres bonitas no sul do Texas, que não tinham o apelido Cabrera. Se quisesse companhia, podia ir procurar uma delas. Como podia pensar na possibilidade de seduzir a filha de Javier Cabrera?

Impossível!

Mercy pegou na maleta preta e levantou-se.

– Os pontos vão desaparecer sozinhos, portanto, não terei de os tirar, mas voltarei para o examinar na próxima semana.

– Obrigado – agradeceu ele.

Aproximou-se, avançando um passo.

Ela esbugalhou os olhos. Ele deu mais um passo e ficou tão perto que conseguia sentir o cheiro dela. Cheirava bem. Como um prado de flores silvestres, pela manhã. Com um laivo de algo exótico e tentador.

Ela lambeu os lábios e ele desejou cravar-lhe os dentes na pele suave do pescoço, arrancar-lhe a t-shirt e baixar-lhe as calças de ganga desbotadas.

– Se houver algum problema, liga para o consultório – indicou Mercy.

– Claro – Luke olhou para ela e a sua voz tornou-se mais baixa e rouca. – Lembro-me de quando foste viver com os Cabrera. Lembro-me dos teus olhos pretos.

Aqueles olhos fixaram-se nos dele.

– A minha mãe tinha cancro.

– Foi o que me disseram. Foi difícil para ti, não foi?

– Morreu um ano depois de irmos viver com Luz e Javier. Eles cuidaram dela. Amavam-na e amavam-me. Agora, sou filha dele, no meu coração e perante a lei.

Luke aproximou-se mais. Ela não se afastou.

– Devo-lhes muito.

Outro passo e já estava quase em cima dela. O seu comportamento não tinha desculpa. Como ele bloqueava a saída, não teve outro remédio senão recuar. Contudo, três passos depois, chocou contra a parede que separava as cavalariças. Olhou para ele nos olhos.

– Luke...

– O quê?

– Não devíamos... – sussurrou.

– Eu sei – concordou, antes de a beijar nos lábios.