Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

© 2011 Robyn Grady. Todos os direitos reservados.

AINDA APAIXONADOS, N.º 1052 - Fevereiro 2012

Título original: Amnesiac Ex, Unforgettable Vows

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em portugués em 2012

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.

Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.

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I.S.B.N.: 978-84-9010-667-9

Editor responsável: Luis Pugni

ePub: Publidisa

Capítulo Um

Laura Bishop levantou a cabeça do almofadão e ouviu com atenção. Duas pessoas estavam a conversar, mal se ouvia, do outro lado da porta do quarto do hospital. A primeira voz era da irmã, sempre impetuosa; a segunda era do marido, Samuel Bishop, também irritado.

Mordeu o lábio inferior e tentou perceber o que diziam. Não teve sorte, ainda que fosse óbvio que nem Grace nem Bishop estavam propriamente contentes.

Naquela manhã, Laura ficara com um golpe na cabeça e Grace, que estava de visita, insistiu que a levassem ao hospital para lhe darem uma vista de olhos. Enquanto esperavam pela sua vez, Laura pediu a Grace que ligasse para o escritório de Samuel, em Sidney. Não o queria incomodar, mas sabia que as urgências podiam demorar uma eternidade e não queria que o marido voltasse a casa, desse pela sua ausência e ficasse preocupado.

Além disso, Bishop gostava de estar sempre informado. Era um homem muito protetor, por vezes até demasiado. Mas Laura compreendia-o porque havia motivos para se preocupar com a sua saúde. Tinha uma má-formação cardíaca congénita e ele próprio tinha antecedentes do mesmo género na família.

A porta abriu-se lentamente e Laura apoiou-se nos cotovelos.

– Não quero que ela fique preocupada – gritou Grace do corredor.

– Nem eu tenho a menor intenção de a preocupar – respondeu-lhe Samuel.

Laura voltou a deitar-se, deprimida. Gostava que as pessoas de quem mais gostava se dessem bem, mas Grace parecia ser a única mulher à face da Terra imune aos encantos de Samuel Bishop. Ao contrário dela, Laura ficara encantada com o seu carisma e a sua aparência assim que o conheceu.

Mas, ultimamente, começara a duvidar disso.

Adorava Bishop e tinha a certeza de que era correspondida. Porém, na semana passada, fizera uma descoberta sobre si própria que poderia mudar tudo. Talvez tivessem cometido um erro ao casar tão cedo.

A porta abriu-se mais um pouco. Quando viu o corpo atlético do marido e o olhou nos olhos, sentiu-se mais zonza do que até àquele momento. Estavam juntos há seis meses e um simples olhar ainda a excitava e deixava sem fôlego.

Trazia um fato escuro, feito à medida, que lhe ficava tão bem como o fato que tinha vestido na noite em que se conheceram, quando lhe cravou os seus belos olhos azuis e a convidou para dançar. Mas agora não parecia haver qualquer intensidade na sua expressão. Pareceu-lhe até mesmo que dos seus olhos não transparecia qualquer emoção.

Estremeceu, alarmada.

Bishop era um homem extraordinariamente cuidadoso. Talvez estivesse zangado com ela por ter escorregado. Ou talvez estivesse aborrecido por o ter feito sair do trabalho.

Fosse como fosse, Laura quebrou aquele ambiente, levou uma mão à ligadura da testa e sorriu debilmente.

– Parece que caí – disse.

Ele franziu a testa.

– Parece?

Ela hesitou antes de responder.

– É que não me lembro de nada… O médico disse-me que é frequente acontecer. Uma pessoa cai, bate com a cabeça e não se lembra do que aconteceu.

Samuel desabotoou o casaco e passou a mão pela gravata. Tinha os dedos longos e finos e as mãos grandes e nodosas. Ela adorava aquelas mãos, sabiam como e onde tocar para lhe dar prazer.

– Não te lembras de rigorosamente nada?

Laura desviou o olhar e deu uma vista de olhos ao quarto, tão esterilizado como qualquer outro quarto de hospital.

– Lembro-me do médico que me observou quando aqui cheguei… e também me lembro das análises que me fizeram – respondeu.

Bishop semicerrou os olhos.

Nunca gostara de hospitais. Laura soube disso dois meses depois de terem começado a sair, quando a pediu em casamento. Apareceu com um anel de diamantes e foi uma surpresa tão boa para ela que aceitou sem hesitar. Naquela mesma noite, enquanto descansavam na cama, contou-lhe que sofria de uma cardiomiopatia hipertrófica. Não era algo que contasse a toda a gente, mas achou que ele deveria saber.

Bishop ficou mais preocupado do que imaginara. Abraçou-a com força e perguntou-lhe se podia passar a doença aos filhos, no caso de os querer ter. Laura, que investigara muito sobre o tema, respondeu o que sabia: que essa possibilidade existia e que seria detetável nos primeiros meses de gravidez, não havendo outra solução possível para além do aborto.

Quando ficou a saber, Laura percebeu que essa perspetiva lhe desagradava tanto como a ela. Mas também era evidente que não queria correr o risco de uma gravidez com um final imprevisto.

– A Grace contou-me que te encontrou quando chegou a tua casa. Disse-me que tinhas caído do passadiço do jardim.

Laura assentiu. Tinha sido uma queda de quase dois metros de altura.

– Sim, também me contou o mesmo.

– Também me disse que tinhas ficado um pouco desorientada…

– Não, muito pelo contrário. Há muito tempo que não pensava com tanta clareza – afirmou.

Bishop olhou-a com uma expressão de estranheza, como se não tivesse a certeza de que ela estivesse totalmente bem. Além disso, manteve-se à distâncias e não se aproximou para a consolar. Olhava para ela como se se tivessem acabado de conhecer, o que lhe parecia estranho.

– Bishop, vem cá, por favor. Temos de falar.

Ele adotou uma expressão sombria e aproximou-se visivelmente contrariado. Laura questionou-se se o médico lhe tinha dito alguma coisa mais para além dos detalhes da queda. Se assim foi, teria sido melhor que tivesse sido ela a contar-lhe, em vez de ficar a saber por terceiros. Mas não sabia como iria reagir quando soubesse que tinha feito um teste de gravidez.

Tentou endireitar-se um pouco, com o objetivo de se sentar na cama e colocar os pés no chão. Bishop reagiu nesse preciso instante. Aproximou-se dela com duas grandes passadas, voltou a deitá-la e tapou-a com o lençol.

– Tens de descansar, Laura.

Ela quase desatou a rir. A sua preocupação parecia-lhe excessiva e absurda.

– Mas eu estou perfeitamente… Ele voltou a franzir a testa.

– Tens a certeza?

– Tenho.

– Sabes onde estás?

Laura suspirou.

– Oh, vá lá… Já tive esta conversa com o médico, com a Grace e com mais uma catrefada de enfermeiras. Estou no hospital, a oeste de Sidney e a este das montanhas azuis – ironizou.

– Como é que me chamo?

Ela sorriu e cruzou as pernas com uma timidez fingida.

– Winston Churchill.

Ele olhou para ela divertido durante alguns segundos. Depois, pigarreou e declarou com toda a seriedade de que era capaz:

– Deixa-te de brincadeiras.

Ela olhou para ele com uma expressão exasperada. Porém, conhecia Bishop muito bem e sabia que ele conseguia ser muito teimoso, por isso decidiu colaborar.

– Chamas-te Samuel Coal Bishop. Gostas de ler o jornal do princípio ao fim, gostas de fazer jogging e gostas de um bom vinho. Para além disso, lembro-te que esta noite celebramos um aniversário… passaram-se exatamente três meses desde que nos casámos.

As palavras de Laura foram como um balde de água fria para ele. Ficou sem palavras, mas conseguiu manter a compostura e passou a mão pelo cabelo.

Grace e a enfermeira tinham-lhe dito que tinha batido com a cabeça e que estava confusa. Mas ninguém o prevenira de que ela se esquecera dos dois últimos anos da sua vida. Laura achava que continuavam casados.

Tinha perdido a cabeça.

Durante um momento, pensou que aquilo era uma partida. Mas bastou olhar para os seus olhos cor de esmeralda para perceber que ela não estava a brincar. Aquele era o rosto inocente e quase angelical da mulher com quem se tinha casado.

Quando Grace lhe telefonou e disse que Laura o queria ver, perguntou-se qual seria o motivo. Mas agora compreendia. E também compreendia por que Grace evitara olhá-lo nos olhos quando pediu para lhe dizer qual era o estado de saúde de Laura.

A irmã de Laura culpava-o pelo fracasso do casamento. Provavelmente, tinha a esperança que ela recuperasse a memória quando visse o homem que, do seu ponto de vista, a tinha abandonado. Nesse caso, ele voltaria a ser o mau da fita e a controladora e obsessiva Grace tornar-se-ia na heroína da irmã mais nova.

Há alguns minutos atrás, Bishop não teria acreditado que a opinião que tinha sobre Grace podia ser ainda pior. Mas tinha-se enganado.

Olhou para Laura e soube que não podia ignorar as circunstâncias e ir-se embora de repente. O seu divórcio não fora nem pacífico nem agradável, mas ela estava doente e precisava dele. Além disso, estivera profundamente apaixonado por ela.

Pensou que havia uma grande hipótese de Laura nem sequer lhe agradecer o esforço se chegasse a recuperar a memória. Mas, de qualquer das maneiras, sentiu-se obrigado a ajudá-la.

– Laura, não estás bem – disse com um sorriso forçado. – Tens de ficar no hospital esta noite. Vou falar com o médico e…

Bishop deteve-se alguns instantes porque, na verdade, não sabia o que fazer.

– E já vamos ver o que se passa – acrescentou.

– Não.

Ele franziu a testa.

– Não? O que queres dizer com isso?

Laura olhou-o angustiada e estendeu-lhe os braços.

Bishop permaneceu imóvel. Sabia que devia evitar o contacto físico com ela porque não era capaz de lhe resistir aos encantos. Mas tinha-se passado mais de um ano desde a última vez que se tinham visto e imaginou que o seu desejo devia estar tão enterrado como o amor que tinham sentido um pelo outro.

Aproximou-se o suficiente e deixou-a segurar-lhe nas mãos. O sangue começou-lhe a ferver num instante e, pelo olhar de Laura, era óbvio que ela sentia o mesmo.

– Querido, passei metade da minha vida em quartos de hospital – murmurou Laura. – Sei que as tuas intenções são boas, mas não preciso que me tratem como uma boneca de porcelana. Não sou uma criança, sou uma mulher adulta e sei que estou bem.

Bishop interrompeu o contacto, deu um passo atrás e falou fria e firmemente.

– Receio que não estejas em posição de te opores ao que quer que seja.

Ela pressionou os lábios, incomodada.

– Se pensas que renunciei à minha liberdade quando me casei contigo, garanto-te que…

Laura não acabou a frase. Ficou repentinamente pálida, como se lhe tivessem dado uma bofetada.

Demorou alguns segundos a reagir. E, quando conseguiu, olhou-o com uma expressão de tristeza e ressentimento.

– Lamento, Bishop, lamento muito. Não era isso que eu queria dizer. Não estava a falar a sério.

Bishop suspirou. Pelos vistos, a perda de memória não inibia os sentimentos que nutria por ele. A mulher que o acusara era a mesma que o expulsara de casa sem pestanejar. A mesma que, um dia depois, assinou os papéis do divórcio.

Ao contrário do que Grace pensava, ele não fora o culpado pelo fim do casamento.

Mas não a odiava. Por muito que o tivesse magoado, não a odiava. Nem a amava. O que devia facilitar as coisas.

– Vá lá, deita-te e descansa um pouco.

– Não quero descansar. Preciso de falar contigo.

Ele insistiu.

– Deita-te.

Laura ignorou-o. Bishop esteve a ponto de a obrigar, para o seu próprio bem, mas conteve-se e tentou chamá-la à razão.

– Olha, eu sei que te sentes muito bem, mas…

– Eu pensava que tinha ficado grávida – interrompeu-o.

Bishop foi de tal modo apanhado de surpresa que se sentiu zonzo e teve de se sentar na cama.

– Como? – conseguiu perguntar-lhe.

– Estava muito contente, mas também preocupada. Não sabia o que ias dizer quando soubesses.

Ele sentiu uma dor dentro do peito e um vazio sem paralelo dentro de si. Não ia conseguir passar de novo por aquilo.

– Ouve, Laura… Não estás grávida de mim. Não podes estar.

– Bom, eu sei que usamos sempre preservativo, mas não é um método cem por cento seguro – afirmou ela.

Bishop pensou que estava ainda pior do que imaginara e considerou a possibilidade de lhe dizer a verdade. Se estivesse no lugar dela, teria preferido isso. Além disso, não queria que ela mais tarde se sentisse uma tonta. Não podia estar grávida dele porque tinham-se passado quase dois anos desde o seu último encontro amoroso.

Fechou os olhos por um momento e resistiu ao desejo de a abraçar. Lembrou-se do dia em que se conheceram, da lua de mel, do casamento, de tudo o que tinham partilhado até que o seu amor se foi desvanecendo.

– Não estás grávida – repetiu ele, por fim.

Ela assentiu.

– Já sei. O médico já me disse. Mas quando pensei que trazia um bebé no meu ventre, dei-me conta que…

Laura parou de falar.

– Do que é que te deste conta?

– Bishop, quero ter um filho. Sei que existe o perigo de ele herdar a minha doença cardíaca, mas temos de ter fé.

Bishop estremeceu. Tinham tido aquela mesma conversa há dois anos atrás, quando a sua relação já tinha começado a desvanecer-se.

– Desculpa, Bishop. Não devia ter dito isto de uma maneira tão brusca.

Ele abanou a cabeça e levantou-se. Precisava de estar sozinho para pensar. A situação piorava a cada segundo que passava.

– Queres que te traga alguma coisa? – perguntou. – Precisas de alguma coisa?

Ela colocou-se de pé, levou uma mão ao peito e respondeu:

– Só preciso de uma coisa. Que me beijes.

Capítulo Dois

Bishop olhou-a nos olhos e percebeu que aquela Laura estava completamente apaixonada por ele. Mas também tinha a noção de que não estava de perfeita saúde e, por isso, resolveu afastar-se dela, ainda que com dificuldade.

Rejeitar o seu afeto foi uma das coisas mais difíceis que fizera na vida. Durante a última fase do seu casamento, Bishop teria dado qualquer coisa para o conseguir, mas Laura recusara. Definitivamente, tinha de ser cauteloso. Se se deixasse levar, ver-se-ia arrastado para o abismo em que a ex-mulher caíra.

– Laura, este não é o momento mais oportuno – afirmou.

– O momento mais oportuno? – perguntou ela, desconcertada. – Não estou a perceber… Somos um casal, beijamo-nos a toda a hora.

Ao vê-la ansiosa, Bishop cometeu o erro de lhe acariciar o braço. Sentiu automaticamente uma onda de calor que o deixou em alerta.

Cerrou os dentes, deu outro passo para trás e disse:

– Vou falar com o médico.

– Sobre o teste de gravidez?

Ele sentiu um nó na garganta.

– Sim, sim… claro. Sobre o teste de gravidez.

Saiu do quarto, dirigiu-se ao gabinete de enfermagem e perguntou pelo médico de Laura. As enfermeiras apontaram para um homem de bata branca que naquele momento desaparecia por um dos corredores laterais. Bishop correu atrás dele até o alcançar.

– Doutor…

O médico, de meia-idade, parou e olhou para ele.

– Sim?

– Sou o Samuel Bishop. Fiquei a saber que está a tomar conta do caso da Laura Bishop…

– É verdade. Você é o marido dela?

– Mais ou menos.

O médico sorriu e levou-o para um lugar aparte para que ninguém ouvisse a conversa.

– Prazer em conhecê-lo, senhor Bishop. Sou o doutor Stokes – apresentou-se. – Como já deve ter percebido, a Laura sofre de amnésia.

– É temporário?

– Isso depende. Neste tipo de casos, as pessoas recuperam a memória pouco a pouco. Mas há exceções…

– Exceções? – perguntou, preocupado.

O doutor Stokes assentiu.

– De qualquer forma, os exames indicam que a sua mulher não tem fraturas nem contusões. Pode ter alta a qualquer momento, ainda que talvez prefira que ela passe a noite no hospital… Independentemente do que decidirem, quando ela adormecer acorde-a de três em três horas e pergunte-lhe coisas simples, como o nome ou onde vivem, para ter a certeza de que a situação continua estável.

Bishop coçou a cabeça.

– Receio que haja um problema, doutor… Já não sou o marido dela.

O médico arqueou as sobrancelhas.

– Já não é marido dela? Mas a sua cunhada deu a entender que…

– A minha ex-cunhada – corrigiu-o.

O médico olhou-o com amabilidade ao perceber as circunstâncias. Meteu as mãos nos bolsos da bata e disse:

– A memória é muito caprichosa… Recomendo-lhes que lhe mostrem fotografias quando acharem que ela está preparada. Tenho a certeza de que não vai demorar muito para se lembrar dos acontecimentos mais recentes.

Stokes pareceu que lhe ia dizer mais alguma coisa, mas conteve-se e limitou-se a despedir-se.

– Boa sorte, senhor Bishop.

Nesse preciso momento, o telemóvel de Bishop começou a vibrar. Tirou-o e olhou para o ecrã. Era uma mensagem de Willis McKee, o seu braço direito no escritório. Dizia que tinham um comprador para a empresa e que precisava de falar com ele o quanto antes.

Era uma boa surpresa. Bishop Scaffolds and Building Equipment estava à venda há uma semana, mas pedia vários milhões de dólares por ela e não imaginara que iria encontrar um comprador em tão pouco tempo.

A sua vida estava a mudar muito depressa. Primeiro divorciara-se e agora estava prestes a vender a sua empresa. Além disso, estava a sair com uma mulher encantadora. Tinham-se conhecido há apenas um mês e não estavam a levar a relação muito a sério. Mas, em contrapartida, divertiam-se bastante os dois. Pelo menos, Annabelle não pedia coisas impossíveis.

Guardou o telemóvel e voltou a considerar todas as opções.

Por um lado, não se podia ir embora. Por outro, não podia ficar. Tinha um problema sem solução aparente. Um problema que piorou segundos depois, quando alguém lhe tocou no ombro e deparou-se com Grace.

– Calculo que já devas saber – disse ela.

Ele olhou-a com uma expressão recriminadora.

– Sim. Obrigado por me teres avisado – ironizou.

– Não se lembra mesmo de nada?

– A Laura acha que acabámos de nos casar. De resto, acha que hoje fazemos meses de casados.

– E como é que vais festejar?

– Não abuses, Grace.

Bishop dirigiu-se para o quarto de Laura. Sabia que teria de falar com Grace mais tarde ou mais cedo mas, de momento, precisava de apanhar ar. Se continuasse ali, era capaz de a estrangular.