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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2008 Barbara Hannay

© 2015 Harlequin Ibérica, S.A.

Herança de paixão, n.º 1142 - Maio 2015

Título original: Adopted: Outback Baby

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2009

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-6939-4

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Prólogo

 

Num dia de Verão, ao amanhecer, Nell e Jacob encontraram-se no seu esconderijo secreto junto da margem do rio, o único lugar seguro para a filha do chefe e o empregado contratado.

Chegaram por caminhos diferentes e prenderam os cavalos numa clareira. Nell estava nervosa e Jacob estava ansioso por conhecer as novidades, apesar disso, aproximou-se dela orgulhosamente, com a cabeça erguida e o passo firme através da bruma matinal, como se fosse o dono do mundo.

Nell viu-o parar a um metro dela enquanto os seus olhos cinzentos formulavam a pergunta silenciosa. Demasiado angustiada para falar, limitou-se a abanar a cabeça enquanto observava o movimento da garganta do homem ao engolir em seco.

– Então, estás grávida – indicou ele, com cautela.

– Tenho quase a certeza – Nell baixou o olhar para as mãos entrelaçadas. – Lamento – acrescentou, consciente pela primeira vez de que sentia um pouco de medo daquele gigante maravilhoso e curtido.

De repente, teve a sensação de que não o conhecia realmente, apesar das horas passadas junto dele em segredo durante as semanas longas e sufocantes das férias de Verão. Uma gravidez mudaria tudo. Transformaria algo lindo e perfeito num erro lamentável e obrigá-los-ia a considerar um futuro para o qual não estavam preparados.

Mas o que mais a assustava era a reacção do seu pai ao descobri-lo. O seu mau feitio era lendário. Nunca a perdoaria por ter ficado grávida e, para ele, só haveria uma opção.

– Os meus pais quererão que aborte – tremeu face à ideia e respirou fundo à procura de coragem.

– Mas, tu não quererás isso, pois não? – Jacob franziu o sobrolho.

Ela abanou a cabeça. Não suportava a ideia de se livrar do bebé que tinham concebido.

– Então, não o faças, Nell. Nem sequer penses nisso – ele estendeu umas mãos fortes e calosas para as dela e entrelaçou os dedos com os seus.

Junto deles, o rio murmurava alegremente e o cheiro a eucalipto impregnava pesadamente o ar.

– Lamento – sussurrou ela, novamente.

– Não o faças – Jacob apertou-lhe as mãos com doçura. – Não te desculpes.

As lágrimas queimaram os olhos de Nell. Sabia que as desculpas eram desnecessárias. Desde que Jacob e ela se tinham conhecido na mesma tarde em que ela voltara da universidade para Half Moon, a responsabilidade fora partilhada por ambos.

Descobrira-o a tratar dos cavalos do seu pai e o Cupido começara a lançar as suas setas pequenas e perigosas. A atracção mútua eclipsara tudo o resto, sobretudo a sensatez. Naquela primeira vez, nem sequer tinham tomado as precauções necessárias.

Jacob puxou Nell para ele e acariciou a cabeça da rapariga apoiada contra o seu ombro.

Ela adorava o cheiro almiscarado, quente e limpo do corpo dele... e algo muito masculino que não era capaz de identificar.

– Quererás casar-te comigo, Nell? – beijou-lhe a testa.

Ela deu um salto, sentindo ao mesmo tempo frio e calor. Rezara para ouvir aquelas palavras, agarrando-se em segredo à esperança de que Jacob desejasse aquele bebé... e estar com ela. Era a única maneira de poderem enfrentar os seus pais.

– Eu cuidarei de ti – com dedos trémulos, Jacob acariciou a face da mulher. – Prometo-te. Seguiremos em frente.

Certamente. Seguiriam em frente. Nell não tinha a menor dúvida. Jacob era um criador de gado brilhante, um cavaleiro brilhante, com um amor profundo pela terra. Não ia custar-lhe encontrar trabalho no Outback, o interior australiano. E não ia custar-lhe muito abandonar os estudos, nem ser pobre, desde que estivesse junto dele.

Os únicos problemas eram os seus pais.

Eram uns snobes tremendos. O único motivo pelo qual a tinham enviado para a universidade fora para que caçasse algum marido rico e, quando anunciasse que ia casar-se com o filho da cozinheira, ia rebentar a Terceira Guerra Mundial.

– Tens a certeza, Jacob?

– Nunca tive tanta certeza de alguma coisa, Nell – ele abraçou-a pela cintura e franziu o sobrolho como se fosse um assunto de vida ou morte. – Sei que não tenho grande coisa para te oferecer. Tu mereces um marido educado... e rico.

Os seus pais diriam exactamente a mesma coisa, porém, na boca de Jacob, parecia um erro. Nell abriu a boca para protestar, mas ele prosseguiu:

– Amo-te, Nell! Juro-te. E prometo cuidar de ti. Trabalharei arduamente. Conseguirei dois trabalhos. Ganharei dinheiro suficiente para ti e para o bebé e algum dia teremos a nossa própria terra. Uma propriedade enorme como Half Moon.

Parecia um deus grego, seguro e desafiante, e conseguiu fazer com que ela perdesse o medo.

– Amo-te – insistiu ele. – De certeza que já sabes.

– Sim – respondeu ela, enquanto sorria e lágrimas de felicidade caíam pelas suas faces ao abraçá-lo com força. – Amo-te tanto que me dói.

Nell inclinou a cabeça para trás e beijaram-se intensamente. Certa de que a força de Jacob a protegeria, agarrou-se a ele.

– Vai ser maravilhoso! – exclamou ela, enquanto sorria.

– Então, casar-te-ás comigo?

– Sim! Certamente.

– Sim!

O grito de júbilo de Jacob espantou um bando de pássaros. E, com outro grito, pegou em Nell ao colo e as gargalhadas fundiram-se com o som dos pássaros enquanto a fazia girar.

Iam casar-se. Constituiriam uma pequena família juntamente com o bebé. Ninguém ia poder impedi-los.

Antes de ela se enjoar, pô-la lentamente no chão, deslizando-a contra o seu corpo até encontrar a dureza que quase a fez rebentar em chamas.

Mais uma vez, as suas bocas fundiram-se com mais ansiedade do que nunca. Nell entregou-se de corpo e alma a esse beijo, tentando fazê-lo ver como o amava selvagem, intensa e profundamente.

As mãos de Jacob deslizaram sob a blusa, provocando-lhe calafrios deliciosos.

Bruscamente, a quietude da manhã do Verão foi quebrada pelo som de um estalo frio e metálico.

Ficaram gelados.

Nell sentiu a sacudidela do coração de Jacob contra o seu corpo enquanto se viravam.

O pai dela observava-os com o rosto congestionado de raiva, apontando uma espingarda para eles.