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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2001 Margaret Mayo

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

O marido milionário, n.º 871 - Março 2016

Título original: The Wealthy Husband

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2005

 

Reservados todosos direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7917-1

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S. L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Tinha os olhos mais irresistíveis que vira na sua vida; de um cinzento fumo, quase azul. As pestanas eram compridas e densas, a condizer com o negro do seu cabelo. Ele tinha concentrado imediatamente a sua atenção nela, e talvez devesse ter-se sentido adulada, a maioria das mulheres tê-lo-ia feito, mas ela, no entanto, sentira-se desconfortável.

Lara voltou-se e olhou para a sua tia, que observava como ela olhava para aquele homem.

– Anda. Eu apresento-vos – disse a sua tia. E, antes que Lara pudesse reagir, puxou-a pelo braço.

Os olhos cinzentos não deixaram de olhar para ela enquanto se aproximavam. O homem afastou-se do corrimão, ficou recto e esperou. Vestia roupa desportiva, com uma camisa aberta à altura do pescoço; mostrava um tronco musculado. A pele bronzeada fazia pensar que trabalhava ao ar livre. E era alto.

Lara não percebeu que era tão alto até estar à sua frente. Ela era alta, mas ele era bastante mais. Devia medir um metro e noventa aproximadamente. Um metro e noventa centímetros de massa muscular. Não era particularmente bonito, o que atraía nele eram os olhos, o que lhe parecia dar segurança. Devia saber que, com uns olhos assim, poderia conseguir qualquer mulher sobre quem os pousasse.

– Lara, quero apresentar-te Bryce Kellerman, meu amigo há anos, e ajudante para o que for preciso. Não sei o que faria sem ele. Bryce, esta é a minha sobrinha, Lara Lennox.

– Prazer em conhecer-te, Lara.

Lara desviou o olhar instantaneamente. Olhou para as suas mãos. Eram muito brancas, comparadas com as dele. Os dedos de Bryce tinham as pontas quadradas, as unhas perfeitamente arranjadas. Eram mãos fortes, grandes, mais habituadas aos trabalhos manuais do que a acariciar mulheres. Aquela ideia horrorizou-a, e afastou a mão.

Ele sorriu-lhe quando se apercebeu em que estava a pensar.

Para Lara era igual. Nenhum homem lhe interessava. Tinha sofrido bastante. A culpa fora dela, admitia-o, mas era um erro que não pensava repetir. E, se a sua tia tinha em mente fazer dela alcoviteira, estava muito enganada.

– Vou deixar que se conheçam – Helen sorriu contente.

A sua tia Helen tinha cinquenta e poucos anos. Era magra, loira, aparentava quarenta anos. Era viúva há dez anos, e Lara não compreendia por que não tinha voltado a casar.

Helen saíra de Inglaterra quando Lara tinha seis anos, fazia dezassete anos, e não voltara após isso, nem sequer quando o seu marido morrera. Não tinha filhos, mas tinha muitos amigos, e amava tanto Sidney, que dizia que nunca sairia dali. Mas mantivera sempre o contacto com a sua irmã, telefonando uma vez por semana. Quando Helen descobriu de que Lara se tinha divorciado, convidara-a imediatamente para passar um tempo com ela, se quisesse. Até lhe tinha enviado o dinheiro do bilhete de avião.

– E então? Gostas da Austrália?

A voz de Bryce Kellerman era tão profunda que fez vibrar os ossos de Lara, como se fossem as cordas de uma guitarra. Aquele homem transmitia vibração sexual por todos os poros. E como ela fugia do sexo como da peste, afastar-se-ia dele o mais que pudesse.

– Muito – respondeu Lara. – Embora mal tivesse tempo de formar uma opinião.

– Não faz muito calor para ti? – ele apoiou-se no corrimão. Parecia seguro de si mesmo. – Tens que ter cuidado.

Lara assentiu.

– É o que tenho feito.

Sempre que saía, punha protector solar, e usava um chapéu de palha. Era algo que a sua tia lhe tinha aconselhado assim que chegara.

– A tua pele faz lembrar as rosas inglesas.

– Aposto que dizes isso a todas as raparigas – respondeu ela secamente. Aqueles elogios incomodavam-na. Pareciam muito exercitados. Roger tinha sido um professor em galanteios.

– Só se for verdade, e é verdade no teu caso – afirmou ele, tocando-lhe na face com um dedo.

Um suave toque, e Lara teve a sensação de que a marcava como dele. Moveu a cabeça levemente, afastando-se.

– Não gostas que te toque? – perguntou como se não estivesse habituado àquela reacção.

– Não, por acaso não – Lara susteve o olhar, não fazendo caso à pulsação acelerada do seu coração.

– Vou tentar lembrar-me – disse ele, pouco convencido. – Sabes que és muito parecida com a tua tia?

– Mais com a minha mãe – assentiu ela. – São irmãs.

– O mesmo cabelo loiro… Os mesmos olhos azuis… A tua boca é um pouco mais generosa – ele sorriu. – Ia dizer «beijável», mas algo me diz que não gostarias, engano-me?

– Claro que não.

– O que é que te afasta dos homens?

– Quem te disse que me afasto dos homens? – ela ficou rígida. Era demasiado intuitivo.

– É evidente. A não ser que não gostes de mim. Há algo que eu não saiba? Ouviste falar mal de mim?

– Eu nem sequer sabia que existias até há uns segundos – respondeu ela.

Na verdade, teria sido melhor se não o tivesse conhecido. Havia algo nele que a fazia desconfiar. Pressentia que era o tipo de homem para quem as mulheres eram objectos de usar e deitar fora, sem ter em conta os seus sentimentos. Estava escrito nos seus olhos.

Ela era nova naquele ambiente. Tinham-lhe dito muitas vezes que era bonita, embora o espelho não lhe dissesse o mesmo. Era loira. Tinha as sobrancelhas muito altas, os olhos muito grandes, e uma boca excessiva, e incomodavam-lhe os galanteios falsos.

– E agora que sabes que existo? – perguntou ele com um sorriso breve.

– Acho que me vou embora. Preciso de falar com uma pessoa. Se me desculpares.

Mas Bryce Kellerman não estava disposto a deixá-la partir.

– Ainda não terminei – disse.

Lara franziu o sobrolho e olhou para a mão de Bryce no seu braço. Depois, olhou para ele fixamente e não lhe respondeu até que ele a soltou.

– A que te referes com isso? Não tinha dado conta que tínhamos começado algo.

– Helen quer que nos tornemos amigos – sorriu ele. – Seria uma indelicadeza decepcioná-la.

Lara levantou as sobrancelhas.

– A minha tia pode querer o que lhe apetecer. Sou eu quem escolhe os meus amigos. Não tem o direito de falar de mim.

– Não falou de ti.

– Então, como…?

– A tua tia pensa que está na hora de arranjar uma esposa.

– E suspeito que me quer arranjar outro marido – adicionou Lara.

De repente, começaram a rir à gargalhada.

– Acredito que pelo menos devíamos fingir que gostamos um do outro – sussurrou Bryce maliciosamente em voz alta.

– Vamos fazê-la feliz esta noite – assentiu ela.

– Não é preciso continuarmos com a farsa depois desta noite.

– Só esta noite então? – questionou ela.

Bryce assentiu.

– Vamos dar um passeio pelo jardim? – Bryce estendeu a mão.

Depois de hesitar um segundo, Lara deu-lhe a sua. Voltou-se e olhou para a casa. Helen estava a observá-los. Viu-a assentir com a cabeça em sinal de aprovação e, em seguida, desapareceram da vista. Eram duas almas juntas na escuridão da noite. Ouviam-se as vozes, a música, as gargalhadas de fundo, mas não viam ninguém, nem ninguém os via.

De repente, Bryce abraçou-a, e para seu horror, Lara excitou-se. Desde a ruptura do seu casamento, evitara os homens, e agora, porquê aquela reacção? Por que lhe afrouxavam as pernas? Por que se aceleravam as suas pulsações? Devia ser porque se sentia adulada. Que mulher não estaria com um homem com o magnetismo de Bryce Kellerman?

Mas ele enganava-se se pensava que a podia beijar. Era uma noite de lua cheia, mágica e sensual, quente, feita para o amor, mas não para ela.

– Esta é uma saudação tipicamente australiana? – perguntou ela, soltando-se. – Não sabia que ia cair nos braços de todos os homem que conhecesse.

– Desculpa – fez um movimento de cortesia com a cabeça. – Por que não nos sentamos e contas-me a história desse rapaz que te arruinou a vida? – levou-a para um banco que havia perto.

– Pensava que a minha tia não te tinha contado nada – respondeu ela.

– Helen é muito discreta. É apenas uma suspeita minha, mas muito certeira, a julgar pela tua reacção. Não deve ser um homem que valha a pena, se deixou escapar uma mulher tão bonita como tu.

Mais elogios! Lara sentiu vontade de o esbofetear.

– Na verdade, abandonei-o eu – disse ela.

Ao longe, do outro lado do rio, as luzes das casas brilhavam como se fossem estrelas gigantes. Não se ouvia nada, excepto o murmúrio de vozes que provinham da galeria. Era um lugar idílico, e ela não queria que aquele homem a fizesse falar de Roger.

– Quanto tempo estiveste casada?

– Três anos.

– Como era ele?

Lara olhou para ele.

– O que tens a ver com isso?

– É uma conversa terapêutica sobre os teus problemas.

– Eu não tenho nenhum problema. Excepto estares a incomodar-me com estas perguntas. Não quero responder.

Um sorriso fraco suavizou as duras linhas do rosto de Bryce. Fê-lo parecer mais próximo, mais compreensivo.

– Esse é o problema, Lara. Não libertas a tua dor. Falar ajuda. Há quanto tempo te divorciaste?

– Há quase quatro meses.

– Então, a ferida ainda está aberta?

Lara assentiu. Não olhou para ele. Não queria ver compaixão nos seus olhos. Recordou o dia em que tinha dito às suas colegas de escola que se queria casar com um homem rico.

Lara era a mais nova de cinco irmãos, e tinha sido criada pela sua mãe. Jurou-se não se ver na mesma situação. Soube o que era a pobreza, como a sua mãe lutara para chegar ao fim do mês. E dissera que aquilo não era para ela.

Depois de terminar os seus estudos, conseguira trabalho numa empresa de Relações Públicas, e fora ali que pusera os olhos em Roger Lennox.

Roger era o dono da empresa. Tinha muito dinheiro e até era atraente. O problema era que o sabia. Tinha todas as suas empregadas em seu redor. Desde o início, Lara soubera que ia ter que fazer algo diferente para que reparasse nela.

A sua oportunidade chegara um dia em que ela atravessava o estacionamento e vira o seu chefe sentado no seu descapotável cinzento metalizado.

– Boa noite, senhor Lennox – gritara-lhe.

– Oh! Ah… boa noite – respondera sobressaltado.

O seu carro não arrancava. Estava zangado e desconfortável ao mesmo tempo. Ela teria sentido o mesmo se tivesse tido problemas com um carro tão caro.

Ela voltou-se e perguntou:

– Posso ajudá-lo?

Roger era loiro e tinha olhos azuis. Tinha alguns quilos a mais, mas o seu encanto fazia com que as pessoas o esquecessem. As mulheres diziam que parecia um deus grego.

– Você? É uma mulher…

– Isso não significa que não perceba nada de motores – respondeu Lara.

Como tinha sido a única rapariga numa família de rapazes, passou a vida a observá-los montar e desmontar carros. E muitas vezes ajudara-os, quando a deixaram. Percebia de motores como um homem.

Roger Lennox franziu o sobrolho.

– Está a falar a sério?

– Claro. Abra o capô.

Ele, para sua surpresa, obedeceu-lhe, embora com o sobrolho franzido.

Quando Roger saíra do carro para ver o que ela estava a fazer, roçara acidentalmente a sua coxa, e Lara sentira o impacto da sexualidade daquele homem. Era o que tinham fantasiado todas as raparigas do edifício.

– Tem a certeza que sabe o que está a fazer?

– Se não, não lhe teria oferecido ajuda – respondeu ela, tentando dissimular a sua excitação.

Era atraente, sem sombra de dúvidas, e acelerara o batimento do seu coração. E, o mais importante, podia fazer parte da sua estratégia de se casar com um homem rico. As mãos de Lara tremeram enquanto inspeccionava o carro.

– Quer voltar a experimentar? – perguntou ela com uma voz sensual, cruzando mentalmente os dedos para que pegasse. Queria causar-lhe uma boa impressão, e não cair no ridículo.

O motor pegou assim que deu a volta à chave. Roger Lennox olhou para ela sem poder acreditar.

– O que fez?

Era óbvio que ele nunca tinha tentado arranjar o motor de um carro.

– O motor de arranque estava desligado.

– Estou impressionado. Não sabia que as mulheres entendiam destas coisas. Deixe-me levá-la a casa, é o mínimo que posso fazer.

Ela sentira-se triunfante. Aquilo correra-lhe melhor do que imaginara.

Lara soltara o capô, limpara as mãos com um lenço de papel, e sentara-se ao lado de Roger Lennox.

– Onde está? – a voz profunda de Bryce Kellerman interrompeu os seus pensamentos.

«Sentada ao lado de outro homem, a arruinar a minha vida», pensou Lara.

Roger Lennox enviara-lhe flores no dia seguinte, causando um redemoinho no escritório. Fora vê-lo para lhe agradecer o gesto, como sinal de boas maneiras, disse para si. E uma coisa levara a outra. Em pouco tempo convidara-a para sair. E casaram-se oito semanas mais tarde.

Conseguira realizar o seu sonho.

– Estava a pensar em Roger, no dia em que o conheci.

– Ah! – exclamou ele.

– Pensei que tinha conhecido o homem dos meus sonhos.

– Amor à primeira vista?

Não lhe podia dizer que o que a tinha apaixonado tinha sido a sua conta bancária. Era muito embaraçoso. Ouvira dizer que o dinheiro não trazia felicidade, e não acreditara, mas agora sabia que era verdade. Tinha cometido um erro estúpido.

– Foi o que acreditei.

– Então, o que é que correu mal?

«Mais perguntas», pensou ela. Se não tivesse cuidado, acabaria por lhe contar a sua vida toda. Nunca tinha conhecido um homem que demonstrasse tanto interesse.

– Várias coisas. Na verdade, ele era um pouco controlador – respondeu.

Era uma maneira de o dizer suavemente. Roger dirigira completamente a sua vida.

– E vejo que não és o tipo de mulher que goste de ser controlada – disse ele com um sorriso. – Na minha opinião, ninguém devia ser controlado. Eu nunca o faria, sobretudo a uma mulher. Gosto que se rebelem.

 

 

E Lara Lennox era uma mulher que se rebelava contra o que não gostava. Bryce adorava aqueles olhos que pareciam cravar-lhe punhais, como levantava o queixo orgulhosamente, o modo como o seu corpo ficava rígido e o rejeitava.

Ele queria vencer aquelas defesas. Queria demonstrar-lhe que nem todos os homens eram iguais. Felizmente o seu marido não a tinha reprimido por completo. Ela tinha tido a força suficiente para acabar um casamento que não funcionava.

Quando Helen o convidara para a festa, ele não sabia se queria conhecer a sua sobrinha. Helen era uma casamenteira sem remédio. Há anos que tentava encontrar-lhe uma esposa, e ele estava cansado do jogo dela.

Se alguma vez se casasse, queria ser ele a escolher a rapariga. Queria ter a certeza de que não se interessava por ele pelo seu dinheiro. Tivera algumas mulheres. Deixou-se enganar por uma cara bonita e um corpo desejável; até tinha estado prestes a casar-se uma vez, mas no último momento percebeu como era a rapariga na verdade. Começava a perguntar-se se todas as mulheres seriam iguais, se o que procuravam fundamentalmente era um marido rico e com êxito.

Aquela rapariga que estava sentada ao seu lado intrigava-o. Aquela mulher bonita que fugia dos homens era um desafio para ele. Não lhe mentira quando lhe dissera que a sua pele era como as pétalas das rosas inglesas.

Queria tocar naquela pele. Não tinha apanhado sol. Nunca sentira o calor sufocante daquele continente.

– Diz-me. Alguma vez foste casado?

Ele não queria falar sobre si próprio. Queria falar dela. Queria saber tudo. Helen fora muito vaga ao falar da sua sobrinha; e ela não parecia disposta a revelar-lhe nada.

– Não – respondeu Bryce. – Nunca encontrei a mulher adequada.

– A sério? Não compreendo – respondeu ela.

Queria aquilo dizer que estava interessada nele, apesar da sua aparente indiferença? Bryce sentiu uma subida hormonal repentina. Mas desanimou-se dizendo para si que não sabia nada sobre ela e que podia ser como as outras.

– Não foi porque não tivesse podido escolher. Simplesmente não houve nenhuma com quem quisesse casar.

– És muito exigente, não?

– Suponho que sim.

– E nunca encontraste a rapariga perfeita?

– Ainda não.

Talvez essa noite tivesse tido sorte. Se fosse parecida com a sua tia, ele não teria queixa. Helen era uma mulher maravilhosa, e muito carinhosa. O dinheiro não significava nada para ela. Sempre dissera que o que contava era a atitude e a personalidade de uma pessoa.

– Este lugar é muito bonito – comentou Lara. – Tão diferente dos que conheço. Eu vivo numa cidade pequena, sem rio, nem lagos perto. A água é tão relaxante. Não achas?

– Muitas pessoas pensam como tu – respondeu ele.

– E tu não?

– Sabes, quando vivemos num sítio, não o apreciamos.

– Eu nunca me cansaria disto, nem de Darling Harbour. A minha tia levou-me lá no outro dia. Não sei por que se chama assim, mas é um nome muito adequado. Não tinha vontade de sair daquele lugar…

– Ainda bem que gostas. Um dos nossos primeiros governantes, sir Ralph Darling, pôs-lhe o seu nome. Os aborígenes chamavam-lhe Tumbalong.

Teria gostado de a levar ali, mas sabia que era demasiado cedo. Lara tentava ser simpática pela sua tia. Mas depois daquela noite… Quereria voltar a vê-lo?

Pela primeira vez na sua vida, Bryce Kellerman sentiu-se inseguro.