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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2009 Barbara Hannay

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Mãe por acordo, n.º 1236 - Abril 2016

Título original: Expecting Miracle Twins

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2010

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7963-8

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Epílogo

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Capítulo 1

 

Mattie teve de sorrir quando chegou à entrada do seu novo lar. Não conseguia acreditar na sua sorte. O bloco de apartamentos era muito mais elegante do que tinha imaginado, com paredes pintadas de branco, portas azuis de estilo mediterrânico e varandas viradas para o mar.

O seu apartamento, o número três, ficava no rés-do-chão, de modo que não teria de subir escadas durante os últimos meses da gravidez. E Brutus poderia correr à vontade pelo jardim da entrada.

Enquanto estacionava o carro, viu um vaso de barro com gerânios no alpendre, como um sinal de boas-vindas. Já quase conseguia imaginar-se a viver ali. De manhã, pegaria no seu computador portátil e aproveitaria o sol enquanto trabalhava. E poderia ir passear com Brutus pelo porto, porque, se se colocasse em bicos de pés, quase conseguia ver a ponte de Sidney. Ia ser óptimo viver ali durante um ano.

Tudo na sua nova aventura a entusiasmava. Depois de falar com os médicos, e ver o projecto de todos os ângulos, sabia que estava a fazer o que devia. E, se tudo corresse bem, no fim do ano daria à sua melhor amiga o filho que tanto tinha esperado. Só era preciso que o implante do embrião corresse bem e tornar-se-ia mãe de aluguer.

A cantarolar, Mattie tirou Brutus da sua cesta e dirigiu-se para a porta...

Mas uma música tão estridente como o ruído de uma metralhadora saiu do número três e o sorriso feliz de Mattie desfez-se. Atónita, olhou para o cartão que vinha com a sua chave, mas não havia nenhum engano: o seu apartamento era o número três. Gina tinha-lhe dito naquela manhã, quando lhe dera a chave:

– É teu durante o tempo que precisares.

Estava tudo acordado. O proprietário do apartamento era Will Carruthers, o irmão de Gina, que estava a trabalhar numa mina na Mongólia, e, como Mattie se recusara a aceitar dinheiro por lhe fazer aquele favor, Gina falara com ele para que lhe emprestasse o apartamento.

A última coisa que Mattie esperava era encontrar ali outro inquilino e muito menos um que ouvia a música tão alta. Nervosa, agarrou Brutus com força, enquanto olhava para porta.

Teriam entrado ali «ocupas»? Estariam a dar uma festa?

Esteve prestes a voltar para o carro, mas o seu sentido de justiça prevaleceu. A justiça estava do seu lado.

De modo que, reunindo coragem, dirigiu-se para a porta e bateu.

E voltou a bater.

Finalmente, desceram o volume da música e, quando a porta se abriu, Mattie recuou.

O homem que apareceu à porta não tinha aspecto de «ocupa», antes pelo contrário. Mas parecia um pirata.

Pelo menos, foi o seu primeiro pensamento, sem dúvida, provocado pelo cabelo despenteado e pela barba por fazer... e por usar a camisa desabotoada, mostrando um peito bronzeado. Mattie tentou não olhar para aquele peito, embora fosse um exemplo de anatomia masculina muito vistoso.

– Deseja alguma coisa? – perguntou-lhe ele, apoiando um ombro na ombreira da porta.

Quando falou, Mattie deixou de pensar em piratas. Por um momento, deixou de pensar por completo. Tinha uma voz grave, masculina e densa, como uma sobremesa de chocolate.

– Acho que... Parece-me que houve um engano.

Ele arqueou uma sobrancelha escura.

– Desculpe?

– Parece que houve um engano. Este é o meu apartamento, o número três. Tenho de me instalar ainda hoje.

Ele olhou para o cão que tinha nas mãos e depois olhou para trás. E, pela primeira vez, Mattie viu a sua acompanhante, uma loira de pernas compridas, recostada no sofá, com um copo na mão.

– O que quer? – perguntou, sem muita amabilidade.

Sem responder, o homem virou-se para Mattie.

– Enviaram-na aqui de alguma imobiliária?

– Não, tenho um acordo privado com o proprietário. Ele sabe que vinha.

– E importa-se de me dizer o nome do proprietário?

Mattie olhou para ele, perplexa.

– Garanto-lhe que eu tenho o direito de estar aqui. Você tem?

Espantada, viu que o estranho se punha a rir. A loira levantou-se então do sofá e juntou-se a eles à porta, passando-lhe um braço pelos ombros.

– O que se passa, Jake?

– Uma pequena incursão – ele sorriu, com expressão divertida.

– Uma quê?

– Uma batalha territorial – disse o tal Jake.

– Houve um engano com o apartamento – insistiu Mattie, mostrando-lhe as chaves. – Supõe-se que ia mudar-me hoje mesmo. Tenho uma chave... Tem uma chave ou entrou sem permissão?

O homem cruzou os braços.

– Claro que tenho uma chave! Não acha que entrei à força, pois não?

– Ouça, eu tenho um acordo com os Carruthers...

– Foi enviada por Will Carruthers? – interrompeu-a ele, então. – Porque não me disse antes?

– Conhece Will?

– Claro que conheço! Trabalho com ele na Mongólia, é um dos meus melhores amigos.

– Ah... – murmurou Mattie, surpreendida. – Mas, então, suponho que ele saiba que está aqui.

– É claro! Disse-lhe que ia estar em Sidney uma semana e Will insistiu para que me hospedasse no seu apartamento.

– Uma semana?

– Cheguei anteontem.

Suspirando, Mattie olhou para Brutus, que olhava para ela, tentando lamber o seu queixo.

– Então, houve um engano.

Mas, se Will lhe tinha oferecido a sua casa, teria de procurar um sítio onde se hospedar durante uma semana...

– Lamentamo-lo por si – disse a loira, apoiando o queixo sobre o ombro do seu acompanhante.

– Não me disse se conhece Will.

– Conheço-o de toda a vida – Mattie suspirou. Embora não se tivessem visto muito nos últimos anos, pertenciam ao mesmo círculo de amigos de Willowbank, na Nova Gales do Sul. – A irmã de Will, Gina, é a minha melhor amiga. Foi ela quem me ofereceu que vivesse aqui durante um ano e Will sabe.

Jake franziu o sobrolho.

– Nesse caso, suponho que não haja razão para que se vá embora. Afinal de contas, há dois quartos.

Mattie abriu a boca e voltou a fechá-la sem dizer nada. Não lhe apetecia ter de procurar um hotel e aqueles dois só estariam ali alguns dias.

– De certeza que não se importa? Não quero incomodar.

– Não, claro que não! Além disso, eu não penso ficar muito tempo no apartamento – Jake virou-se para a rapariga. – Podemos ir almoçar enquanto a menina... Não me disseste como te chamas.

– Matilda Carey – disse ela, oferecendo-lhe a sua mão. – Mas toda a gente me chama Mattie.

– Jake Devlin – ele sorriu, apertando a sua mão.

– Prazer em conhecer-te, Jake.

Ele assinalou o terrier que trazia nos braços.

– Como se chama?

– Brutus.

– Ah, claro, assenta-lhe! – Jake riu-se. – É verdade, esta é Ange – disse depois, assinalando a sua amiga. – Queres que te ajude com as tuas coisas?

A sua amabilidade surpreendeu-a, mas, pela expressão dela, Ange não parecia estar contente.

– Não, obrigada, posso fazê-lo sozinha. Só tenho a gaiola do meu canário e duas malas.

– Um canário? – repetiu Jake, passando uma mão pelo cabelo. E o gesto fez com que os músculos do seu peito se mexessem tentadoramente.

Mattie ia explicar-lhe que tinha herdado o canário da sua avó, mas o peito dele distraiu-a.

– Jake – chamou-o Ange então, com tom de advertência. – Não íamos almoçar fora?

– Ah, sim, claro... – murmurou ele, abotoando os botões da camisa.

Quando os dois saíram da casa, Mattie entrou na sala e olhou à sua volta: sobre a mesa havia uma garrafa de vinho, vários copos e tigelas de frutos secos. Na cozinha, o lava-loiça estava cheio de pratos sujos e a porta da máquina de lavar loiça estava aberta, como se alguém tivesse estado prestes a enchê-la.

Ao fundo do corredor ficava a casa de banho e não a surpreendeu ver toalhas molhadas no chão e umas sapatilhas abandonadas. Mattie já tinha partilhado um apartamento e algumas das suas companheiras eram desarrumadas, de modo que estava mais ou menos habituada.

A divisão seguinte era um quarto com a cama por fazer, é claro. Os lençóis amarrotados contavam a sua própria história, tal como a garrafa de champanhe vazia sobre a mesa-de-cabeceira.

Um peso inexplicável no estômago de Mattie fê-la sair dali para chegar, finalmente, a um quarto arrumado ao fundo do corredor.

Era muito mais pequeno do que o quarto principal e da janela não se via o porto, mas, pelo menos, estava limpo. Além disso, certamente teria escolhido aquele quarto para deixar o outro para as visitas.

Claro que não teria muitas visitas durante aquele ano, pensou, enquanto saía para a rua para ir buscar as coisas ao carro. Gina e Tom viriam vê-la de vez em quando e também os seus pais, agora que lhes tinha passado o susto. Mas tinha acordado com Gina e Tom serem discretos sobre o assunto e o resto dos seus amigos não sabia muito bem porque é que viera para Sidney.

A decisão não fora tomada de ânimo leve. Os três sabiam que, se ficasse em Willowbank, não conseguiriam manter a gravidez em segredo e Gina fora suficientemente sensata para reconhecer que a sua vigilância constante incomodaria Mattie.

De modo que seria um ano um pouco solitário. Era o que tinha preocupado a sua psicóloga quando tinham falado do assunto, mas Mattie tinha conseguido convencê-la de que não era um problema. Como autora e ilustradora de livros para crianças, estava habituada a passar muito tempo sozinha.

– Tem parceiro? – perguntara-lhe a psicóloga.

Mattie contara-lhe que não havia nenhum homem especial na sua vida... embora não tivesse acrescentado que não havia há quase três anos.

– E se conhecesse alguém nos próximos meses?

– É apenas um ano da minha vida, não creio que vá conhecer alguém precisamente agora.

– Mas vai precisar de apoio.

– Os pais do bebé irão ver-me a Sidney e posso sempre telefonar ou trocar e-mails com os meus pais e os meus amigos.

A verdade era que Mattie costumava mais apoiar os outros do que pedir apoio. O seu impulso de ajudar tinha começado em criança e era tão vital para ela como respirar... e isso não ia mudar num ano.

 

 

Passava da meia-noite quando Mattie ouviu a porta e depois passos no chão de ladrilhos de terracota. Tinha esperado murmúrios e gargalhadas, mas a única coisa que ouviu foi uma pancada e um palavrão em voz baixa.

Os passos continuaram até ao quarto de Jake e Mattie tapou a cara com a almofada. Se Jake Devlin e Ange fossem divertir-se naquela noite, ela não queria ouvir nada.

 

 

Estava a lavar as coisas do pequeno-almoço quando Jake apareceu na cozinha na manhã seguinte, por barbear e com a expressão de um urso com dor de dentes, teria dito a sua mãe.

– Bom dia – cumprimentou-o.

Ele replicou com um gemido.

– Ainda há um pouco de chá, se quiseres.

Jake abanou a cabeça, olhando para a bancada reluzente.

– E a cafeteira?

– Ah, está aqui em cima... – Mattie abriu o armário onde tinha guardado a cafeteira depois de a ter lavado.

– Lavaste-a?

– Sim.

– E também limpaste a cozinha.

– Não importa, não demorei nada.

Ele abanou a cabeça com expressão de mau humor e Mattie perguntou-se se deveria sugerir uns ovos mexidos com bacon. Para a maioria dos homens, um bom pequeno-almoço era a melhor cura para a ressaca.

Mas tinha a impressão de que Jake Devlin lançaria um resmungo se se atrevesse a sugerir tal coisa. Além disso, que lho fizesse Ange. Certamente, a sua namorada continuaria na cama.

– Bom, vou-me embora. Tenho um compromisso esta manhã.

– Eu também.

– Ah... – Mattie respirou fundo. – Bom, pois... espero que corra bem.

Por um momento, pareceu-lhe que Jake estava prestes a dizer alguma coisa agradável, mas limitou-se a encolher os ombros, concentrando a sua atenção na cafeteira.

Mattie voltou para o seu quarto. Era-lhe indiferente que fosse insociável. Ir-se-ia embora em menos de uma semana e não lhe importava minimamente que sorrisse ou não. Se queria mostrar-se antipático, o problema era dele.

Quando passou à frente da porta do seu quarto, virou a cabeça porque não queria ver Ange... mas, quando olhou de esguelha, viu que a cama estava vazia. Evidentemente, a loira não tinha dormido com Jake, o que talvez explicasse o seu mau humor.