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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2006 Harlequin Books S.A.

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Um casamento muito especial, n.º 2079 - octubre 2016

Título original: The Valentine Bride

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2008

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-8892-0

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

– Imprimi o calendário de eventos para esta semana. O assunto City Lights… – Louise Valentine calou-se ao ouvir o seu telemóvel a tocar. – Tenho de atender esta chamada – replicou ela, desculpando-se em frente dos executivos da Nash Group que estavam reunidos ao redor da mesa de conferências. – Estou à espera de uma chamada do editor…

Mas, ao abrir o telefone, viu que não era o editor da revista que telefonava. Era Max.

Durante um instante, foi incapaz de pensar e de se mexer, mas ele sempre tivera esse efeito sobre ela. Transformava-a num molho de nervos com um olhar incerto, pois nunca sabia se ia beijá-la ou estrangulá-la. Visto que não podiam beijar-se, ela tentara manter a distância, até mesmo nos eventos familiares. Ambos tinham concordado em ficar nos extremos opostos da divisão.

Infelizmente, isso já não era uma opção e era evidente que Max gostava tão pouco da ideia como ela. Ele incomodara-se em encontrar algum tempo na sua agenda apertada para falar com ela sobre o marketing e a publicidade que deviam fazer ao grupo de restaurantes Bella Lucia, do qual ele estava a cargo.

Uma pena, porque ela também tinha uma agenda muito apertada. Não estava sentada à espera que o telefone tocasse. Pelo contrário, o telefone nunca parava de tocar. Era uma mulher ocupada.

Ela seguira em frente com a sua vida desde que Max a despedira do negócio familiar, deixando claro que ela era apenas um problema para o Bella Lucia.

Era verdade que durante as duas últimas semanas estivera a pensar no que faria se se transformasse na relações públicas e assessora de marketing do grupo de restauração Bella Lucia, mas o facto de ter de trabalhar com Max fazia com que o sonho se transformasse numa espécie de pesadelo.

– Louise?

Ela levantou o olhar e apercebeu-se de que todos estavam à espera dela. Fechou o telefone, desligou-o e tentou recordar o que estava a dizer. City Lights

– Como sabem, o City Lights ofereceu um número limitado de convites para a inauguração do restaurante de Londres no exemplar de hoje. Comida gratuita, música ao vivo e a oportunidade de socializar com gente famosa – levantou o olhar. – Alegrar-vos-á saber que a resposta foi tão boa que bloqueou o sistema do City Lights, uma história que se publicou na edição da tarde de numerosos jornais e que aparecerá nas colunas das edições de amanhã.

– Muito bem, Louise – elogiou Oliver Nash. – Com sorte, amanhã os bilhetes vender-se-ão no eBay por muito dinheiro.

– Se for assim, a sorte não terá nada a ver com isso – declarou ela.

 

 

Max ouviu o tom de voz frio de Louise no atendedor de chamadas. Ela sugeria que lhe deixassem uma mensagem e garantia que retribuiria a chamada o mais depressa possível.

Max fechou o telefone e pô-lo de parte. Porque é que Louise havia de se incomodar em retribuir a chamada? Porque havia de perder tempo a fazer o que ele desejava que fizesse? Tinham passado muitos anos, mas ela ainda não o perdoara por a ter despedido.

Como se tivesse tido outra escolha.

Um dos dois tinha de se ir embora e o Bella Lucia era o seu futuro, o único objectivo da sua vida.

Todos sabiam que Louise só passava tempo no restaurante de Chelsea até cumprir o sonho da sua mãe e casar com um homem com título nobiliário, de forma que podia passar o resto da sua vida a aparecer nas revistas enquanto uma ama se ocupava dos seus filhos…

Mas nem tudo fora culpa dela.

A verdade era que ele nunca conseguira pensar com clareza quando estava perto de Louise e tudo tinha piorado quando ela regressara depois de passar um Verão na Itália, com a sua silhueta cheia de curvas, os seus caracóis loiros e os seus olhos pretos.

Se não tivesse sido a sua prima…

Mas era. Família. O que significava que, depois da universidade, ela começara a trabalhar no restaurante, provocando uma situação inquietante que nunca se sabia quando podia rebentar.

O efeito que teve sobre os empregados foi bastante negativo, mas foi depois de uma discussão com uns clientes que Max não teve outro remédio senão despedi-la.

Podia ter estrangulado Jack por o ter posto naquela posição.

Durante o tempo que estivera em Qu’Arim, a montar o novo restaurante, tentara convencer-se de que o seu meio-irmão não sabia o que estava a dizer.

Era evidente que tinha razão a respeito da necessidade de ter uma boa relações públicas. O seu avô abrira o restaurante pela primeira vez numa situação diferente, durante o pós-guerra, e as pessoas iam degustar uma boa comida italiana num ambiente agradável. Mas tinham vivido demasiado tempo à custa da fama do passado. O negócio estancara. O restaurante de Qu’Arim era só o princípio de uma nova era de expansão, mas, para que funcionasse, precisariam de alguém que pudesse proporcionar-lhes uma imagem actualizada, moderna, como a dos melhores restaurantes internacionais.

Mas já não eram várias pessoas envolvidas naquele projecto.

O futuro da empresa estava agora unicamente nas suas mãos. Precisava de alguém. E o seu irmão deixara claro que precisava de alguém com o talento de Louise para assumir o desafio.

Precisava de Louise.

É claro, depois de ter largado a bomba, Jack regressara a Nova Iorque, deixando-o sozinho para convencer Louise a deixar tudo e a começar a trabalhar para ele.

Visto que fora ele que a despedira, era o seu trabalho convencê-la a regressar. Porque parecia que, naquele momento, Louise também precisava dele, mesmo que não quisesse admiti-lo.

Tinha consciência de que não seria fácil. Louise era uma relações públicas brilhante e estava a cargo de uma das cadeias de restauração mais prestigiosas do país. Conhecia toda a gente no negócio. E visto que a sua mãe pertencia a uma família da alta sociedade, relacionava-se com a elite.

Também era suficientemente inteligente para saber que o Bella Lucia precisava muito mais dela do que ela precisava do Bella Lucia.

De que ele precisava mais dela do que ela precisava dele.

Se a situação fosse ao contrário, se ele estivesse no seu lugar, não ouviria nenhuma palavra da sua boca até ela suplicar de joelhos.

Se se apresasse, poderia encontrá-la ao sair do escritório. Não seria tão fácil ignorá-lo cara a cara.

 

 

– És maravilhosa, Louise – Oliver Nash esperara que fechasse o escritório e acompanhara-a até à rua. – Vais permitir que te convide para jantar? Para poder agradecer-te como mereces?

– Receberás a minha conta no fim de mês, Oliver. Um pagamento rápido é todo o agradecimento de que preciso.

– Um dia destes far-me-ás feliz e dirás que «sim».

– Um dia destes direi que «sim» e assustar-te-ás. Vai ter com a tua esposa encantadora.

– Conheces-me demasiado bem – replicou ele e, ao baixar-se para a beijar na face, viu que Max estava a observá-los, apoiado no seu carro.

– Trocaste um jovem por um velhote, Lou? – perguntou-lhe Max.

Louise alegrava-se por a sombra disfarçar as suas faces rosadas. Ele só precisava de olhar ou falar com ela, para que algo perigoso a fizesse tremer.

Oliver arqueou as sobrancelhas e ela não teve outro remédio senão fazer as apresentações.

– Oliver, acho que não conheces o meu… – calou-se por um instante. Ainda estava a habituar-se à sua nova identidade. – Acho que não conheces Max Valentine. Max, Oliver Nash é um cliente prezado, o presidente da Nash Group.

– Comida rápida? – respondeu Max.

– Lucros rápidos – corrigiu Oliver, surpreendido ao ver que aquele jovem estava com ciúmes. – Como vai o negócio no sector da comida tradicional?

Louise conseguira recuperar a compostura e interveio com um sorriso enorme.

– Ver-te-ei amanhã, Oliver – despediu-se ela.

– Ficarás bem? Posso levar-te a casa.

– Louise e eu temos de falar de negócios, Nash – interveio Max e agarrou no braço de Louise. – Negócios de família.

Quase não tocava nela. Max nunca tocava nela se pudesse evitá-lo, não desde aquele Verão, antes de ela ir para a Itália, depois de tudo ter mudado.

Eles tinham mudado. E tinham começado a reparar um no outro de uma maneira que, para primos, era pouco decente.

Só que ela descobrira que não eram primos, que ela era adoptada…

Louise afastou o braço com cuidado e disse:

– O horário de escritório é das dez às seis, Max…

– São quase oito e tu acabaste de sair – indicou ele.

– Para os bons clientes, o horário de escritório amplia-se – disse Louise, referindo-se a Oliver.

– Amplia-se?

Ela ignorou a indirecta. Aquilo não dizia respeito a Max.

– Se quiseres falar de negócios, sugiro-te que amanhã telefones à minha secretária e marques uma reunião. Talvez na semana que vem tenha uma hora livre – virou-se para Oliver e replicou: – Obrigada pela oferta, mas não quero que te desvies por mim – beijou-o na face. – Ver-te-ei amanhã, na sessão de fotografias.

Nem Max nem ela falaram até o Rolls se afastar. Então, ela virou-se para ele e perguntou:

– Não te falta algo, Max?

– Uma relações públicas?

Ela abanou a cabeça.

– Referia-me às loiras que costumas ter ao teu lado. Suponho que têm nome, mas é difícil lembrar-me deles.

Louise alegrou-se ao ver como mordia a língua para não responder.

– Talvez esteja demasiado frio para que esse tipo de criatura saia à rua – acrescentou. – Ah, não. Acabei de me lembrar de que, na festa de Natal, estavas a seduzir Maddie, mas no final foi-se embora com Jack, não foi assim? O irmão que herdou as bons maneiras do teu pai.

– Segundo Jack, a única loira de que preciso neste momento és tu.

– A sério? Então, terás de insistir muito mais, não achas?

E depois dessas palavras, levantou a mão para parar um táxi. Ele abriu a porta e ela entrou.

– Desculpa, mas este táxi é para mim. Tu tens carro – recordou-lhe.

– Temos de falar.

– Tu tens de falar. Eu não tenho de ouvir. Apropriares-te do meu táxi não te servirá para conseguires o que queres – disse ela.

– E como conseguirei? – perguntou ele, sentando-se o mais longe possível dela.

– De maneira nenhuma. Tenho mais clientes do que posso ter. Porque havia de deixar tudo para trabalhar no Bella Lucia? Porque havia de gastar um minuto do meu tempo a ouvir-te?

– És da família, Lou. Isso devia ser suficiente.

– Da família? Não prestaste atenção, Max? Foi tudo um invento dos Valentine. Que fingiram ser os meus pais. Se estás à procura de uma ligação familiar, estás a falar com a pessoa errada.

– Não sejas ridícula! É claro que és família…

– Se vieste para me exigir fidelidade, terás de te esforçar mais.

– Exigir não…

– Segundo me lembro, ser família não foi suficiente para ti. Não serviu para me poupar a vergonha de ter sido despedida à frente de toda a clientela de um restaurante. Lamento muito, Max, mas não vejo qual é a vantagem de trabalhar contigo. Sou loira, mas não sou burra.

– Isso aconteceu há muito tempo, Lou.

– Sim, mas o que mudou? Continuas a tratar-me como uma estúpida que não sabe distinguir a mão direita da esquerda. Ofendes-me à frente de um cliente importante. Ignoras os meus desejos. Tenho uma notícia para ti: não sou uma criança, sou uma mulher adulta que criou um negócio bem-sucedido do nada, tal como William Valentine fez. Devias tentar alguma vez, talvez assim aprendesses a respeitar-me um pouco mais.

Ela engoliu em seco. Desejava não ter dito tal coisa. O Bella Lucia era a vida de Max. Ele trabalhava mais do que ninguém para conseguir o sucesso. E se o negócio piorara depois da crise financeira, não era porque ele o merecesse.

Acontecia sempre o mesmo. Quando estava com ele, perdia a cabeça e deixava de se comportar como uma mulher racional.

Inclinou-se para a frente.

– Pare, por favor!

O taxista parou junto da calçada, mas Max não se mexeu.

– Isto não acabará aqui, Lou. Queres que suplique de joelhos? É isso?

Aquilo era demasiado tentador, mas mesmo que Max se ajoelhasse não seria um gesto suplicante. Simplesmente, demonstraria que era melhor do que ela, que sabia perdoar e esquecer, algo que ela não conseguia fazer por muito que tentasse. Mesmo que se ajoelhasse à frente dela, o seu olhar continuaria a dizer-lhe que ele era o vencedor.

– A única coisa que quero – começou ela, – é que ouças o que vou dizer-te. Boa noite, Max!

Durante um instante, ela pensou que ele ia protestar. No entanto, sem dizer uma palavra, abriu a porta, saiu do táxi e entregou uma nota ao taxista.

Louise permaneceu dentro do táxi a tremer, odiando Max e odiando-se.

– Então? – perguntou o taxista. – Quer que continue? Não vai mudar de opinião e pedir-me para o seguir? Assim que dobrar a esquina estarei numa rua de sentido único e não poderei voltar.

 

 

Max sabia que se comportara como um imbecil e que recebera o seu castigo. O pior de tudo era que aquela não era a sua maneira de se comportar. Pelo menos, com outras pessoas.

Só de olhar para ela, transformava-se num homem incivilizado.

Talvez ela tivesse razão. Nada tinha mudado. Não foram capazes de trabalhar juntos anos atrás e o tempo não tinha feito com que a situação mudasse.

Ter-lhe-ia feito uma oferta, mas ela não estava interessada.

Parou e respirou fundo. Se alguém lhe tivesse oferecido algo parecido, ele também não teria ficado impressionado.

Perdera uma grande oportunidade. Pensara em convidá-la para uma bebida ou para jantar e, quando chegara ao seu escritório pouco depois das seis, pensara que correria tudo bem. Então, a secretária dissera que Lou estava numa reunião e que sairia mais tarde, mas que podia esperar por ela.

Decidira esperar por ela no carro, pensando que não demoraria muito. Mas não fora assim. Tivera tempo de sobra para recordar o que se passara na festa de Natal. Outra falha. Ele tinha de ter sabido que ela se sentia magoada. Com a sua idade, descobrir que era adoptada devia ter sido difícil.

Ele pensara em falar com ela, dizer-lhe que estava lá para o que o precisasse, mas então, ela aparecera com aquele vestido escandaloso acompanhada por um cretino musculado.

Por um lado, ele sabia que era a maneira de demonstrar aos seus pais que estava muito zangada com eles por lhes terem mentido e não podia culpá-la.

Por outro lado…

Abanou a cabeça. Sabia que devia ter feito um esforço. Telefonar-lhe, encontrar um momento para ela, dar-lhe a oportunidade de falar. Ambos tinham estado muito ocupados.

Estava a pensar nisso quando a vira sair do edifício com Oliver Nash e, minutos depois, comportara-se como um idiota.

Só Louise conseguia fazer que se comportasse assim.

Max tirou o telefone e telefonou a Louise. «Isto não é algo pessoal. Faço-o pelo Bella Lucia», pensou. Se conseguisse parar de pensar mal dela e começasse a tratá-la como uma profissional…

Ao ouvir o atendedor de chamadas, esperou e deixou-lhe uma mensagem.

– Louise, sei que estás ocupada. Quando tiveres tempo eu gostaria que me dedicasses um momento para falar sobre o futuro do Bella Lucia…

– Max… – ouviu-se a voz de Lou.

Ele olhou para o telefone, surpreendido. Não sabia que se podia atender uma chamada apesar de ter saltado para o atendedor de chamadas.

– Max!

Ele virou-se.

Louise estava atrás dele e as gotas de chuva molhavam o seu cabelo.

Saíra do táxi para ir atrás dele e ele não conseguia pronunciar palavra.

– Louise… estava a deixar-te uma mensagem.

– Ouvi-te. Falavas com muita amabilidade. Deves estar muito desesperado – ao ver que ele não dizia nada, olhou para o céu e perguntou: – E então? Vamos ficar à chuva ou tens algum plano?

– Uma bebida? Jantar? – perguntou ele. – Conheço um bom restaurante italiano em King’s Road.

– Jantar – concordou ela, – mas num sítio neutro. Não no Bella Lucia.

– Onde quiseres. Tu decides.

Louise escolheu um restaurante próximo do seu escritório, onde o pessoal os recebeu ardentemente. Max reconheceu que fora boa ideia ir lá, já que, se tivessem jantado em algum dos seus restaurantes, ele teria estado preocupado com tudo o que acontecia em seu redor.

Vira o seu pai a agir assim. O negócio sempre fora o mais importante para ele.

Ele tentava imitá-lo no negócio, mas não na sua vida pessoal.

Naquela noite, devia concentrar toda a sua atenção em Louise.

Não era difícil. Com dezassete anos, quando ela regressara da Itália, era espantosa. Depois, só melhorara e era fácil compreender que qualquer homem estivesse disposto a ficar aos seus pés. Ele não podia ser um deles.

– Como foi a tua viagem à Austrália? – perguntou ele. – A Melbourne, não foi? Gostaste? O que te pareceu?

– É uma maneira de me perguntares se seria um bom sítio para montar um restaurante Bella Lucia?

Max apercebeu-se de que estava a avisá-lo de que a família que ela acabara de descobrir não tinha nada a ver com ele. No entanto, ela era uma Valentine e toda a sua família era importante para ele.

– Sugeres que só sei pensar numa coisa? – perguntou Max.

Ela bebeu um pouco de água e não respondeu.

– Então, o que achaste de Melbourne?

– Acho que chegaste à conclusão de que gosto do Bella Lucia.

– Foi o que te deu de comer, deu-te protecção e permitiu que vestisses roupa de marca durante dois terços da tua vida – recordou-lhe ele. – Também foi o que pagou o apartamento que o tio John te deu quando decidiste que tinha chegado o momento de saíres de casa. Acho que devia importar-te um pouco, não te parece?

tabboulehhummus

– Houve uma época em que a comida árabe foi a mais sofisticada do mundo, Louise, e servia-se nas cortes medievais da Europa.

– A sério? Eu gosto. Conta-me mais.

– Falava a sério quando disse que te levaria lá. Eu gostaria que o visses com os teus próprios olhos.

– E depois de Qu’Arim? – perguntou ela, sem aceitar nem rejeitar o seu convite. – Até onde tencionas levar isto?

– Ao mundo todo? América, Ásia, Europa…

– Europa? Pensaste em Meridia?

– Evidentemente, está na lista.

– Sugiro-te que a ponhas no topo. O Bella Lucia fez o catering para a coroação e agora que a tua irmã é a rainha, os magnatas do mexerico lutarão para cobrir a notícia da abertura de um novo restaurante lá.

– Nós não gostamos de mostrar a nossa clientela na imprensa, Lou. Oferecemos-lhes privacidade.

– Está bem, poderias usar isso como um atributo. Fotografias da pré-abertura oferecendo imagens de algo que a maioria das pessoas nunca verá. Mistério, privacidade, o inalcançável. Ver um pouco de renda é sempre mais intrigante do que ver a nudez completa.

Max reparou na camisola de caxemira de Louise. Era decotada e oferecia uma promessa oculta. Não precisava de lhe explicar a beleza do inalcançável. Segundo recordava, sempre vivera com isso.