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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2008 Robyn Grady

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Uma noite para toda a eternidade, n.º 2164 - dezembro 2016

Título original: A Wild Night & A Marriage Ultimatum

Publicada originalmente por Silhouette® Books

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9218-7

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Capítulo Catorze

Capítulo Quinze

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

– Por favor, as jovens solteiras vão para o centro da sala. A noiva vai lançar o ramo!

Sophie Gruebella, cruzando as mãos sobre o regaço do seu vestido verde, olhou para o mestre-de-cerimónias e depois para as raparigas que arranjavam lugar para tentar apanhar o ramo da noiva.

Não, nada disso. Estava contente por a sua amiga ter encontrado o homem perfeito, visto Wendy e Noah fazerem um casal lindo… especialmente naquele momento, em que ele a beijava nos lábios e Wendy afastava a cauda do vestido, preparando-se para atirar o ramo às emocionadas jovenzinhas. Para Sophie fora um enorme esforço ir ao casamento; toda a gente sabia que a tinham deixado três meses antes. A sua auto medicação tinha consistido numa dose extra de qualquer coisa que contivesse chocolate e também num ciclo de comédias românticas em DVD, cujos finais felizes a deprimiam ainda mais. Engordara cinco quilos…

A humilhação e a dor de ser substituída por uma mulher mais jovem, mais magra e mais bonita começavam a ser suportáveis; felizmente já não estava apaixonada pelo Ted. No entanto, sendo uma pessoa mais tímida do que segura de si própria, aquele golpe fora devastador para a sua auto-estima. E a ideia de se poder voltar a apaixonar ou de se pôr na fila para apanhar um ramo de noiva, enlouquecia-a.

Ouvia-se uma musiquinha romântica na sala, decorada com toalhas de linho branco, flores e candelabros de vidro.

– Última oportunidade, meninas – anunciou o mestre-de-cerimónias. – Quem a apanhará o ramo? Quem será a seguinte?

Sophie suspirou. Seria ela algum dia tão feliz quanto Wendy e Noah o eram naquele dia? Poderia pôr em risco o seu coração novamente? Apesar de lhe custar admiti-lo, achava que não. E nenhum casamento, por grandioso que fosse, garantia um final feliz.

Enquanto pensava nisso tudo, uma atraente figura masculina passou à sua frente. Por momentos, a sensação de vazio desapareceu do seu estômago. Bonito, estilo 007, o homem deteve-se à sua direita. O casaco do smoking punha em destaque a largura dos seus ombros enquanto tirava do bolso o telemóvel. O homem, de expressão decidida, abanou a cabeça, olhou para o relógio e, depois de murmurar algo incompreensível, desligou.

Um telefonema de trabalho? Que estranho numa noite de sábado e a meio de um casamento. Sophie olhou à sua volta. A namorada devia estar no grupo das que estava à espera de apanhar o ramo. Os homens como ele tinham sempre namorada… e não espécimes anafadinhos, como ela.

Sophie afastou o copo.

Na verdade, estava na hora de se ir embora.

Mas quando guardava na mala alguns bombons de chocolate com forma de coração, ouviu um grito colectivo e, de repente, caiu-lhe algo ao colo. Sophie olhou para aquilo, atónita.

Como é que o ramo de Wendy podia ter caído ali? E, sobretudo, onde é que ela agora se podia esconder?

Com todos os olhos postos nela, Sophie encolheu-se na cadeira enquanto o mestre-de-cerimónias gritava:

– Bom lançamento, Wendy! Vamos dar uma salva de palmas para a tímida jovem.

Ouvindo os aplausos, Sophie tentou sorrir e até conseguiu acenar. Quando o espectáculo por fim terminou, as suas amigas Penny Newly e Kate Tigress aproximaram-se da mesa.

Penny, com um vestido de lantejoulas com um decote vertiginoso, fez um beicinho.

– Não entendo. Porque quererias tu apanhar o ramo?

Kate deu-lhe uma cotovelada.

– Não sejas má.

Penny fez uma careta e esfregou o braço.

– Só queria dizer que neste momento está solteira. É um desperdício.

Desde o liceu que Penny era conhecida pela sua cabeleira loira, volumosos seios e pela sua falta de tacto. Em todo o caso…

Sophie suspirou.

– Tens razão. Não acho que vá ser a próxima a casar-me.

Kate apertou-lhe a mão.

– Vais encontrar alguém, Soph. Vais ver. Um homem que será praticamente o teu gémeo.

– Achas que consigo arranjar um gémeo com estas gorduras a mais e com este cabelo?

Tinha que estar, de preferência, com um físico estupendo, claro.

Sophie deu-se conta nesse momento que o agente 007 cruzava uns braços impressionantes sobre o peito, igualmente impressionante. Onde andaria a namorada?

Como boa cabeleireira que era, Kate pegou-lhe numa madeixa solta.

– Que cabelo? Este cabelo é lindo. E se cortares um centímetro, mato-te. Devias mostrar aquilo que tens, em vez de esconderes.

– Quando a roupa te voltar a servir – interveio Penny, indelicada como sempre. – Enfim, sempre foste bastante bonita.

Enquanto Kate a fulminava com o olhar, voltava a ouvir-se a música, e os seus respectivos namorados, dois irmãos que tinham conhecido um mês antes, apareceram para as levar.

Sophie conteve as lágrimas. Não, não era a Miss Universo. Era verdade que nunca encontraria o amor mas havia também muita gente que nunca o encontrava. Talvez, em vez de tentar encontrar um marido, devia tentar encontrar-se a si própria.

E por certo não seria tão mau. Olhando para trás conseguia ver que a Sophie que estivera com Ted fora uma imitação da mulher que ela queria ser. Fora uma sombra que acedia a tudo e nunca contestava nada. Era a história da vida dela, na verdade.

Mas isso acabara. A começar naquele preciso momento. A última coisa de que precisava era de um marido que lhe impusesse limites e regras.

Decidida, Sophie levantou-se da cadeira. Estava farta de se preocupar com o que os outros pensavam.

Ainda não tinha dado dois passos quando alguém lhe pegou no braço. Surpreendida, virou-se e sentiu um aperto no estômago ao ver uns olhos azuis cravados nela.

O homem do telemóvel, dos ombros e do peito, pôs-lhe o ramo de noiva na mão.

– Deixaste-o cair.

Enquanto ela absorvia o calor dos dedos dele, a sua voz rouca fez-lhe vibrar todo o corpo. E quando olhou para a boca dele, o chão pareceu abrir-se sob os seus pés.

Por sorte, antes que fizesse alguma figura ridícula, o cérebro de Sophie decidiu começar a funcionar outra vez.

Estava apenas a ser amável ao devolver-lhe o ramo, pensou.

– Fica tu com ele. Para a tua namorada.

«Ou a tua mulher», pensou.

– Não tenho namorada – ele pegou no ramo e pousou-o numa mesa. – Na verdade, estava a perguntar-me se não quererias dançar comigo.

Sophie pestanejou, estupefacta. Dançar com ele? Dançar com o agente 007? Seria uma brincadeira? Mas quando o olhou nos olhos novamente, a vibração sexual que começara quando roçara a mão na dela começou a viajar pelas suas veias como um incêndio.

Presa àqueles olhos azuis, levantou um ombro e depois voltou a baixá-lo.

– Ia-me embora.

Ele pegou-lhe na mão.

– Então, por sorte, cheguei a tempo.

Quando chegaram à pista de dança, sem dizer uma palavra, pôs uma mão nas costas dela e começou a dançar.

Consciente que os seus pés se estavam a mover, como se estivesse programada para o acompanhar, Sophie começou a relaxar.

«Não fiques demasiado excitada. É só uma dança.»

– Tens um vestido muito bonito – disse ele, com a sua voz aveludada.

Com a face apoiada praticamente no ombro dele, Sophie relaxou um pouco mais o corpo sobre o dele.

– Há muito tempo que não o vestia – murmurou, tentando não pensar que parecia um monstro.

Mas ele tinha gostado do vestido, pensou. A sua sorte teria mudado? E até que ponto? Tinha a certeza de nunca o ter visto antes. Teria Noah mencionado aquele homem alguma vez? Seria algum colega do banco?

E porque estava a fazer-se tantas perguntas? Supostamente, tinha renunciado aos homens.

Lembrava-se vagamente de ter pensado algo nessas linhas…

– Um vestido de festa não é algo que se vista todos os dias.

Não, mas…

– O smoking assenta-te muito bem – atreveu-se a dizer.

– Não ia a um casamento há muito tempo mas limpo-lhe o pó de vez em quando – sorriu ele. – Foi um casamento bonito, não achas? A cerimónia, os brindes… a valsa.

Sim, foi tudo perfeito. Até o Rolls Royce que os levou ao copo-de-água.

– Deve ter custado uma fortuna – comentou Sophie.

– De certeza que o Noah acha que vale a pena.

– E a Wendy também.

Como os pais tinham falecido tiveram que ser os noivos a pagar todas as despesas. E só o vestido de noiva, de um costureiro, tinha custado um dinheirão.

– Não pareces muito convencida. Não achas que um casamento tradicional, com copo-de-água e bolo de noivos, mereça a pena?

Sophie apertou os lábios.

– A minha opinião não conta. Não é o meu dia.

– E se o fosse?

Ela conteve um suspiro. Deveria sentir-se entusiasmada pelo venturoso casal mas…

Uns minutos antes prometera a si própria sair da sua depressão e viver um pouco mais, apesar deste homem mistério, ainda tinha muito para fazer.

– Não sou a pessoa mais adequada para responder a isso.

– Por causa daquilo que a tua amiga disse há pouco?

Sophie sentiu um nó no estômago.

– Ouviste a conversa?

Ele levantou o sobrolho.

– Ouvi o suficiente.

«Quando a roupa te voltar a ficar bem. Sempre foste bastante bonita. É um desperdício.»

As faces ardiam-lhe de raiva e humilhação. Sophie fez uma careta. Devia ter um F de «Fracassada» gravado na testa.

– Foi por isso que me pediste para dançar? Porque tiveste pena?

– No princípio um pouco, até que te vi de perto.

Ela pestanejou. Aquilo era um elogio? A atracção que imaginava que havia entre eles seria real?

– E agora? – perguntou.

– Já respondi a essa pergunta. É a tua vez de responder à minha. Como imaginas o dia do teu casamento?

Sophie sentia-se como num sonho nos braços daquele homem mas não se podia esquecer que ele estava ali por pena.

A gordinha e desgraçada Sophie. Estava farta de se ver dessa forma, sempre preocupada com o seu aspecto e pela forma como os outros a viam… incluindo homenzarrões como aquele.

Queria um casamento tradicional?

– Até esta noite teria dito que sim – respondeu com toda a sinceridade. – Queria um casamento com um bolo tão grande quanto a conta.

– E agora não?

Sophie sorriu.

– A verdade é que sempre sonhei com um casamento na praia. Uma festa à qual as pessoas não tenham que ir vestidas formalmente e possam enterrar os pés na areia. Isto se algum dia me casar, claro.

– Não queres um marido e uma família?

– É tão estranho que uma mulher admita que não se quer casar?

– Francamente, é. São normalmente os homens, e não as mulheres, que fogem do altar.

– Estás a verbalizar as tuas opiniões?

Seria um don juan?, interrogou-se. Tinha todos os atributos necessários para o ser.

– A verdade é que tenho um casamento planeado para o futuro… com bolo de noivos e uma conta enorme.

Está bem, agora é que não entendia nada.

– Não tens namorada mas vais casar-te em breve?

– Fiz uma longa lista de requisitos. Simplesmente tenho de encontrar a mulher que os cumpra todos.

Sophie riu-se.

– Uma lista de requisitos? Estás a gozar, não?

O seu olhar sério dizia-lhe que não.

– Lido todos os dias com casais infelizes que se casaram sem saber que eram incompatíveis a longo prazo. Há uns anos fiz uma lista para um cliente, para o ajudar a não cometer o mesmo erro duas vezes.

E ela a pensar em limites! Quase chegava a ter pena da futura namorada dele! Que tipo de pessoa quereria controlar algo tão imprevisível quanto o amor?

– O que fazes, és psicólogo?

– Não, advogado. Especializado em divórcios.

– Um advogado com uma lista de requisitos para encontrar uma mulher? – a expressão dela, se não fosse tão simpática, teria sido de condescendência. – Nunca ouvi nada tão pouco romântico.

– Imagina um casal em disputa pela casa e o carro, e a usar as crianças como arma de arremesso. Amor impulsivo, casamentos frívolos… acabam frequentemente em frustração, remorsos e ódio.

Ela estava frustrada e triste depois do que acontecera com Ted e tinha sérios problemas em acreditar em finais felizes mas…