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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2007 Maureen Child

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

A sedução do chefe, n.º 2173 - dezembro 2016

Título original: Scorned by the Boss

Publicada originalmente por Silhouette® Books

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9227-9

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

Caitlyn Monroe bateu uma só vez antes de entrar no escritório do chefe. Como qualquer boa secretária, estava preparada para o que quer que fosse que a esperava. Uma besta furiosa e acorrentada esperando algo a que ferrar o dente? Provavelmente. Um gatinho? Com certeza que não. Nos últimos três anos, em que trabalhava para Jefferson Lyon, tinha aprendido que o chefe se parecia muito mais com a primeira das comparações do que com a segunda.

Jefferson estava acostumado a fazer a sua própria vontade. De facto, não aceitava que não fosse assim, o que o tinha transformado num homem de negócios de grande sucesso e um chefe que, em algumas ocasiões, se afigurava bastante difícil.

No entanto, Caitlyn estava acostumada. Levar a cabo as incontáveis ordens diárias de Jefferson era normal e, depois do que tinha ocorrido durante o fim-de-semana, estava mais do que disposta a enfrentar o dia a dia. A rotina. A normalidade. Agradava-lhe o facto de conhecer Jefferson tão bem. Sabia o que esperar e não se veria ofuscada por algo inesperado que se abatesse em cima de si sem avisar.

«Não, obrigada», pensou. Tinha acabado mais do que farta do ocorrido no sábado à noite.

Quando entrou no escritório, o seu chefe levantou o olhar só durante um instante. Caitlyn permitiu-se durante um momento admirar o que tinha diante dos olhos. A mandíbula de Jefferson era forte e quadrada. Os seus olhos azuis eram penetrantes, como se estivessem preparados para localizar qualquer tentativa de engano. O cabelo alourado, cortado e penteado muito à moda mais parecia uma juba. Jefferson Lyon fazia jus tanto em físico como em atitude ao animal do qual tomava o apelido. Podia-se dizer que era um pirata moderno com menos consciência no que se referia aos negócios do que o mesmíssimo Barba Azul.

A maioria das pessoas que trabalhava para ele fugia dele a sete pés. Só ao escutar o som dos seus passos por um corredor, muitos empregados desatavam a fugir. Tinha reputação de ser um homem muito duro e nem sempre muito justo. Não suportava os ignorantes, pelo contrário, esperava e exigia perfeição.

Até ao momento presente, Caitlyn tinha sido capaz de lha proporcionar. Dirigia o escritório e a maior parte da vida do chefe com mestria e profissionalismo. Como ajudante pessoal de Jefferson Lyon, esperava-se dela que se mantivesse firme face à atormentada personalidade do seu chefe. Antes de ela começar a trabalhar ali, Lyon tivera uma secretária diferente de dois em dois meses. Caitlyn, que era a mais jovem de cinco irmãos, estava mais do que acostumada a levantar a voz e a fazer-se escutar.

– O quê? – inquiriu ele, enquanto olhava para os muitos arquivos que tinha espalhado por cima da mesa.

«O normal», pensou Caitlyn, enquanto percorria o enorme escritório com o olhar. As paredes estavam pintadas de azul e nelas estavam pendurados vários quadros dos navios de Lyon no mar alto. Havia também dois confortáveis sofás defronte de uma lareira e uma mesa de reuniões no lado oposto da sala. Atrás da secretária de Jefferson, umas enormes vidraças proporcionavam uma maravilhosa vista do porto.

– Bom dia para si também – replicou ela, sem se amedrontar pelo cumprimento.

Tinha tido muito tempo para se acostumar. Quando começou a trabalhar para ele, ela tinha alimentado a tresloucada ideia de que seria quase como sua colega de trabalho. Que manteriam uma relação laboral que seria muito mais do que simplesmente acatar ordens constantemente. Não tinha demorado muito a perceber que não seria assim.

Jefferson não tinha colegas, somente empregados. Milhares deles. Caitlyn era simplesmente mais uma. No entanto, era um bom posto de trabalho e executava-o com eficácia. Além disso, sabia que Jefferson estaria perdido sem ela, mesmo que não fosse consciente disso.

Atravessou a sala e aproximou-se da secretária para deixar um papel em cima da montanha de pastas arquivadoras. Então, esperou que pegasse nele e o lesse.

– O seu advogado enviou o montante da Armada Morgan. Diz que parece um bom negócio.

Jefferson olhou-a e disse-lhe:

– Sou eu que decido se é um bom negócio ou não.

– Com certeza.

Caitlyn teve de morder o lábio para não lhe perguntar por que razão pedia a opinião dos seus advogados se não a queria. Não servia de nada e, francamente, nem sequer queria escutá-la. Jefferson Lyon ditava as suas próprias regras. Escutava certas opiniões, mas se não estava de acordo com elas, desdenhava-as e fazia o que ele considerasse que era mais acertado.

Bateu a biqueira do sapato preto contra a carpete azul. Enquanto esperava, olhou por cima de Jefferson para o mar, que se estendia naquilo que parecia ser uma eternidade. Observou os cruzeiros de passageiros junto dos navios de carga no porto. Vários daqueles navios mercantes mostravam com orgulho o estilizado e brilhante leão vermelho que era o logótipo da Armada Lyon. Os rebocadores dirigiam navios três vezes maiores para o mar. O tráfego era incessante sobre a ponte de Vincent Thomas e a luz do sol reluzia sobre a superfície do mar conferindo-lhe um aspecto de diamantes brilhantes.

A Armada Lyon operava em São Pedro, Califórnia, precisamente um dos portos com mais tráfego de todos os Estados Unidos. Daquele escritório, Jefferson podia girar-se e observar como os seus navios entravam e saíam do porto. Podia ver o dia a dia nas docas, mas ele não era o tipo de homem que passava o dia a admirar a paisagem. Bem pelo contrário, passava o dia de costas para a janela, com o olhar fixo em inúmeros papéis.

– Mais alguma coisa? – perguntou-lhe, ao notar que Caitlyn não tinha arredado dali.

Ela olhou-o e sentiu o mesmo sobressalto de sempre quando aqueles olhos azuis estabeleceram contacto com os dela. Imediatamente, pensou na conversa que tinha mantido com Peter, o seu já ex namorado, no sábado à noite.

– Tu não queres casar comigo, Caitlyn – tinha-lhe dito, abanando a cabeça enquanto tirava a carteira do bolso.

Caitlyn encarara-o com incredulidade.

– Mas tenho o teu anel posto – tinha retorquido ela, mostrando-lhe a mão esquerda, para o caso de se ter esquecido do solitário que lhe tinha obsequiado como sinal de compromisso seis meses antes. – Com quem achas tu que me interessa casar?

– Mas será que não é evidente? Cada vez que estamos juntos, o único que fazes é falar do Jefferson Lyon. O que fez, o que disse, o que está a planear…

– Tu também falas do teu chefe, Peter. Chama-se conversa.

– Não. Não se trata só de conversa. É ele, o Lyon.

– O que é que ele tem?

– Estás apaixonada por ele.

– Como dizes? Estás louco!

– Não me parece. Por isso, não me vou casar com uma mulher que, na realidade, deseja é outro homem.

– Óptimo.

Caitlyn tirou o anel de compromisso do dedo e colocou-o em cima da mesa.

– Aqui tens. Não queres casar comigo. Toma o teu anel, mas não tentes deitar-me a mim a culpa, Peter.

– Não entendes, pois não? Nem sequer és capaz de ver o que sentes por esse tipo.

– É o meu chefe. Mais nada.

– Sim? Continua a pensar assim – argumentou Peter, – mas, para que saibas, esse Lyon jamais te vai ver como outra coisa que não seja a sua ajudante. Olha para ti e só vê mais um móvel do escritório. Mais nada.

Caitlyn nem sequer soube o que responder a tal sandice. Tinha ficado assombrada por aquela conversa. O único que lhe tinha dito fora contar-lhe os planos de Jeff para comprar um cruzeiro e de como tinha decidido não ir à viagem para Portugal para ver como estava para o seu casamento. Então, a atitude de Peter tinha mudado totalmente e tinha decidido cancelar inesperadamente um casamento que ela andava a preparar há seis meses. Já tinham enviado os convites e estavam a começar a receber presentes. Tinham pago uma fiança para reservar um restaurante numa tenda em Laguna. Infelizmente, parecia que ia ter de cancelar tudo.

Por que demónios Peter tinha pensado que ela estava apaixonada pelo seu chefe? Pelo amor de Deus… Jefferson Lyon era um homem arrogante, orgulhoso e mais do que irritante. Por acaso era suposto que ela tivesse de odiar o seu trabalho? Esse detalhe teria tornado a vida mais fácil a Peter?

– Lamento que tenha acabado assim – tinha-lhe dito Peter, antes de partir. – Acho que teríamos feito um bom casal, os dois.

– Estás enganado sobre mim…

– Asseguro-te que ninguém mais do que eu gostaria que isso fosse verdade.

Posto isso, tinha desaparecido, deixando Caitlyn com um enorme vazio no seu interior.

– Caitlyn!

A voz de Jefferson devolveu-a imediatamente ao presente.

– Desculpe.

– Não é próprio de ti perderes a concentração.

– Eu só…

O quê? Realmente iria ser capaz de lhe dizer que o seu namorado tinha acabado com ela porque achava que ela estava apaixonada pelo seu chefe?

– Só o quê? – perguntou-lhe ele, depositando nela um olhar ligeiramente interessado.

– Nada.

Caitlyn não estava disposta a contar-lho. Certamente, teria de fazê-lo mais tarde ou mais cedo, dado que tinha pedido quatro semanas de férias para a lua-de-mel. Infelizmente, já não ia necessitar delas.

– Queria recordar-lhe que tem uma reunião às duas em ponto com o director da Simpson Furniture e um jantar com Claudia.

Jefferson recostou-se na enorme poltrona azul escura e disse:

– Hoje não tenho tempo para a Claudia. Cancela o jantar, está bem? E… Envia-lhe o que quer que seja.

Caitlyn suspirou. Já estava a imaginar a conversa que ia manter com Claudia Stevens, a última de uma longa fila de lindas modelos e actrizes. Claudia não estava acostumada a que os homens não caíssem rendidos aos seus pés para a adorarem. Queria a atenção plena de Jefferson Lyon e nunca ia consegui-la.

Caitlyn tinha imaginado que ocorreria algo assim. Jefferson cancelava sempre os seus encontros. Ou, melhor dito, mandava Caitlyn cancelá-los em seu nome. Para Jefferson, o trabalho estava sempre em primeiro lugar e a vida pessoal ficava num segundo plano. Em três anos, nunca o tinha visto sair com uma mulher durante mais de seis semanas… e as que lhe duravam tanto tempo eram um caso excepcional.

Peter estava tão enganado com ela… Jamais poderia apaixonar-se por um homem como Jefferson Lyon. Simplesmente não havia futuro.

– Ela não vai gostar nada.

Jefferson lançou-lhe um rápido sorriso.

– Daí o presente. Alguma jóia.

– Está bem. Ouro ou prata?

Jefferson endireitou-se, agarrou na caneta e pegou noutra pilha de papéis que chamavam a sua atenção.

– Prata.

– Em que estaria eu a pensar? – murmurou. Naturalmente, a dama em questão não mereceria nada de ouro até a relação não ter atingido pelo menos três semanas. – Eu trato de tudo.

– Tenho plena confiança em ti – disse enquanto ela dava meia volta para sair. – Outra coisa, Caitlyn…

Ela deteve-se de repente e voltou-se para olhar para ele. Então percebeu que os raios de sol se filtravam através dos vidros fumados da vidraça e lhe refulgiam no cabelo. Franziu a testa perante aquele estranho pensamento.

– Sim?

– Não quero que ninguém me interrompa hoje. À excepção da reunião das duas. Não quero ser incomodado.

– Com certeza.

Com isto, dirigiu-se para a porta e saiu do escritório. Quando a tinha fechado, apoiou-se contra ela.

Tinha conseguido. Tinha conseguido superar a reunião com o chefe sem ceder à estranha sensação que tinha no estômago. Sem que lhe tremessem os olhos nem a voz. Tinha conseguido manter-se firme e falar com Jefferson sem deixar que se notasse a situação pela qual estava a passar.

Afinal de contas, o facto de ter sido abandonada pelo namorado não significava que a vida tal e como ela a conhecia tivesse deixado de existir.

 

 

Jefferson esteve a trabalhar o dia todo. Por fim, consultou o relógio aproximadamente às seis. Nas suas costas, o sol estava a tingir o céu de vermelho enquanto ia desaparecendo no mar, mas não se deteve para o contemplar. Havia muitas coisas das quais ainda tinha de tratar, sendo a mais importante a nova oferta pelo cruzeiro de passageiros que ia comprar. A carta que a acompanhava fez-lhe apertar imediatamente o botão do intercomunicador.

– Caitlyn, preciso que venhas aqui.

Ela abriu a porta um minuto mais tarde, com a mala já ao ombro, como se Jefferson a tivesse chamado precisamente quando estava de saída.

– De que se trata?

– Disto – disse, colocando-se de pé e atravessando o escritório. Mostrou-lhe a carta. – Lê o segundo parágrafo.

Jefferson observou como ela enfiava uma madeixa de cabelo loiro atrás da orelha enquanto lia a carta. Também observou como a expressão do seu rosto mudava ligeiramente quando leu o erro que ele tinha descoberto há tão só uns instantes. Aquilo não era próprio de Caitlyn. Era a melhor secretária que alguma vez tinha tido. Caitlyn simplesmente não cometia erros. Essa era uma das razões pela qual se davam tão bem. Os assuntos corriam bem. Sem surpresas. Tal como ele gostava. O facto de Caitlyn começar a cometer erros alterava-o profundamente.

– Remediá-lo-ei imediatamente – disse ela, levantando o olhar por fim.

– Óptimo. No entanto, o que mais me preocupa é que o erro se tenha produzido. Oferecer quinhentos milhões de dólares por um cruzeiro pelo qual eu já tinha acedido a pagar cinquenta não me parece muito aceitável.

Ela exalou um suspiro que lhe revolveu o cabelo sobre os seus grandes olhos castanhos.

– Eu sei, mas asseguro-lhe que mais ninguém viu isto, Jefferson. A oferta ainda não tinha sido enviada.

– Poderia ter sido assim.

– Mas não foi.

Jefferson cruzou os braços e olhou-a. Apesar de Caitlyn usar uns saltos muito altos, ela resultava quase quinze centímetros mais baixa do que ele, que ultrapassava o metro e oitenta de estatura.

– Isto não é próprio de ti.

Caitlyn voltou a suspirar e admitiu:

– Eu não redigi esta carta. Foi a Georgia.

A impaciência despertou dentro dele. Era o tipo de homem que esperava dos empregados a mesma classe de perfeição que de si mesmo. Como sua secretária, Caitlyn era responsável por todos os documentos que saíam do seu escritório. O facto de estar a delegar trabalho noutras secretárias incomodava-o profundamente.

– E porque foi redigido pela Georgia? Não me parece que essa mulher seja muito competente.