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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2007 Maureen Child

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

A cativa do milionário, n.º 2208 - janeiro 2017

Título original: Captured by the Billionaire

Publicado originalmente por Silhouette® Books

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9408-2

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

– Ai, meu Deus, estou trancada – Debbie Harris sacudiu as grades da cela com as duas mãos, impotente; o rugir do metal fez eco à sua volta. – Sou uma delinquente. Vou ter antecedentes penais.

«Muito bem, Deb», disse a si mesma. «Tem calma. Tudo isto é um erro e vai-se solucionar já, já. Não estás na prisão, mulher».

De facto, a cela mais parecia um quarto de hotel do que uma cadeia. As paredes estavam acabadas de pintar de branco e a cama, coberta por uma bonita colcha de xadrez vermelho e branco. Além de uma mesa e uma cadeira, atrás de um biombo ficavam a retrete e o lavatório. A cela contígua estava vazia e, atrás de uma porta fechada, ficava o gabinete do chefe da esquadra.

Debbie fulminou a porta com o olhar porque não podia fulminar ninguém. O homem que a havia encerrado ali mostrara-se amável mas não parecia interessado em ouvir o que tinha para dizer. Simplesmente fechou a porta deixando-a sozinha, perguntando-se que raios tinha sucedido para que acabasse ali.

No lado de lá da janela, também com grades, o céu tropical era de um azul brilhante e os raios de sol caíam formando desenhos dourados sobre o chão de cimento.

Debbie apoiou a cabeça nas grades e fechou os olhos, tentando recordar como tinha ido parar àquela cela.

Depois de quase quatro semanas no fabuloso hotel Fantasias, tinha feito as malas para se dirigir ao diminuto aeroporto da ilha. Voltava para casa, para a sua vida em Long Beach, Califórnia. De onde, estava visto, não deveria ter saído.

Estava na fila da alfândega juntamente com outros clientes que abandonavam o hotel nessa manhã. Inclusive numa ilha privada e diminuta, tinham de revistar as malas e os seus proprietários tinham de passar pelo detector de metais.

Mas quando chegou a sua vez com o agente alfandegário tudo começou a correr mal. Debbie tinha visto como, enquanto verificava o seu passaporte, os seus sorridentes olhos castanhos se escureciam. O homem olhou-a, comprovou de novo o nome e enrugou a testa.

Interessante que, apesar de saber que não tinha feito nada de mal, imediatamente se sentisse como uma delinquente. E quando o agente fez um sinal a um homem fardado para que a retirasse da fila, Debbie começou a ter medo de verdade.

– Que se passa? – perguntou, fitando o guarda de segurança que lhe tinha pegado no braço. – Há algum problema? Pode dizer-me o que está a suceder?

Ele não respondeu até estarem longe dos demais. E agora todos deviam pensar que era uma terrorista ou algo parecido.

– É Deborah Harris?

– Sim – Debbie tentava não olhar para ninguém, mas sentia os olhares de todos cravados nas suas costas.

Levantando o queixo, endireitou os ombros olhando directamente para o homem que a questionava, tentando defender a sua dignidade.

Tarefa nada fácil quando se estava morta de medo.

Gostaria de começar aos gritos: «Sou inocente!», mas tinha a impressão de que ninguém lhe ia dar crédito.

– Parece que há um problema com o seu passaporte – disse-lhe o guarda.

– O quê? Um problema? Que problema? Estava bem quando cheguei aqui…

– Só lhe sei contar o que me disseram os da alfândega.

– Isso é ridículo – Debbie tentou tirar-lhe o passaporte, mas ele desviou-o. Muito bem, aquilo estava a ir de susto a pânico. – Vejamos, não sei o que se passa, mas eu não fiz nada de mau e tenho de apanhar um avião.

– Receio que hoje isso não seja possível – disse o homem. – Se não se importa de me acompanhar…

Não era um convite.

Era uma ordem.

Debbie desejou ter saído do hotel Fantasias uma semana antes, com as suas amigas Janine e Caitlyn. Se as amigas estivessem com ela não teria tanto medo. Janine teria proferido alguma das suas piadas e Caitlyn estaria a sorrir sedutoramente ao tipo da alfândega. Entre as três, teriam solucionado aquilo num ápice.

Mas as suas amigas estavam em casa a fazer planos de casamento. As três tinham estado prometidas e tinham sido abandonadas durante o ano anterior, de modo que tinham decidido gastar o dinheiro que tinham andado a poupar para os respectivos casamentos que não tinham tido lugar num capricho. E tinham-no passado lindamente até que o trio tinha começado a separar-se por causa da chegada do amor às vidas de Janine e Caitlyn.

Caitlyn tinha terminado noiva do próprio chefe do qual tentava fugir na ilha e Janine… Debbie suspirou. Tinha falado com Janine no dia anterior e, pelos vistos, o seu amante britânico tinha-a seguido até Long Beach para pedir a sua mão.

Janine estava a ponto de se mudar para Londres; Caitlyn andava a organizar o casamento com que a sua mãe sempre tinha sonhado e, aparentemente, ela estava prestes a ser presa.

Estupendo. As suas amigas tinham encontrado o amor e a ela iam tirar-lhe fotos de frente e de perfil.

A vida era injusta.

– Tem de ser um erro – disse, cravando os saltos no chão quando o homem, com um brilhante uniforme branco, tentou levá-la para a porta do terminal. – Se não se importa de voltar a conferir…

– Não há qualquer erro, senhorita Harris.

Era um homem alto, com a pele cor de café com leite e uns olhos castanhos que a olhavam como se fosse um insecto interessante.

– Tem de vir comigo.

– Mas as minhas malas… – Debbie olhou por cima do ombro.

– Serão retiradas do avião, não se preocupe – o homem prosseguiu o seu caminho, sem lhe soltar o braço não fosse tentar fugir.

– Sou uma cidadã norte-americana – recordou ela, esperando que essa informação servisse de alguma coisa.

– Sim – assentiu o guarda, ajudando-a a subir para um jipe. – Eu sei.

Debbie considerou a ideia de saltar do jipe quando estivesse em andamento, mas aonde podia ir? Estavam numa ilha. A única forma de sair dali era de barco ou de avião.

– Pode-se saber o que foi que fiz? Pode dizer-me isso pelo menos?

O homem negou com a cabeça.

– Tenho de informar os meus superiores. Eles decidirão o que se deve fazer.

– Quem são eles?

Sem se incomodar a responder, o guarda tinha apanhado a estrada que conduzia à praia onde estava situado o hotel Fantasias. O vento na cara fazia-a chorar dos olhos, mas Debbie sabia que estava a ponto de chorar de verdade. Tinha as mãos suadas e doía-lhe o estômago.

Estava sozinha.

E não fazia a mínima ideia do que se ia passar.

Suspirando, voltou ao presente, olhando em redor e lutando contra o medo que começava a apoderar-se dela. Tinham passado duas horas desde que a tinham encerrado na cela e desde então não tinha visto ninguém. Nem a tinham deixado telefonar para ninguém.

Que leis se aplicavam naquela ilha privada? Tinha algum direito? Ninguém lhe falava, a ninguém parecia importar-lhe que estivesse encerrada ali.

– Poderia morrer aqui – murmurou, olhando para a cela como se fosse uma masmorra com grilhões dependurados de paredes cobertas de mofo. – Ninguém saberia. Ninguém se perguntaria o que me sucedeu e…

Deteve-se abruptamente, tentando controlar a sua imaginação.

– Pelo amor de Deus, Deb, não enlouqueças. A Janine e a Cait sentirão a tua falta. Não estás no fim do mundo e não és a prisioneira de Zenda. Isto é um erro e em breve te deixarão sair.

Parecia muito segura de si.

Oxalá estivesse.

Então chegaram-lhe vozes vindas do escritório. Falavam em voz baixa, mas ao menos já não se sentia como a única sobrevivente em todo o planeta.

– Olá? Olá? – Debbie agarrou as grades sacudindo-as violentamente. – Quem está aí? Necessito falar com alguém!

A porta abriu-se então e ela respirou profundamente. Ia ser firme. Insistiria em falar com o proprietário da ilha para que a deixasse partir. Estava farta de queixas. A partir daquele momento, estava pronta para a batalha. Há anos que tratava de si e não era o momento de se render.

Debbie preparou-se para o que fizesse falta. Ao menos, pensou que estava preparada. Mas, como poderia estar pronta para ver o homem que cruzou o umbral da porta, olhando-a com uns frios olhos verdes?

Envergava umas calças negras e uma camisa branca. O cabelo castanho claro com reflexos louros do sol chegava-lhe quase até aos ombros e, quando sorriu, Debbie sentiu uma onda de calor que não sentia há quase dez anos.

– Gabe? – sussurrou, sem acreditar no que os seus olhos viam. – Gabriel Vaughn?

– Olá, Deb – disse ele, a voz tão masculina como a recordava. – Há muito que não nos víamos.

Ela pestanejou, recordando imagens do passado que partilhara com Gabe. Não podia evitá-lo. Tê-lo à frente era suficiente para apagar os dez anos que tinham passado e recordar a última noite que tinham passado juntos.

A noite em que lhe pediu que se casasse com ele.

A noite em que ela tinha dito que não.

Agora, os seus passos sobre o solo de cimento soavam como trovões. Quando se chegou à cela, a luz do sol que entrava pela janela deixou o seu rosto na sombra.

– Parece que te meteste num bom sarilho, Deb.

– Estou a ver que sim – admitiu ela, – mas isto é um erro. Eu não fiz nada de mal…

– Não?

– Pois claro que não – respondeu Debbie. Não lhe agradava nada o tom de Gabe, como se estivesse a perguntar-se em que tipo de delinquente se tinha convertido. – Pelos vistos há um problema com o meu passaporte, mas não quiseram dizer-me qual e trouxeram-me para aqui para falar com o proprietário da ilha, mas ele ainda não veio e já cá estou há duas horas e…

Ele apoiou um braço nas grades e olhou-a com um brilho trocista nos olhos.

– O que fazes aqui, Gabe? – perguntou Debbie, que começava a albergar certas suspeitas.

– Aqui na ilha ou aqui na cela?

– Aqui – repetiu ela. – O que fazes aqui?

– Quando há algum problema, chamam-me para o resolver – respondeu Gabe.

– Ah.

Parecia tão calmo… pois claro que estava calmo, não era ele que estava dentro de uma cela.

– És o chefe de polícia ou algo assim?

– Algo assim – sorriu Gabe. – Na realidade, não há propriamente um corpo de polícia na ilha. Só uma equipa de segurança. Se damos com um delinquente, retemo-lo até que possamos enviá-lo de ferry para as Bermudas. Mas as questões sem importância solucionamo-las nós próprios.

– E eu o que é que sou? – perguntou Debbie. – Uma questão sem importância ou uma candidata à viagem de ferry?

– Isso é algo que teremos de descobrir, não é?

– Gabe – disse Debbie então, – tu conheces-me. Tu sabes que não sou uma delinquente.

– Há dez anos poderia ter dito que te conhecia. Pelo menos, julgava conhecer-te…

Não terminou a frase e Debbie soube que estava a recordar a última noite que passaram juntos, dez anos antes. Quando ela o tinha rejeitado apesar de o amar loucamente. Tinha-o deixado quando o seu corpo reclamava a gritos estar com Gabe.

– Ouve…

– Mas agora – prosseguiu ele, – quem sabe? Já passou muito tempo, Debbie. As pessoas mudam. Se calhar converteste-te numa ladra de luvas brancas.

– Nada disso.

Gabe encolheu os ombros.

– Ou te dedicas ao contrabando.

– Mas o que é que estás para aí a dizer…?

– Olha, o importante é que não vais a sítio nenhum até que o proprietário da ilha diga que podemos soltar-te. Ele é que faz as leis por aqui.

Debbie apertou as grades. Não ia receber ajuda do seu ex-namorado, evidentemente. Podia ver nos seus olhos que não estava contente por voltar a vê-la. Pois muito bem. Remediaria a situação sozinha. O único que necessitava eram cinco minutos com o misterioso dono da ilha e poderia convencê-lo para a deixar ir. Mas ajudá-la-ia muito que Gabe lhe desse informação sobre a pessoa com a qual se teria de enfrentar.

– Com que então não há corporação de polícia na ilha, nem juizes… só um homem rico que é o dono deste pequeno universo, não?

– Isso mesmo.

– Como um senhor medieval?

– É isso que ele acha.

Gabe sorriu e Debbie tranquilizou-se um pouco. Gabe era uma boa pessoa. Ainda que as coisas entre eles tivessem terminado mal, tinha a certeza que não a deixaria na mão.

Embora continuasse na cela.

– Fabuloso – murmurou, angustiada. – É uma pessoa razoável?

– Depende do que tu lhe disseres.

– Pelo menos diz-me como é. Tenho de saber o que posso esperar.

Ele sorriu e os seus olhos verdes escureceram até parecerem da cor de um bosque sombrio.

– Acho que terás de permanecer no Fantasias durante um tempo, Deb.

– O quê? Não posso ficar aqui. Tenho uma vida, um trabalho. Responsabilidades.

– E tudo isso terá de esperar até teres permissão para sair daqui.

Debbie soltou um sopro.

– Até me ser permitido sair daqui? O que dizes? Achas que o proprietário da ilha pode reter-me?

Gabe encolheu os ombros, como se não se importasse.

– És tu que estás na cela. O que achas?

– Não me pode reter aqui! Não pode sequestrar pessoas e…

– Não te sequestrou – recordou ele. – Tu acompanhaste o guarda por decisão própria.

– Porque ele não me soltava é o queres dizer! E, de todas as formas, agora quero partir.

Gabe sorriu, mas nos seus olhos continuava a haver sombras.

– Ouve, Deb, foste tu que me ensinaste que nem sempre se consegue o que se quer.

– Isto não tem nada que ver connosco – protestou Debbie, irada. – Mas vejo que continuas zangado comigo pelo que se passou. E se quiseres que te diga que lamento, muito bem, lamento. Eu não queria fazer-te mal…

Ele soltou uma gargalhada.

– És assombrosa, Deb. Realmente pensas que continuei a pensar em ti durante estes dez anos?

– Não, mas…

– Até apareceres por cá não tinha voltado a pensar em ti.

Caramba. Isso não tinha sido muito agradável. Debbie não gostou de saber que não tinha voltado a pensar nela, mas o que podia esperar? Tinha passado muito tempo. Que ela tivesse passado muitas noites perguntando-se o que seria de Gabe ou se teria cometido um erro ao deixá-lo, não significava que ele sentisse o mesmo.

Afinal, tinha sido ela a deixá-lo a ele. Porque pretendia Gabe recordar que lhe tinha partido o coração?

– Mas tens razão sobre uma coisa – prosseguiu ele. – Isto não tem nada a ver connosco.

– Muito bem – Debbie soltou as grades e meteu as mãos nos bolsos das calças. – Então, porque foste cá mandado pelo proprietário da ilha? Por que não veio ele?

– Porque julgas que não está aqui?

Debbie olhou para a porta.

– Está lá fora? Então…

– Eu não disse isso.

Ela voltou a olhá-lo e sentiu como se tivesse uma dúzia de bolas de aço às voltas no seu estômago. Começava a entender o que se estava a passar e notou que os olhos de Gabe se tornavam mais frios, mais escuros.

– Queres dizer…?

Ele deu um passo para a cela, olhando-a de alto a baixo.

– Quero dizer que eu sou o proprietário desta ilha e tudo o que há nela, querida. Incluindo-te, neste momento, a ti.