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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2006 Margaret Mayo

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Amor comprado, n.º 2235 - fevereiro 2017

Título original: Bought for Marriage

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2007

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9572-0

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

– Aris Tsardikos? Queres que vá ter com ele e lhe peça dinheiro? – incrédula, Dione olhou para o seu pai. – Não consigo fazê-lo.

Aris Tsardikos era um homem importante. O seu nome era venerado por toda a Grécia e, talvez, em todo o mundo. Era o inimigo mais forte do seu pai. Dirigia uma luxuosa cadeia mundial de hotéis onde só os ricos e os famosos podiam permitir-se alojar-se.

Uma vez, Yannis tentara convencer Aris a deixá-lo gerir os restaurantes dos hotéis. Mas Aris recusara a proposta com desprezo. Ele não disfarçava a antipatia que sentia por Yannis Keristari. E Dione não podia culpá-lo por isso.

Yannis virou-se na almofada.

– Então, este será o meu fim.

Phrosini olhou para o seu marido com preocupação e, com um olhar suplicante, disse à sua enteada:

– Acho que o teu pai quer que penses no assunto. Vamos para casa. Voltaremos mais tarde e depois falamos sobre isto.

Quando saíram do quarto do hospital, Dione ainda olhou para trás, para olhar para o homem que tivera maior influência na sua vida e foi-lhe difícil pensar que ele estivesse a pedir-lhe tal coisa. Ela fizera muito por ele. Fora a melhor filha que podia ter tido, mas ter de pedir dinheiro? Pedir dinheiro ao seu maior inimigo?

Os seus pensamentos recuaram até ao dia anterior, quando a angustiada Phrosini lhe telefonara para lhe dizer que o seu pai estava doente e que queria vê-la.

 

 

– Claro que vou vê-lo! Vou no primeiro voo disponível.

Com um ar preocupado, a bonita Dione virou-se para a sua mãe.

– Tenho de ir a casa. O meu pai está no hospital. Teve um enfarte.

Jeannie levou a mão à boca.

– Meu Deus! Claro que tens de ir. Eu depois falo com Chris. Espero que Yannis esteja bem.

Para Dione, aquele foi um gesto generoso depois de tudo o que o seu pai fizera à sua mãe. Mas a sua mãe era mesmo assim, ela nunca pensava mal de ninguém. Era calma e ingénua e, no seu interior, Dione achava que a sua mãe se deixava pisar pelas pessoas. Mas nunca diria isso à sua mãe. Gostava demasiado dela.

Para a sua desgraça, não havia lugar nos voos para Atenas naquele dia, mas pelo menos isso permitiu-lhe falar ela própria com Chris.

– Vou contigo – disse assim que a viu. – Não posso deixar que a minha noiva passe por isto sozinha.

Disse-o com tanto orgulho que Dione se sentiu culpada. Já pensara em levar Chris à Grécia para que conhecesse o seu pai e para que este lhes desse a aprovação para se casarem, mas não naquelas circunstâncias. O impacto de saber que ia casar-se com um inglês poderia acabar com ele.

Yannis era grego até à medula. Muito orgulhoso, muito tradicional e fazia muita questão que Dione se casasse com um dos seus. Dione, pelo contrário, tinha outras ideias. Queria fugir do carácter dominante do seu pai e a única forma de o fazer, na sua opinião, era casando-se e instalando-se em Inglaterra.

Conhecera Christopher Donovan numa das suas frequentes visitas ao Reino Unido e, quando ele se declarara, pensara muito antes de aceitar. Não era por ela não gostar de Chris, porque gostava, mas não estava assim tão segura de que ele sentisse o mesmo por ela.

Começara a sair com Dione ao sentir-se despeitado numa relação anterior que, segundo ele, já tinha acabado. Mas ela tomara conhecimento que a rapariga queria voltar para ele e que os tinham visto juntos. Dione confrontara-o com a informação e ele, primeiro olhara para ela assustado, e depois dissera-lhe que não era verdade.

– Acho que é melhor eu ir sozinha – disse-lhe. – O meu pai está demasiado doente para ver estranhos.

– Talvez tenhas razão – disse. – Telefonas-me?

– Claro que sim.

 

 

O avião aterrou no aeroporto de Atenas e Dione, uma mulher espantosa, que vestia um fato de cor creme e um top castanho a condizer, atravessou a sala das chegadas com o passo firme. O seu cabelo preto azulado acariciava com sensualidade os seus ombros a cada passo que dava com as suas sandálias de salto de agulha. Ela não reparava mas muitos homens viravam-se para a admirar.

Como não pensava que ninguém estivesse à sua espera, Dione dirigiu-se para a praça de táxis e ficou surpreendida e contente ao ver a sua madrasta.

– Phrosini, que amável! Não estava à espera – deu-lhe um forte abraço e instintivamente começou a falar a sua segunda língua. – Não devias estar com o meu pai? Como é que ele está? Está melhor?

Phrosini era baixa e rechonchuda, mas muito bonita e não era difícil de perceber porque é que o seu pai se apaixonara por ela. Era completamente diferente da sua mãe. O seu primeiro casamento, não havia dúvidas, tinha sido um erro. Dione pressupunha que ao princípio teriam estado apaixonados, mas a sua mãe fora demasiado fraca para aguentar o carácter autoritário do seu pai. No entanto, Phrosini sabia dar-lhe a volta tão bem que ele nem se dava conta.

– Está na mesma – respondeu Phrosini. – Embora esteja muito animado com a tua chegada. Está muito doente, Dione. Estou muito preocupada.

– Porque não me contaste antes?

Phrosini respondeu com uma expressão de desculpa:

– Não queria estragar-te as férias. Sei o quanto gostas de estar em Inglaterra com a tua mãe. No início pensei que ele recuperaria logo, mas isso não aconteceu e ele começou a perguntar por ti. Não podia discutir com ele.

Foram directas ao hospital.

– Lamento muito, sei que gostarias de tomar um duche e mudar de roupa, mas o teu pai está ansioso por te ver – disse Phrosini.

Quando Dione entrou no quarto de Yannis ficou espantada com o seu aspecto. Não era alto, sempre fora magro e pálido, mas perdera tanto peso que se viam os ossos e a sua pele tinha um tom cinzento. Além disso, estava ligado a muitas máquinas que controlavam todas as suas funções.

– Dione! – exclamou com voz rouca. – Estás aqui!

Atravessou o quarto e abraçou-o.

– Sim, pai. Como te sentes? Devias ter-me contado que estavas doente.

Ele acariciou-lhe a mão.

– Não queria preocupar-te, filha.

– O que provocou o teu enfarte? Pensava que eras forte como um touro.

– Já não – Yannis olhou para Phrosini. – Conta-lhe!

– Contar-me o quê?

Phrosini fechou os olhos e, quando os abriu, Dione pôde ver neles uma grande preocupação.

– O negócio do teu pai faliu.

– O quê? – Dione franziu o sobrolho. Como era possível? Yannis herdara do seu pai um restaurante e transformara-o numa cadeia bem-sucedida. Não havia como perder dinheiro.

– As vendas caíram muito – disse Phrosini num tom desesperado. – É preciso uma boa quantia de dinheiro para recuperar a empresa e o teu pai não a tem. Tem mais despesas do que lucros. Estamos quase na bancarrota, Dione.

Dione estava perplexa, mas não demasiado surpreendida. Estudara Decoração de Interiores em Inglaterra, queria instalar-se definitivamente lá e arranjar um emprego, mas Yannis insistira para que trabalhasse com ele. Dedicava-se a ir de um restaurante para outro para renovar tudo o que era necessário, mas sempre sob o olhar atento de Yannis.

Ele era muito conservador. Estava tão agarrado às tradições que nunca a deixava pôr em prática as suas ideias modernas. Ele dizia que os aspectos tradicionais davam aos restaurantes um ambiente especial que não devia mudar-se. Dione tinha as suas dúvidas. As pessoas procuravam ambientes modernos e animados, não queriam viver no passado.

– É terrível – disse. – Não fazia ideia.

– Eu também não – confessou Phrosini. – O teu pai escondia-me a situação e por isso agora está aqui – pousou a mão sobre a do seu marido e apertou-a com suavidade. – É muito teimoso, sabes?

– Tu decides, filha – disse Yannis a olhar para Dione. – És a minha única esperança.

– Eu? – Dione pôs a mão no peito. – Como posso eu ajudar? Não tenho esse dinheiro – realmente não tinha muitas economias. O seu pai pagava-lhe o salário mínimo, como pagava a qualquer outro empregado, e ela gastava-o todo nos voos para Inglaterra.

– Quero que vás pedir um empréstimo a Aris Tsardikos – sussurrou com a voz rouca e entrecortada. Era perceptível que lhe custava falar. – Ele tentará aproveitar-se disso, mas se há alguém que possa fazê-lo, essa pessoa és tu.

 

 

– Eu sei que é pedir-te muito – disse Phrosini quando se sentaram a beber café na sua linda villa e começaram a falar de Yannis. – Mas é a sua única esperança. Se não conseguir esse dinheiro morrerá. Não terá forças para viver. Está a morrer. Os médicos estão a fazer tudo o que podem mas… – a voz de Phrosini desvaneceu e ficou com um ar pálido e doente.

– Tem de haver outra maneira – repôs Dione. Não tinha medo de Aris Tsardikos, apesar de ser um homem muito poderoso, mas para ela seria mais embaraçoso do que qualquer outra coisa no mundo. – E como está a situação com os bancos?

– Estão todos a cair-nos em cima.

Além disso, Dione sabia que não tinha amigos para o ajudar. O seu pai agradava a muita pouca gente, era um tirano e ela tinha, mais do que ninguém, razões para o odiar depois do que fizera à sua mãe. Mas era do seu sangue e, apesar de ser difícil perdoá-lo, gostava dele. Dione mantivera-se sempre à margem para não destabilizar emocionalmente a mãe, pois sabia do que o seu pai era capaz.

Jeannie e Yannis tinham-se divorciado há dezasseis anos. Quando o casamento acabara, Yannis voltara para a Grécia e levara Dione com ele. Fora sempre com muita má vontade que permitira que Dione visitasse a sua mãe durante as férias escolares. Agora, sempre que podia ia para Inglaterra e já lá estava há duas semanas quando recebera o telefonema da madrasta.

– Estás a pedir-me muito.

– Eu sei – disse Phrosini.

Dione crescera com a sua madrasta e gostava muito dela, mas desejava que não lhe tivesse pedido algo que ela considerava impossível. Para desgraça de Yannis, que sempre desejara ter filhos varões, Phrosini não tivera filhos e por isso considerava Dione como sua filha.

Dione olhou para a pequena mulher grega com compaixão.

– Parece que não tenho escolha.

Quando voltaram para o hospital para ver o seu pai, sentiu-se feliz pela decisão que tomara. Dione via o seu pai cada vez mais doente e com um tom de pele mais pálido do que antes. Estava deitado na cama e respirava com dificuldade, mas assim que ouviu a notícia sorriu e os seus olhos iluminaram-se

– Obrigado, Dione. Muito obrigado do fundo do meu coração despedaçado – agarrou-lhe as mãos e apertou-as.

 

 

Dione respirou fundo enquanto aguardava e se preparava para enfrentar o lendário Aris Tsardikos.

A vida do seu pai dependia do seu sucesso.

Mas como iria conseguir se eles eram inimigos?

Capítulo 2

 

Aris olhou com interesse para a mulher que estava de pé, à sua frente. Sabia que Yannis Keristari tinha uma filha mas nunca a vira e ficou bastante surpreendido.

Era alta, esbelta e muito bonita e, pensava ele, teria uns vinte e poucos anos. Vestia um casaco cinzento a condizer com a saia e uns sapatos de salto alto. Tinha o casaco apertado até ao peito e um pendente de ouro que oscilava perto do seu decote de um modo tentador. Não podia evitar pensar porque levava o casaco abotoado daquela maneira tão recatada num dia tão quente e divertia-o pensar que não usava nada por baixo.

Os seus olhos eram negros azulados, tinha umas pestanas muito espessas, um nariz recto e pequeno e uma boca… deliciosa. Não se parecia nada com o pai, o que era uma surpresa. E era totalmente diferente de todas as mulheres gregas que tinha conhecido. Estava fascinado. Mais fascinado ainda do que estava com o motivo da sua visita, algo que ainda estava por descobrir.

Era evidente que ia da parte de Keristari. Aris ouvira dizer que o negócio de Yannis Keristari estava com problemas. Estaria isso relacionado com a visita da sua filha? Teria Yannis enviado a sua filha para lhe propor a venda dos seus restaurantes?

Convidou a visita a sentar-se, sem lhe tirar os olhos de cima, e esperou que ela começasse a falar. Ela mexia-se com muito charme e emanava um cheiro delicioso.

– Senhor Tsardikos.

– Por favor, chame-me Aris.

– Isto não é uma visita social – disse com um delicioso movimento de cabeça que deixou a descoberto um pescoço longo e fino que parecia estar à espera de um beijo.

Aris sentou-se atrás da sua secretária para evitar aproximar-se dela.

– Talvez – resmungou, – mas não há necessidade de formalidades, especialmente quando é a filha de um velho… conhecido meu – estivera prestes a dizer «inimigo», mas pensou que isso poderia fazer com que ela se fosse embora sem lhe contar o motivo da visita. – Queres um café? Posso pedir a alguém que…

– Não! – exclamou imediatamente. Tinha uma missão e queria cumpri-la o quanto antes.

– Então, em que posso ajudar-te? – cruzou os braços e observou-a atentamente com os olhos semicerrados. Sentiu um movimento no sexo que o assustou. Tratava-se da filha de um homem pelo qual não sentia a mínima admiração. Deveria ser-lhe totalmente indiferente mas porque não era?

– O meu pai precisa de dinheiro.

Tinha a certeza de que não queria dizê-lo de um modo tão directo e corou por causa disso. Era um indício de que não era tão fria como queria aparentar.

Isso alegrou-o porque agora sabia com o que contar. Inicialmente, pensara que o seu pai poderia querer oferecer-lhe a compra do negócio, mas dinheiro! O que pretendia Keristari ao mandá-la visitá-lo?

– É só isso? – perguntou com indiferença. Não tinha a mínima intenção de ajudar aquele homem.

Dione assentiu com a cabeça.

– Achei que podias ajudá-lo.

Aris queria dizer-lhe directamente que não. Keristari enganava toda a gente e, certamente, não era a pessoa indicada para fazer negócios.

No entanto, não queria que Dione se fosse embora. Estava fascinado. Havia algo de diferente nela que o encantava. Era como se desconhecesse a sua própria sexualidade. Adorava poder ajudá-la a desvendá-la!

– Porque me pede isso a mim? – perguntou, encostando-se na poltrona com as mãos unidas atrás da cabeça. – Porque não pede ao banco dele?

– Acho que está demasiado endividado – admitiu Dione. – Diz que és a sua única esperança. Conta com isso!

 

 

Dione viu incredulidade e um ligeiro aborrecimento no rosto de Aris e então soube que a sua missão estava condenada ao fracasso. Mas tinha de tentar. Parecia que estava a ver o seu pai, necessitado, estendido no hospital. Mesmo receando-o e, às vezes, desprezando-o, não conseguia vê-lo tão doente e preocupado.

– Conta com isso! – repetiu incrédulo e arqueando o sobrolho. – Porque me pede dinheiro a mim, ao homem que provavelmente mais odeia no mundo? A menos, é claro, que tenha esgotado todas as opções.

– Eu não sei – disse Dione a olhar fixamente para o homem alto e, sem dúvida, bonito que estava à sua frente. – Não sabia de nada até ontem. Estive com a minha mãe em Inglaterra.

– Então Phrosini não é a tua mãe biológica? – perguntou com interesse.

Dione abanou a cabeça. Desejava que ele não fosse tão atraente. Desejava que não olhasse para ela como se quisesse ir para a cama com ela.

– Isso explica porque não és nada parecida com os teus pais.

– Pormenores que não têm nada a ver com o motivo da minha visita – disse Dione com indignação. Claro que não fora falar das suas origens.

Ele esboçou um sorriso e os seus dentes perfeitos e brancos pareciam querer atacá-la. Era como um lobo prestes a atirar-se à sua presa. Tinha de ser cautelosa com aquele homem. Parecia relaxado e tranquilo recostado na poltrona, com o colarinho da camisa desabotoado, mas a sua cabeça era tão afiada como um…

– O teu pai está a usar-te, não é? – assinalou. – Tal como usa todos os que se relacionam com ele. O melhor que podes fazer, Dione… Importas-te que te chame Dione? É voltares para casa e dizeres-lhe que a resposta é «não».

Dione respirou aflita. Que animal sem coração!

– Nem sequer perguntaste quanto queria – replicou com as costas rígidas e os olhos cheios de ressentimento.

– Não me interessa – disse. – Não emprestaria ao teu pai nem um euro, portanto não quero saber quantos milhares quer, que é a quantia que imagino que venha pedir. O que aconteceu?

Dione encolheu os ombros.

– Tudo o que sei é que está praticamente na bancarrota.

– Má gestão – disse Aris com indiferença.

– Então, é essa a tua resposta? – perguntou bruscamente com o coração despedaçado.

Aris encostou-se na poltrona, com um sorriso gravado nos seus perfeitos lábios e um incompreensível brilho nos olhos.

– Poderia existir outra solução.

O coração de Dione deu um salto.

– Poderia salvar o negócio do teu pai… com uma condição.

– Que condição? – perguntou Dione com ansiedade.

Houve uma longa pausa antes de ele responder, um espaço de tempo em que os seus olhos passearam de uma forma insolente pelo seu corpo, fazendo com que ela tremesse de mal-estar. Mas ela não permitiu que ele se apercebesse disso, sentou-se com as mãos juntas sobre o colo e esperou para o ouvir.

– Que te cases comigo.

O impacto causado pela sua proposta não podia ter sido maior. Não se conheciam, eram uns estranhos, e mesmo assim ele falava em casamento! Estava doido? Emprestar-lhe-ia o dinheiro só para a ter? Que tipo de monstro era? Dione sentiu um calafrio nas costas.

Levantou-se e, lançando-lhe um olhar fulminante, disse:

– É a coisa mais ridícula que ouvi na minha vida. O que te faz pensar que eu me casaria com um desconhecido?

Um sorriso ligeiro e insolente reflectiu-se na sua boca.

– Pensei que estavas preocupada com o teu pai. Porque vieste cá então?

– Preocupo-me – admitiu, – mas isso não significa que me venda.

Aquele homem não fazia ideia do que lhe pedia. Devia ser um amante fantástico e experiente mas isso não significava nada para ela. Não sabia nada dele e, se aquelas eram as suas tácticas, também não queria saber.

– Tu decides – disse, como se estivesse numa discussão de negócios. – Se a tua resposta for «não», então não temos mais nada para falar.

– É claro que a minha resposta é «não» – respondeu furiosa. – Por quem me tomas? – deu meia volta e saiu do escritório como uma exalação.

– Vou estar à espera se mudares de opinião! – gritou com voz brincalhona.

– Bem podes esperar sentado – disse entredentes.