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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2011 Teresa Carpenter. Todos os direitos reservados.

AMAR O CHEFE, N.º 1360 - Janeiro 2013.

Título original: The Boss’s Surprise Son.

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2013.

 

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.

Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.

® Harlequin, logotipo Harlequin e Bianca são marcas registadas por Harlequin Books S.A.

® e ™ São marcas registadas pela Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas que têm ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-2503-1

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Capítulo 1

 

Rick Sullivan saiu do seu gabinete para ir comer alguma coisa.

Passara toda a manhã com os chefes de cada departamento, para falar dos objetivos a cumprir até ao fim do ano. Parecia que as vendas iam ser melhores do que o previsto. Uma boa notícia, visto que ele planeava lançar a Joias Sullivan no mercado internacional, no próximo ano, para celebrar o seu centenário.

Não era o melhor momento para a sua assistente pessoal estar de baixa, devido a uma cirurgia ao joelho.

Apercebeu-se, aliviado, de que a sua nova assistente, Savannah Jones, não estava na sua secretária, e aproximou-se para dar a volta à ampulheta que estava num canto. Um extremo era branco e o outro era preto, e pedira-lhe para a pôr com a parte preta para cima, quando saísse do edifício. Segundo parecia, era uma pergunta premente quando as pessoas viam que a porta estava aberta.

Quando se aproximou um pouco mais viu que, efetivamente, a menina Jones não estava na sua secretária, mas debaixo dela. Abanou lentamente a cabeça. Tinha duas fraquezas: Chocolate e a avó paterna. Ambos tinham o poder de o meter em confusões, mas embora tivesse criado a disciplina para dizer não às bolachas de chocolate, nunca conseguira negar nada aos olhos azuis e suplicantes da avó.

E isso explicava porque estava agora a ver o traseiro da sua nova assistente, enquanto procurava algo debaixo da secretária.

«Assistente temporária», recordou a si mesmo. A sua assistente habitual, a extremamente eficaz menina Molly Green, voltaria dentro de seis meses, duas semanas e cinco dias.

Claro que contava os dias. E tudo aquilo era culpa da avó. Convencera-o a contratar a menina Jones, uma jovem com pouca experiência profissional e tendência para o falatório. A avó conhecia a família Jones e, depois de Rick ter tido três assistentes durante as três primeiras semanas de baixa de Molly, aproveitara-se da sua frustração para recomendar a amiga e insistir que ficasse com a menina Jones até ao regresso de Molly.

Embora a menina Jones tivesse a cabeça fora do seu campo de visão, não teve dificuldade em reconhecer a metade que estava visível. A posição dela fazia com que o tecido cinzento das calças se ajustasse intimamente ao seu traseiro voluptuoso.

Sentindo calor, Rick tirou o casaco e deu a volta à secretária para ver melhor.

As suas faces coraram quando se apercebeu do que fizera. Incomodado consigo próprio, perguntou:

– Menina Jones, o que pensa que está a fazer?

Ela deu um salto e emitiu um gemido, seguido do som da sua cabeça a bater contra a parte inferior da secretária.

– Estou... A tentar... – puxou algo que não se via e o movimento fez com que as suas ancas se mexessem de forma sedutora. – Ligar o meu novo agrafador elétrico. Mas o cabo ficou preso.

Puxou outra vez e as ancas voltaram a mexer-se. Rick viu que um objeto volumoso e cinzento se deslocava na secretária.

Merecia mesmo aquilo? Não esperava que a sua assistente o servisse. Ele fazia o seu próprio café, ocupava-se da lavandaria e dos seus assuntos pessoais. Era muito pedir e contar com uma pessoa eficaz e competente?

Para ser sincero, a verdade era que nas quatro semanas que a menina Jones passara ali, tinha demonstrado que compreendia as suas instruções e era capaz de fazer o trabalho, o que não podia dizer-se das incompetentes que tivera durante as primeiras três semanas. Mas os seus métodos eram especiais, tal como o movimento das suas ancas.

– Menina Jones, podia ter chamado alguém da manutenção para fazer isso por si – sugeriu, com impaciência.

– Não vou chamar a manutenção para ligar um aparelho. O cabo é um pouco curto, só isso. Não demoro muito. Precisa de alguma coisa?

Rick gemeu, quando o calor se apoderou dele mais uma vez e quase ficou com falta de ar.

Se precisava de alguma coisa? Estaria a brincar? Tinha sorte por se recordar do seu próprio nome naquele momento. Deveria ir-se embora e pôr fim à tortura. E, no entanto, tudo nele lhe negava a opção de a deixar vulnerável face ao aparecimento de um outro homem. Olhou à sua volta para se assegurar de que não havia nenhum outro macho por perto. Estavam sozinhos. Era ao mesmo tempo uma bênção e uma maldição.

– Menina Jones, insisto que saia neste momento daí – reclamou.

– Já está quase, mas ficou preso. Pode puxar o cabo? – pediu ela.

Faria qualquer coisa para pôr fim àquela cena. Ficou atrás da secretária e inclinou-se para empurrar o agrafador elétrico para a abertura por onde saíam os cabos. Infelizmente, o buraco estava cheio e o cabo retorcia-se em vez de sair.

Rick hesitou. Tinha de se pôr entre as pernas dela para conseguir fazer o que precisava e, de certo modo, isso parecia ser algo muito íntimo.

– Pode?

– Um momento, por favor. Há muitos cabos aqui – pôs o pé, cuidadosamente, na abertura estreita das pernas de Savannah e inclinou-se sobre ela para chegar ao emaranhado de cabos. Puxou o cabo teimoso e mudou de posição, tocando com o joelho no traseiro dela.

– Já está! – exclamou ela.

Rick quase deu um salto, precipitando-se para voltar a ficar numa posição segura.

– Consegui – disse Savannah, num tom triunfante.

Ele manteve o olhar fixo numa fotografia dela com o irmão e a irmã, enquanto Savannah se levantava e sacudia as mãos.

– Obrigada pela ajuda – os seus olhos verdes sorriam, enquanto passava a mão pelo longo rabo de cavalo cor de mogno, para verificar se estava liso. – O que posso fazer por si?

Rick ficou com a mente em branco. Porque parara ao lado da secretária dela?

– Pode sair de debaixo da mesa. Temos uma equipa de manutenção para fazer isso. Da próxima vez, chame-os! – ordenou.

E, virando-se, regressou ao seu gabinete.

O estômago queixou-se quando se sentou atrás da sua secretária, recordando-lhe qual fora a sua intenção original. Mas preferia passar fome, a voltar a sair por aquela porta.

 

 

Savannah Jones curvou os lábios num sorriso perplexo, ao ver o chefe a desaparecer no gabinete. O que acontecera? Nem sequer lhe dissera o que queria.

E, pela primeira vez, o olhar daqueles olhos azuis e penetrantes causara-lhe um calafrio. Afastou esses pensamentos e sentou-se.

A atitude altiva do seu chefe não era nada de novo para ela. Nem sequer o seu mau humor. Mas a agitação dele e o facto de não ter conseguido olhar para ela, eram novidade.

Parecia que o deixara nervoso. E isso era muito interessante.

Com os seus quase dois metros de altura, cabelo espesso e escuro, ombros largos, anca estreita e olhos azuis penetrantes, Rick Sullivan era um sonho tornado realidade. E Savannah estava louca por aquele sonho.

Um momento. Em que estava a pensar? Nada daquilo era próprio do lugar de trabalho. Adorava o seu novo emprego, o desafio, a diversidade e a responsabilidade. Assistente executiva do presidente da Joias Sullivan, uma cadeia de joalharias que pertencia a uma única família, era mais do que podia ter sonhado. Sobretudo, tendo em conta o seu vasto historial de trabalhos, desde empregada de mesa a distribuidora de flores.

Agora, estava decidida a fazer um bom trabalho. Devia-o aos Sullivan, sobretudo, à avó de Rick, e não só por aquela oportunidade, mas também por tudo o que tinham feito pela irmã. A família Sullivan doava duas bolsas de estudo anuais de cinco mil dólares, para estudantes de Paradise Pines que queriam ir para a universidade, renováveis todos os anos, se os alunos tirassem boas notas.

A irmã de Savannah, Claudia, beneficiara da sua generosidade durante os últimos quatro anos. Licenciara-se naquele ano, com destaque de honra.

Savannah não tinha ido para a universidade e tinha vinte e muitos anos quando conseguira o seu primeiro emprego. Passara os anos de liceu a cuidar da mãe. Tinha dezassete anos quando o cancro acabara por a vencer e o pai refugiara-se por completo no trabalho, deixando que Savannah se encarregasse de cuidar dos irmãos.

Portanto, dedicara-se a eles. Mas agora, Daniel era polícia em Mesa, era casado e tinha uma filha, e Claudia estava prestes a licenciar-se na universidade. Chegara o momento de Savannah pensar no seu próprio futuro profissional. Estava cansada de andar de trabalho em trabalho. Talvez aquilo não fosse o ensino, o que sonhara fazer há anos, mas era um bom trabalho e não tencionava estragá-lo.

Mesmo que Rick não tivesse aversão a viver uma aventura no lugar de trabalho, e deixara bem claro que assim era, ela sentia aversão pelos viciados no trabalho. Já passara por isso.

Nunca mais.

Rick trabalhava sem parar. Era perito em ignorar as relações pessoais no trabalho, ao ponto de ser considerado um autêntico antissocial entre os seus empregados.

Não era muito falador e, que Deus a ajudasse, sentia-se impelida a preencher esse vazio. Portanto, enquanto ele lia relatórios e cartas, Savannah contava-lhe todos os mexericos do escritório. Nada de mal, apenas aniversários, eventos familiares e coisas do género.

Certamente, nem sequer a ouvia, embora de vez em quando levantasse um dedo para pedir silêncio.

Ao sentar-se, Savannah apercebeu-se de que pusera o relógio de areia na parte preta, o que significava que saíra do escritório. Passara todo o dia com os diretores da empresa, portanto, certamente saíra para ir comer alguma coisa.

Então, porque voltara para o seu gabinete?

Talvez porque o deixara nervoso?

Esboçando um sorriso, pegou no telefone para encomendar uma sanduíche para ele na pastelaria. Talvez não tivessem um futuro juntos, mas sentia-se bem por ter conseguido fazer com que um homem tão sensual e voluntarioso como Rick Sullivan se retirasse, agitado. A sua autoestima agradecia um empurrãozinho.

Depois de fazer o pedido, pegou num espelho e voltou a pintar os lábios. Sentia-se muito feminina. Passara muitos anos em casa, sem se preocupar com a sua imagem.

Quando trouxeram a sanduíche, bateu à porta de Rick, que fez um gesto com o dedo para que entrasse. Olhou para ela com desconfiança, quando ela atravessou a divisão. Impulsionada pela sua reação, esboçou um sorriso amplo enquanto deixava o saco em cima da secretária.

– Pensei que teria fome.

– Obrigado – murmurou ele, semicerrando os olhos.

– De nada – respondeu Savannah, com alegria.

Virou-se para se ir embora e, como uma rapariga tinha de se divertir quando podia, rebolou ligeiramente as ancas.

 

 

Na manhã seguinte, Savannah entrou na sala de conferências para a sua primeira reunião de vendas do mês, carregando duas caixas, uma chávena de café, um caderno e uma pilha de fotocópias.

Rick já estava sentado à cabeceira da mesa de reuniões. Olhou para ela, enquanto deixava as coisas em cima da mesa.

– Chega tarde, menina Jones. O que é tudo isto?

– Cópias dos relatórios que pediu, rosquinhas e alguns bolos de farelo de cereais, para estimular o cérebro – Savannah abriu as caixas. – Espero que sejam bons. Esqueceu-se de me dizer se preferia bolos ou rosquinhas para esta reunião.

– Não me esqueci de nada – corrigiu Rick. – Isto é uma reunião de trabalho e não um acontecimento social.

– Oh... – Savannah pestanejou.

Nada de comida nas reuniões matinais? Aquele homem era um monstro. Segundo parecia, não conseguia fazer nada para lhe agradar.

– Sempre me pareceu ser uma demonstração de agradecimento com os empregados – deixou a caixa no centro da mesa. – Hoje, vou ter esse prazer.

Rick torceu o nariz ao ouvir aquilo.

Savannah, que enquanto cuidava da mãe aprendera a não permitir que ninguém acabasse com o seu bom humor, abriu a segunda caixa, e tirou guardanapos e pratos, que pôs na mesa. Depois, aproximou a caixa dele, porque talvez fosse muito rígido, mas queria impressioná-lo e conseguir um emprego permanente na empresa.

– Quer um? – esperava que recusasse, mas surpreendeu-a ao tirar uma rosquinha de chocolate e pô-la no prato que lhe oferecia.

– Obrigado.

– Rosquinhas! Isso já é outra coisa – Rett Sullivan, irmão gémeo de Rick e coproprietário da Joias Sullivan com os seus quatro irmãos, entrou e agarrou num bolo de limão antes de se sentar ao lado de Rick. – Devias ter feito isto antes.

– Podes agradecer à menina Jones – replicou Rick.

– Menina Jones – Rett brindou com a sua chávena de café. – Não só é bonita, como também é inteligente e generosa. Mais tarde, poderei agradecer-lhe adequadamente.

– Tenho a certeza de que captou a mensagem – indicou Rick, com o claro propósito de fazer o irmão gémeo desistir.

Como resposta, Rett piscou um olho a Savannah.

Eram gémeos idênticos, por isso, tinham a mesma estatura, o mesmo tipo de corpo e os mesmos tons. Mas Rett era mais magro e tinha o cabelo mais comprido. Como vice-presidente de Design e Compras, Rett não usava fato como o irmão, mas escolhia calças elegantes e camisas de cores alegres, e tecidos ricos. Era uma pessoa encantadora e coquete. Tinham-se tornado amigos, quando Savannah lhe pedira para a ajudar a trabalhar as pedras preciosas, para desenhar um presente de fim de curso para a irmã.

Rick torceu o nariz, olhando para ela, e Savannah apressou-se a distribuir as cópias que fizera. Ele começou a reunião e foi de assunto em assunto, encorajando todos aqueles que estavam na mesa a intervir. Savannah ia tomando notas de tudo.

Quando a reunião acabou, a sala ficou vazia rapidamente e só ficaram Rick e ela. Savannah começou a limpar e a recolher o lixo.

– Menina Jones – esperou que olhasse para ele nos olhos. – O que se passa entre si e Rett?

Savannah gemeu por dentro. «Fantástico! Devido aos comentários brincalhões de Rett, o irmão ficou com uma impressão errada sobre nós», pensou. Podia falar-lhe das aulas, não era um segredo, mas não sabia se Rick aprovaria ou talvez pensasse que ela tinha algo com o irmão. Evitando o olhar dele, continuou a arrumar.

– O que estou a perguntar é se está com ele – insistiu, cruzando os braços.

– Estou com ele todos os dias – Savannah sorriu e fingiu não perceber.

Devia contar-lhe? Afinal de contas, não se tratava de um romance de escritório, como ele temia. Mas não, era melhor não lhe dizer. As aulas eram importantes para ela e não queria estragar tudo.

E se quisesse ver o seu trabalho como prova? Com duas semanas de aulas, estava contente por as coisas estarem a correr tão bem, mas ainda era inexperiente e não estava pronta para mostrar ao público o resultado dos seus esforços.

E, muito menos, a um ourives profissional.

– Parecia que esperava vê-la mais tarde. Como se tivessem um encontro – afirmou Rick.

– Céus, não. Rett é assim – assegurou ela, fazendo um gesto com a mão para tirar importância ao assunto.

Não era uma negação perentória, um facto que Rick não ignorou.

– É um pouco coquete, sabe – confessou, como se estivesse a partilhar um segredo com ele.

Continuou a sorrir e esperou que ele fizesse algum movimento.

Esperou. Rick permaneceu de pé, com as mãos nos bolsos, olhando para ela fixamente.

– Ou talvez o tenha interpretado mal – assegurou Savannah, com ingenuidade. – Quer que vá procurá-lo e lhe pergunte?

– Não, eu... – Rick consultou o relógio. – Não importa. Pode passar pelo departamento de assessoria jurídica, quando voltar para a sua secretária? Quero saber se recebemos os contratos assinados da Emerson, para selar o acordo internacional. Já os devíamos ter recebido.

– Sim, claro – Savannah recolheu os últimos restos de lixo, satisfeita por ter evitado o confronto. Nesse momento, Rick acabaria por descobrir. Mas ela esperava ser indispensável nessa altura.

As aulas eram importantes para ela. Mas em privado. Durante anos, as aulas a que ia em horário noturno e na internet, tinham sido a sua única liberdade, a sua tentativa para se livrar do excesso de responsabilidades que tinha em casa.

Continuava a fazer cursos que lhe interessavam ou a ajudavam na sua carreira. Mas não falava muito disso. De certa forma, pareciam ser demasiado importantes para as partilhar.

Ninguém poderia roubar-lhe a alegria que lhe proporcionavam as aulas, se não soubesse nada delas.

Rick virou-se para se ir embora, mas parou.

– Trazer as rosquinhas foi uma ideia simpática. Assegure-se de que a reembolsam.

Savannah observou-o a ir-se embora. Afinal, não era assim tão rígido.

 

 

Pensando que precisava de um descanso naquela tarde, Rick passou pela oficina de Rett, para lhe perguntar se queria ir andar de caiaque.

– Parece-me muito bem – Rett não levantou a cabeça da joia em que estava a trabalhar. – Mas tenho a visita de um cliente, dentro de vinte minutos. Podes esperar uma hora?

– Não. Só tenho uma hora. Vou sozinho. Preciso de libertar a tensão – disse Rick.

– Está bem, falaremos durante a semana. Telefona-me quando voltares, para que não envie a guarda costeira à tua procura – replicou Rett.

 

 

Enquanto entrava no caiaque e começava a remar contra a maré, Rick apercebeu-se de que realmente precisava de apanhar ar fresco e praticar exercício. Entrar no mar e usar a mente e os músculos para lutar contra os elementos, proporcionava-lhe uma sensação de liberdade que não conseguia sentir em nenhum outro lugar.

Infelizmente, a sublevação rítmica, afundamento e movimento dos remos, primeiro para um lado e depois para o outro, deixaram espaço para que os pensamentos sobre Savannah invadissem a sua mente. Bolas! Pensava nela com muita frequência, quando deveria estar concentrado no trabalho.

A ideia de ela passar algum tempo a sós com Rett, incomodava-o. E não só por causa da sua política empresarial, que era contra as relações no trabalho. Rett seguia as suas próprias regras nesse sentido e era muito menos rígido na forma de interagir com as suas companheiras.

Mas Savannah era de Rick. Não de um modo romântico, claro, mas apercebeu-se de que não queria partilhá-la com ninguém.

Afundou o remo mais profundamente no mar, salpicando água de ambos os lados da embarcação.

Muito bem, reparara nas curvas suaves e nas pernas fantásticas. É óbvio que reparara, afinal de contas, era um homem. Mas não tinha de reparar. Era a sua assistente administrativa e não a sua namorada.

Os seus pensamentos inadequados serviram para o lembrar da razão pela qual não misturava negócios com prazer. Era uma má ideia. Só podia trazer problemas e, para ele, não tinha futuro.

Queimavam-lhe os músculos e gostava de sentir o ar frio e salgado na testa suada.

O casamento não era para ele. Segundo a sua experiência, o amor vinha sempre seguido de dor. Era melhor ter relações superficiais e pôr toda a sua energia no trabalho.

Quanto a Savannah, gostaria que se fosse embora e não andasse por aí com Rett.

Virando o caiaque, Rick afastou os pensamentos sobre o corpo de Savannah, as relações e o casamento, e dirigiu-se para a margem. Tinha um negócio para gerir.