Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2010 Leanne Banks. Todos os direitos reservados.
A PAIXÃO DA PRINCESA, N.º 1391 - Agosto 2013
Título original: Royal Holiday Baby
Publicado originalmente por Silhouette® Books.
Publicado em português em 2013
Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial,são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.
Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.
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I.S.B.N.: 978-84-687-3363-0
Editor responsável: Luis Pugni
Conversão ebook: MT Color & Diseño
www.mtcolor.es
Tina ajeitou a máscara e suspirou, aliviada. A festa de máscaras estava a ser um êxito e a banda começara a tocar uma canção de hip hop. Durante as duas horas seguintes, podia ser quem quisesse. No seu caso, seria qualquer outra pessoa, menos a irmã mais velha de sua Majestade, Fredericka Anna Catherine, do pequeno reino de Chantaine.
Ainda bem que a sua amiga da universidade, Keely, a convidara para Dallas para celebrar o batizado da filha e conversar. Já não conseguia suportar os olhares de tristeza das pessoas quando falavam do casamento da sua bela irmã mais nova com um diretor de cinema parisiense. Era tudo tão elegante! Alegrava-se pela irmã, mas estava farta de ouvir como lhe perguntavam quando se casaria. Era mais velha do que Ericka e o acontecimento fizera ressurgir a sugestão do irmão de que ela devia casar-se com alguém que pudesse favorecer os interesses políticos de Chantaine.
Contudo, durante aquela noite, não ia pensar nos seus problemas. A única pessoa que a conhecia estava a dançar com o marido na outra ponta da sala. Keely viu que olhava para ela e cumprimentou-a com a mão. Ela abanou a mão, contente com a felicidade da amiga.
– Quer dançar? – perguntou um homem.
Ela levantou o olhar, surpreendida com aquele convite.
– Oh, não! Muito obrigada. Estou a divertir-me a observar.
– Talvez uma bebida a ajude a relaxar um pouco – sugeriu aquele estranho.
Tina achou-o um pouco avassalador e abanou a cabeça.
– Não, obrigada. Desculpe, acabei de ver uma amiga – mentiu, afastando-se.
Aceitou o aperitivo de caranguejo que um empregado lhe ofereceu. Outro ofereceu-lhe um copo de champanhe. Segundos depois, Keely aproximou-se dela.
– Estás a divertir-te? Tens a certeza que não queres que te apresente aos convidados?
– Tenho – respondeu Tina. – Estou entusiasmada com este anonimato.
– Se tens a certeza... – murmurou Keely, com o sotaque quente do oeste dos Estados Unidos que dera as boas-vindas a Tina quando se tinham tornado companheiras de quarto na universidade. – Suponho que é agradável não ter de ser princesa.
Tina sentiu-se levemente culpada. Sabia que a sua posição trazia tantos benefícios como responsabilidades e nunca tentara evitar as suas obrigações, mas, durante os meses anteriores, sentira-se muito perturbada.
– É um pequeno descanso – explicou. – Depois de amanhã, regresso a Chantaine. Não sei como te agradecer por estes dias que passei contigo.
– Adorámos ter-te connosco – afirmou Keely. – Tens a certeza de que não podes ficar mais um pouco?
Tina abanou a cabeça.
– Não posso. Lembra-te de que o casamento da minha irmã se celebra dentro de dois meses.
– O dever chama-te – comentou a amiga, olhando para ela com compaixão. – Renuncias sempre ao que queres pelos outros. Um destes dias vais rebelar-te e surpreender toda a gente.
Tina riu-se.
– Não é muito provável. Alguém tem de manter as aparências em Chantaine e parece que vou ser eu – brincou, apontando para a pista de dança. – Como costumas dizer, o tempo é ouro. Diverte-te com o teu marido.
Keely inclinou a cabeça.
– Sim, Majestade, mas não há nenhuma razão para não te divertires um pouco. Se um tipo bonito te convidar para dançar, promete-me que lhe dirás que sim – sussurrou.
– Não sei – respondeu Tina, pensando no homem que se aproximara há uns instantes.
– Promete-me – insistiu Keely.
– Oh, está bem – concedeu Tina, já que sabia que não era muito provável. – Mas tem de ser bonito.
– Está bem – acedeu a amiga, que se afastou para arrastar o marido para a pista de dança.
Tina deu um passo atrás e observou as pessoas. Gostou da novidade de observar e não ser observada. Ao ver um casal romântico que havia na sala, perguntou-se quando algum homem a desejara simplesmente por ser uma mulher, simplesmente por ser ela própria e não a princesa Valentina Catherine Marie de Chantaine. Frustrada consigo própria, teve de reconhecer que a resposta era nunca.
– Deixe-me convidá-la para dançar – pediu o homem que se aproximara dela antes. – Vai divertir-se.
– Já lhe disse que não – respondeu Tina, com firmeza. – Mas obrigada.
Assustou-se ao sentir como a agarrava pelo braço.
– Não tem de ter vergonha. Podemos divertir-nos – insistiu.
– Não, obrigada – afirmou Tina, puxando o braço. Franziu o sobrolho ao sentir que não a soltava. Não queria fazer nenhuma cena embaraçosa, mas aquele homem estava a tornar-lhe as coisas difíceis. Noutras circunstâncias, a sua equipa de segurança ter-se-ia encarregado da situação, mas naquela noite não a tinha. – Não quero...
– Perdoe-me – replicou outro homem, num tom de voz muito mais profundo e sensual do que o do homem que estava a incomodá-la.
Ela sentiu um calafrio.
Levantou o olhar e viu um homem alto e de ombros largos. Tinha o cabelo preto e tinha um chapéu, uma máscara preta e um smoking.
– Penso que me prometeu esta dança – afirmou aquele estranho, dirigindo-se a ela, enquanto a observava com intensidade através da máscara. Tinha uns lindos olhos azuis.
Tina sentiu um aperto no coração. Sentiu uma atração e confiança inexplicáveis. Embora sentisse dúvidas, decidiu aceitar a oferta.
– Fi-lo, sim – mentiu, aceitando a mão que o homem lhe oferecia.
– Bom, suponho... – começou a dizer o homem da voz queixosa.
Porém, o texano solitário não esperou que acabasse e levou-a para a pista de dança, enquanto a banda tocava uma canção romântica. Começaram a dançar.
– Deu-me a impressão de que estava a causar-lhe problemas.
– Mais ou menos – respondeu ela, muito consciente da força do seu salvador atraente.
– Não devia ter interrompido? – perguntou o homem.
– Não – replicou Tina. Corrigiu-se depressa. – Quero dizer, sim.
Ele esboçou um sorriso leve.
– Em que ficamos... Sim ou não?
– Ambas as coisas. Aquele homem estava a incomodar-me, mas eu devia ter lidado com a situação.
O texano aproximou-a dele.
– Agora já não tem de o fazer – comentou.
Ela não conseguiu evitar esboçar um sorriso.
– É verdade – concedeu, dançando mais uma canção com aquele estranho misterioso.
Quando a banda fez uma pausa, segurou na mão dela e levou-a aos lábios. Depois, afastou-se e perdeu-se entre a multidão.
Tina tentou procurá-lo com o olhar, mas foi impossível. Keely apareceu ao pé dela.
– Lamento, querida. A ama ligou-me para me dizer que Caitlyn não para de chorar. Brent e eu vamos para casa.
– Vou convosco – afirmou Tina.
– De maneira nenhuma – respondeu a amiga, abanando a cabeça. – Esta é a última oportunidade de te divertires que vais ter em muito tempo. Já pedimos a um amigo para cuidar de ti.
– Isso não é necessário.
– Ou isso ou a tua equipa de segurança – comentou Keely. – Não tens de te ir embora agora.
Tina pensou no homem atraente com quem dançara.
– Está bem, mas talvez regresse a vossa casa em menos de uma hora.
– Não tenhas pressa. Lembra-te de que falta muito pouco para o casamento de Ericka.
A ideia do casamento da irmã era suficiente para a cansar.
– Convenceste-me.
– Ouve... – começou a dizer Keely, – os aperitivos de caranguejo estão ótimos.
Tina riu-se e deu um abraço à amiga.
– Vão para casa e consolem a vossa menina.
– Sim, sim – respondeu Keely, afastando-se dela. – Liga-me se precisares de mim.
Ao ver como a amiga se afastava, Tina sentiu uma mistura de emoção e terror. Estava sozinha...
Zachary Logan observou como a bela mulher de cabelo castanho aceitava o copo de champanhe que um empregado lhe oferecia. Também comeu um aperitivo de caranguejo.
Sorriu para si. Gostava de mulheres com apetite. Os seus bons amigos, Keely e Brent McCorkle, tinham-lhe pedido para cuidar de Tina Devereaux. A única coisa que sabia dela era que era uma convidada de Keely de fora da cidade. Devia um favor a Brent e faria o que lhe pedira, apesar do facto de ter passado o tempo a contar os minutos para poder escapar daquela festa.
Os seus amigos tinham-no convencido a ir àquele evento. Tinham passado dois anos desde que Jenny e o seu filho tinham falecido. Durante esse tempo, vivera no seu rancho nos subúrbios de Fort Worth. A dor devido à perda terrível que sofrera ainda lhe trespassava o coração e as lembranças não o deixavam viver em paz.
Contudo, pela primeira vez desde aquela desgraça, a alegria de uma festa animara-o. Tina fazia-o sorrir. Tinha uma figura fantástica, muita educação e um sotaque que não sabia identificar. Sentia-se cativado por ela.
Viu como bebia um gole de champanhe e lambia os lábios. Sentiu um nó no estômago. Ao perceber como Tina mexia o pé ao ritmo da música, compreendeu a indireta e aproximou-se.
– Outra dança? – sugeriu, estendendo-lhe a mão.
Os olhos verdes dela iluminaram-se.
– Seria ótimo – respondeu, olhando à sua volta à procura de um lugar onde pousar o copo.
Zach pegou no copo e assentiu com a cabeça para um empregado que se aproximou para ir buscá-lo. Então, guiou Tina para a pista de dança.
Ela dançou alegremente a canção rítmica que a banda tocou. A atitude dela era contagiante e ele apercebeu-se de que sorria em mais ocasiões do que fizera durante os meses anteriores. Estiveram a dançar separados durante muito tempo, até uma balada se apoderar do ambiente e ele a abraçar.
– Acabei de perceber que não sei o seu nome – afirmou ela. – Eu chamo-me Tina.
– Eu sou Zach – apresentou-se ele. – Zach Logan.
– Nunca teria imaginado, mas hoje estou a divertir-me mais do que... – começou a dizer ela, mas fez uma pausa e a surpresa apareceu no rosto dela, – do que nunca – confessou.
– Talvez te aconteça o mesmo que se passa comigo – sugeriu ele. – Talvez devesses sair mais.
– Oh, eu saio – declarou Tina. – Só que não assim. Odeio ter de acabar a noite, mas tenho de me ir embora antes da grande revelação.
– A que te referes? – perguntou Zach, confuso.
– Tenho de me ir embora antes de todos tirarem as máscaras no fim da noite.
– Porquê? Queres que a tua identidade continue a ser secreta?
– Algo parecido – respondeu ela, quando a música parou. Começou a afastar-se dele. – Tenho de me ir embora. Obrigada, Zach Logan.
Porém, ele não podia deixá-la ir-se embora sozinha. Prometera a Keely e a Brent que se certificaria de que chegava a casa sã e salva.
– Deixa-me levar-te – ofereceu-se. – Não posso deixar que uma mulher bela como tu se vá embora sozinha. E se quiseres, conheço um sítio próximo que vende os melhores batidos do mundo.
Tina pareceu tentada com a ideia.
– Não devia... – replicou, contrariada.
– Porquê? – desafiou-a Zach, que também não queria que a noite acabasse, pois a única coisa que faria seria regressar a casa, que estava cheia de lembranças do que perdera. – Só estou a convidar-te para um batido na companhia de um tipo da zona.
Quarenta e cinco minutos depois de ter tirado a máscara, Tina estava sentada à frente do texano atraente dos olhos magnéticos.
– Não me lembro da última vez que bebi um destes – comentou Zach, enquanto acabava o batido.
Ela analisou o queixo masculino do seu acompanhante e os ombros largos. Observar como bebia o batido fora a experiência mais sedutora que tivera em muito tempo.
Enquanto bebia um gole do batido, pensou que gostava da maneira como os lindos olhos dele se semicerravam ao beber. O facto de ter bebido um batido fazia-o parecer menos perigoso do que se tivesse bebido um uísque. Se alguma vez decidisse fazer alguma coisa selvagem e impulsiva com um homem, Zach Logan seria uma boa escolha...
– Onde vives? – perguntou ele.
– Neste momento, no estrangeiro – respondeu Tina. – Mas andei na universidade em Rice.
– Foi lá que conheceste Keely?
Ela pestanejou ao compreender o que significava aquele comentário.
– Tu és a pessoa com quem Keely falou.
Zach assentiu com a cabeça e esboçou um leve sorriso.
– Um prazer.
– Isto é um pouco incómodo – respondeu Tina. – Não sabia que eras tu. Não devia entreter-te durante mais tempo...
– Não – contradisse-a ele. – Quando disse que é um prazer, falava a sério. Há muito tempo que não saía. Estar contigo... – nesse momento, fez uma pausa e encolheu os ombros, – foi maravilhoso. Não me sentia tão bem há anos. Não quero que acabe – acrescentou.
Aquelas palavras podiam ter definido os sentimentos dela, que respirou fundo com a intenção de se acalmar. Tinha muitas responsabilidades e o seu trabalho devia ser o mais importante. Sempre.
– Eu também não quero, mas tem de acabar – afirmou, esboçando um sorriso. – Os adultos têm de ser adultos.
Zach assentiu com a cabeça enquanto analisava o corpo dela com o olhar.
– É uma pena, não é?
– Sim – concedeu Tina, sentindo-se muito acalorada. Desejou ser um pouco menos responsável e poder deixar-se levar pelo coração... ou pelas hormonas.
– Vou pagar a conta e chamar um táxi – declarou.
Instantes depois, Tina estava sentada no banco traseiro de um táxi que a levava a casa de Keely. Em silêncio, amaldiçoou o cavalheirismo de Zach. Teria sido muito fácil utilizar o encanto sensual texano, mas, em vez disso, dera-lhe a oportunidade de se ir embora, o que significara que ela tivera de escolher o caminho decente quando gostaria de ser uma rapariga má. Só por uma vez. Sempre fora a filha boa. E, naquele momento, o halo pesava muito.
O táxi parou num semáforo vermelho. Quando ficou verde, o veículo ficou parado e não conseguiu continuar a circular. Ela estava habituada a limusinas luxuosas e aquele trajeto de táxi era uma aventura. Olhou pela janela e desejou que o veículo conseguisse arrancar. Estava a chover muito.
O taxista tentou pôr o carro a trabalhar, sem nenhum êxito.
Tina praguejou em silêncio, já que não tinha guarda-chuva. Normalmente, eram os membros da sua equipa de segurança que tratavam desse tipo de coisas. Suspirou e pensou que talvez devesse ligar aos empregados, mas não tinha vontade.
Esperou vários minutos com o telemóvel na mão. Um todo-o-terreno estacionou junto do táxi. Um instante depois, alguém bateu na janela e assustou-a. Assustada, olhou para o vidro sem se atrever a abrir a porta.
– Tina – chamou-a um homem. – Abre.
Ao reconhecer a voz de Zachary Logan, abriu a porta imediatamente.
– Zach...
Ele tinha o chapéu encharcado e deu-lhe um guarda-chuva.
– Precisas que te leve?
– Onde?
– Onde quiseres – respondeu Zach. – Posso levar-te para casa de Keely ou para a minha.
Tina olhou para ele nos olhos e sentiu que estava à beira de um precipício. Podia ser precavida ou, pela primeira vez na vida, podia deixar-se levar pela paixão. Viu que o olhar dele mostrava uma necessidade voraz, e aquilo fê-la tremer por dentro. Fora educada para ignorar as suas necessidades, mas, por alguma razão, o que sentia por Zach era muito mais intenso do que qualquer outra coisa que tivesse sentido antes.
Saiu do táxi com a graça que lhe tinham inculcado desde que aprendera a andar e aceitou a mão que lhe oferecia.
– Vamos para tua casa – sussurrou.