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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2012 Carol Marinelli. Todos os direitos reservados.

A JOIA DO SEU HARÉM, N.º 1398 - Outubro 2013

Título original: Banished to the Harem

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.

Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.

® Harlequin, logotipo Harlequin e Bianca são marcas registadas por Harlequin Books S.A.

® e ™ São marcas registadas pela Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas que têm ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-3762-1

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

Prólogo

 

– Regresso na segunda-feira – anunciou o príncipe Rakhal Alzirz. Não ia permitir que o fizessem mudar de opinião. – Agora, vamos passar a outros assuntos.

– Mas o rei exigiu que abandone Londres imediatamente...

Rakhal cerrou os dentes ao ouvir o comentário de Abdul. Na verdade, era estranho que Abdul insistisse tanto depois de Rakhal ter expressado com tanta clareza a sua opinião sobre um assunto, dado que o príncipe herdeiro não era um homem habituado a mudar de opinião. De igual modo, nunca aceitava ordens de um assistente, mesmo que fosse mais velho. No entanto, naquele assunto, Abdul transmitia ordens que provinham diretamente do rei, o que o obrigava a mostrar-se inflexível.

– O rei insistiu que regresse a Alzirz amanhã. Não aceitará desculpas.

– Nesse caso, falarei pessoalmente com o meu pai – replicou Rakhal. – Não tenciono ir-me embora apenas porque ele mo ordena.

– A saúde do rei é delicada – recordou-lhe Abdul, com rosto compungido.

– Mais uma razão para me casar antes do fim do mês – concluiu Rakhal. – Aceito que é importante para o nosso povo saber que o príncipe herdeiro se casou, em especial, quando o rei está doente, mas...

Rakhal não acabou a frase. Não precisava de explicar mais a Abdul, por isso, mais uma vez, mudou de assunto enquanto desafiava o assistente a não lhe obedecer.

– Agora, vamos passar a outros assuntos – repetiu. – Temos de falar sobre um presente adequado para celebrar as notícias que chegaram esta manhã de Alzan. Quero expressar a minha felicidade ao rei Emir.

Um sorriso apareceu nos lábios grossos de Rakhal. Apesar das más notícias sobre a saúde do pai e do desejo do progenitor de regressar a Alzirz para escolher esposa, a semana trouxera, pelo menos, uma boa notícia.

Na verdade, eram duas boas notícias.

– Tem de ser alguma coisa cor-de-rosa – prosseguiu Rakhal.

Pela primeira vez naquela manhã, Abdul sorriu também. Tratava-se realmente de uma boa notícia. O nascimento das gémeas dava ao reino de Alzirz uma pausa muito necessitada. Não por muito tempo, porque, sem dúvida, o rei e a esposa teriam um filho varão muito em breve. No entanto, naquele momento, havia motivo para sorrir.

Há muito tempo, Alzirz e Alzan tinham sido um único país, Alzanirz, mas, depois de um período muito turbulento, o sultão decidira procurar uma solução. Um erro no nascimento dos filhos, que eram gémeos idênticos, acabara por a proporcionar. Depois de morrer, o reino de Alzanirz fora dividido entre os dois irmãos.

Fora uma solução temporária, dado que sempre se considerara que, com os anos, os dois países voltariam a unir-se. Não podia ser de outra maneira, dado que se proclamara uma lei especial para cada país que significava que, um dia, os dois estados voltariam a unir-se. Cada um dos países tinha uma lei que devia cumprir e que apenas o dirigente do país vizinho podia revogar.

Em Alzirz, onde Rakhal seria rei, o chefe de Estado só podia casar-se uma vez em toda a sua vida e o seu primogénito, sem importar qual fosse o sexo, seria o herdeiro ao trono.

Laila, a mãe de Rakhal, morrera ao dar à luz. Ele era o único filho, por isso, o país inteiro sustivera a respiração enquanto o bebé, que nascera prematuro, se agarrava à vida. Durante um tempo, parecera que as predições de antigamente iam tornar-se realidade e que o reino de Alzirz se entregaria ao rei de Alzan. Como é que um bebé nascido tão cedo conseguiria sobreviver?

No entanto, Rakhal não só sobrevivera, como se transformara numa criança muito forte.

Em Alzan, essa única lei era diferente. Lá, o rei podia casar-se novamente depois da morte da esposa, mas só os homens podiam tornar-se herdeiros. E, naquele momento, Emir era pai de duas meninas. Naquela noite, haveria grandes festejos em Alzirz. O país estava a salvo.

Naquele momento.

Como já tinha trinta anos, Rakhal não podia continuar a adiá-lo. Tivera discussões frequentes com o pai sobre aquele assunto, mas, finalmente, aceitara que chegara o momento de escolher uma esposa. Uma esposa com quem iria para a cama apenas nos dias férteis. Uma esposa que só veria para copular e em atos oficiais ou ocasiões especiais. Essa mulher teria uma vida luxuosa e confortável numa zona privada do palácio e trataria da educação de uns filhos que ele raramente veria.

Emir veria as filhas...

Rakhal admitiu que o ressentimento se apoderava dele enquanto pensava no rival, embora não sentisse ciúmes. Sabia que ele tinha tudo.

– Tem alguma ideia para o presente? – perguntou Abdul, afastando-o dos seus pensamentos.

– O que achas de dois diamantes cor-de-rosa? – sugeriu Rakhal. – Não. Tenho de pensar melhor. Quero uma coisa mais subtil do que os diamantes, uma coisa que o faça retorcer-se de raiva quando a receber.

Claro, Emir e ele mostravam-se muito corteses quando se encontravam, mas existia uma rivalidade profunda entre eles, uma rivalidade que existia desde antes de terem nascido e que se transmitiria para as gerações vindouras.

– Por uma vez, vou gostar de escolher um presente.

– Muito bem – concluiu Abdul, enquanto arrumava os seus papéis e se preparava para sair do escritório da suíte luxuosa que Rakhal ocupava no hotel. No entanto, ao chegar à porta, virou-se. – Vai ligar ao rei, não vai?

Rakhal indicou-lhe que se fosse embora com um gesto da mão. Não respondeu ao assistente. Já dissera que falaria com o rei e isso bastava.

Rakhal ligou ao pai. Ele era a única pessoa de Alzirz que não se sentia intimidado pelo rei.

– Tens de regressar imediatamente – exigiu o rei. – O povo está inquieto e tem de saber que tu escolheste uma esposa. Quero ir para a sepultura sabendo que vais ter um herdeiro. Tens de voltar e casar-te.

– Claro – concordou Rakhal, tranquilamente. Disso não havia dúvida alguma.

No entanto, recusava-se a fazer tudo o que o pai queria. Eram dois homens fortes e orgulhosos que chocavam com frequência. Eram líderes natos e nenhum deles gostava que lhe dissesse o que tinha de fazer. No entanto, havia outra razão para Rakhal decidir manter-se firme e continuar a insistir em não regressar ao seu país até segunda-feira. Se acedesse a fazê-lo imediatamente, se cedesse sem protesto algum, o pai saberia que estava a morrer.

E era assim.

Desligou o telefone e fechou os olhos durante um instante. No dia anterior, tivera uma longa conversa com o médico do pai e, portanto, sabia mais do que o próprio progenitor. O rei só tinha alguns meses de vida.

As conversas com o pai eram sempre difíceis. Quando era criança, Rakhal fora criado com as amas e apenas vira o pai em ocasiões especiais. Uma vez, quando já era um adolescente, encontrara-se com o pai no deserto e aprendera os ensinamentos dos antepassados. No entanto, naquele momento, o pai parecia querer controlar todos os seus movimentos.

Aquela era uma das razões por que Rakhal gostava de Londres. Gostava da liberdade daquela terra estranha, em que as mulheres falavam de fazer amor e exigiam coisas dos amantes que não eram necessárias em Alzirz. Por isso, queria ficar um pouco mais.

Sentia uma afinidade profunda com aquela cidade de que, claro, nunca se falava. Por acaso, descobrira que ele fora concebido naquele hotel, numa pausa breve das leis do deserto que não só custara a vida da mãe, como também ameaçara o país que governaria em breve.

Aproximou-se da janela. Observou a bruma, a chuva leve e as ruas concorridas. Não podia entregar-se completamente à atração que sentia por aquele país, pois sabia que ele pertencia ao deserto e que devia voltar.

Os ecos do deserto chamavam-no para que voltasse para casa.