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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2013 Michelle Douglas

© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.

Primeiro chegou o bebé, n.º 1436 - Julho 2014

Título original: First Comes Baby...

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-5359-1

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Volta

Capítulo 1

 

– Ben, o que dirias se te pedisse que me desses o teu esperma?

Ben deixou o seu copo de vinho na mesa, mas fê-lo com tanta força que o entornou. Não podia acreditar no que tinha ouvido. Ficara tão atónito que nem conseguia respirar. Segundos antes, quando perguntara a Meg no que estava a pensar, assumira que estaria preocupada com Elsie ou com o seu pai. Nem num milhão de anos teria imaginado uma coisa assim.

Recostou-se no sofá e agarrou-se ao apoio de braços. Brevemente, desejou estar no México e não ali, em Fingal Bay.

Dador de esperma? Ele?

– Em primeiro lugar, deixa que te explique o motivo do meu pedido – continuou Meg. – Falaremos depois sobre o teu papel na vida do bebé.

Ben inclinou-se para diante e apontou-lhe um dedo.

– Para que raio queres um dador de esperma? – perguntou. – Tu não necessitas de fertilização in vitro... Tens vinte e oito anos, como eu! E a vida inteira por diante para ficar grávida.

– Não, isso não é verdade.

Ben olhou para ela com desconcerto. Meg sentou-se no sofá, engoliu em seco e esfregou as mãos, nervosa. A sua cabeleira loira caía-lhe sobre os ombros.

– O médico disse-me que corro o perigo de ficar estéril.

Ben sentiu um nó na garganta. A sua amiga sempre tinha sonhado ter filhos. Gostava tanto de crianças que era proprietária de uma creche. E estava certo de que seria uma mãe extraordinária.

– Já decidi. Vou submeter-me a um processo de fertilização.

Ele assentiu. O pedido estranho começava a fazer sentido.

– Obrigada – disse ela, com um sorriso fraco. – Suspeito que nem toda a gente vá ser tão atenciosa como tu, mas... Não tenho medo de ser mãe solteira. Estou bem a nível financeiro. E não tenho a mínima dúvida de que saberei cuidar de mim mesma e de um bebé.

Ben também não tinha nenhuma dúvida. Fora franco ao afirmar que seria uma mãe excelente. Meg não seria fria, nem distante. Cuidaria maravilhosamente do seu filho e encher-lhe-ia os dias de amor e felicidade.

Dar-lhe-ia o que nem ele nem ela tinham tido na sua infância.

– Se a minha proposta te desagradar ou se simplesmente te incomodar, diz-me e esquecerei o assunto imediatamente.

Ben guardou silêncio.

– Ben? Estás a ouvir-me?

Ele assentiu e esteve prestes a sorrir pelo seu tom de voz seco e mandão, típico de Meg quando ficava séria.

– Sim, é óbvio.

– És o meu melhor amigo. Confiar-te-ia a minha vida... Desse ponto de vista, é lógico que também te confie uma vida que será fundamental na minha existência. Além disso, és inteligente e gozas de boa saúde, tudo o que necessito num dador. E, embora não o admitisse diante de terceiros, admiro-te profundamente.

Ben respirou fundo.

– Faria qualquer coisa para ser mãe, mas o procedimento de fecundação in vitro parece-me muito frio se não tiver ninguém com quem partilhar a experiência – continuou Meg. – Mas se o dador fosses tu... Também não seria assim tão terrível, pois não? Assim, pelo menos, teria respostas para o meu filho quando fizesse perguntas sobre o seu pai.

Ben passou um dedo pelo interior do colarinho da camisa.

– Que tipo de perguntas?

– A cor do cabelo e dos olhos, se és divertido, se és amável... Essas coisas.

– Pois...

– Sei que é um pedido estranho, mas quero deixar bem claro que não tenho intenção de assentar e que sei perfeitamente que tu não queres ter filhos. Não é o que estou a pedir-te. Não espero nenhum tipo de compromisso da tua parte. Tu serias algo como o seu tio preferido. Mais nada – Meg olhou para ele durante alguns segundos e acrescentou: – prometo-te que o teu nome não aparecerá na certidão de nascimento, a menos que desejes o contrário. Prometo-te que a criança nunca saberá que és o seu pai. E, embora ache que nem é preciso dizê-lo, não te pedirei ajuda financeira, nem espero que ma dês.

Ben sorriu. Meg sempre fora ferozmente independente. Independente, mandona e arrogante. Certamente, acreditava que ganhava mais dinheiro do que ele.

– De qualquer forma, conheço-te e sei que, quer aceites a minha proposta quer não, adorarás e apoiarás o meu filho do mesmo modo que me adoras e me apoias... Só te peço que me digas o que pensas.

– De certeza que queres saber?

– Sim.

– Pois, penso que me preocupa a tua saúde.

Ben foi sincero. Sabia que Meg sofria de endometriose. Vira-a muitas vezes em momentos em que quase não conseguia suportar a dor. Mas, até àquele momento, pensava que o tinha superado. E lamentou-o amargamente.

Afinal, Megan Parrish era o mais parecido que tinha a uma família. Os seus pais nunca tinham agido como tal e quanto a Elsie, a sua avó, estava em dívida com ela porque o tinha criado, se encarregara de que fosse para a escola e o levara ao médico cada vez que ficava doente, mas mais nada. Elsie tinha cuidado dele sem prazer algum, por simples obrigação e, aparentemente, aceitava as suas visitas esporádicas da mesma forma.

Ben tinha-se assegurado de que não faltasse nada à sua avó na velhice. Mas isso era tudo o que estava disposto a fazer por ela. De facto, só a visitava para que Meg ficasse contente.

Definitivamente, Ben não podia dizer nada de bom da família. Só podia dizer coisas boas da amizade. E Meg era a melhor amiga que alguma vez tivera. Dera-lhe a sua lealdade, o seu apoio e o seu afeto desde que se tinham conhecido à entrada da casa de Elsie, quando ele tinha apenas onze anos.

– Não estou a falar da minha saúde – protestou ela.

– Mas eu estou. Estás bem?

Meg alcançou o copo de vinho de que se servira durante o jantar e bebeu um gole.

– É óbvio.

Ben não se deixou enganar.

– De certeza?

Ela encolheu os ombros.

– Claro... Estou naquela altura do mês. Tu sabes...

Ben sentiu vontade de se levantar, aproximar-se da sua amiga e dar-lhe um abraço longo e carinhoso. Faria qualquer coisa para lhe devolver a saúde e lhe evitar a dor.

– Suponho que Elsie to tenha contado – continuou ela. – Sofri algumas recaídas com a endometriose nos últimos meses.

Ele assentiu. Tinha chegado a Fingal Bay naquela manhã e, assim que Meg o vira, empenhara-se em que fizesse uma visita à sua avó, que o pusera ao corrente de tudo. Elsie só sabia falar de duas coisas: da saúde de Meg e da saúde do pai de Meg.

– A endometriose é a causa de que possas ficar estéril?

– Sim. É por isso que te peço que me does o teu esperma. A ideia de ter um filho graças a um desconhecido é muito inquietante.

– Mas não esperas que me responsabilize pela criança...

– De maneira nenhuma – assegurou. – Se te sentes pressionado nesse sentido, retirarei a minha proposta imediatamente.

Ben sabia que dizia a verdade e que não tinha outra opção senão conceder-lhe o seu desejo. Tinha recorrido a ele porque confiava nele. E já estava à procura das palavras certas quando ela esticou as pernas e lhe roçou um joelho.

Ben estremeceu e regressou ao momento em que se apercebera de que Meg se convertera numa mulher extraordinariamente bela. Tinham passado dez anos desde aquela noite, mas não a tinha esquecido. O que ao princípio seria um gesto de afeto estivera prestes a converter-se num gesto de paixão. E Ben pensava que teria sido o pior erro da sua vida, pois estava convencido de que teria prejudicado a sua amizade.

– Ben, tenho outro motivo para desejar uma gravidez...

– Ao que te referes?

– A que ninguém sofre de endometriose durante a gestação. De facto, às vezes a doença desaparece depois do parto.

As palavras de Meg reafirmaram a sua decisão de a ajudar. Mas, antes de dar o seu consentimento, queria ter a certeza absoluta de que a entendera bem.

– Deixa-me ver se entendi... Ninguém saberá que eu sou o pai do bebé. Será como se tivesses recebido o esperma de um dador anónimo.

– Exato.

– E eu não serei mais nada do que... o tio Ben.

– Mais nada.

Ben levantou-se. Meg não estava a pedir-lhe mais do que podia dar. Queria ser mãe e merecia ter a oportunidade de o ser.

– Muito bem. Ajudar-te-ei em tudo o que puder.

O coração de Meg começou a pulsar tão depressa que pensou que ia sofrer um enfarte. Mas não aconteceu nada, portanto, saltou do sofá e atirou-se nos braços do homem de um metro e oitenta e sete que era o seu melhor amigo.

– Obrigada, Ben! Obrigada!

Meg afastou-se rapidamente ao sentir uma vaga de calor que não tinha nada a ver com a amizade, uma vaga que sentia em todas as breves visitas de Ben.

– Tens a certeza de que não precisas de tempo para pensar?

Ele abanou a cabeça.

– Sei tudo o que tenho de saber. E tu sabes tudo o que necessitas de saber de mim – recordou-lhe. – Se estás decidida a ser mãe solteira, vou ajudar-te.

Meg sorriu de orelha a orelha.

– Não sabes como me fazes feliz...

– Claro que sei.

O sorriso de Ben reavivou o calor de que tinha fugido e devolveu-lhe a lembrança do único beijo que tinham dado. Tinham passado dez anos desde então, mas não conseguia esquecê-lo. Entre outras coisas, porque tinha a convicção de que, se tivessem ido mais longe, ele teria saído da sua vida e não teria voltado a vê-lo.

A ideia pareceu-lhe tão terrível que sentiu náuseas.

– Como estás a lidar com a diferença horária? – perguntou-lhe.

Ele cruzou os braços e levantou o queixo num gesto orgulhoso que enfatizou a sua linguagem corporal de mau rapaz.

– Já te disse milhares de vezes que as diferenças horárias não me afetam. Quantas vezes tenho de to repetir?

Ben dedicou-lhe um sorriso que teria enfeitiçado qualquer mulher.

Mas ela não era qualquer mulher.

– Tenho fruta e queijo, se tiveres fome – disse, mudando de assunto. – Pensei que podíamos ir para o terraço, comer qualquer coisa e apreciar a vista. Embora seja primavera e ainda esteja fresco, a lua cheia é linda.

Ele encolheu os ombros.

– Parece-me bem.

Depois de tirar o queijo e a fruta do frigorífico, saíram para o terraço e sentaram-se em duas cadeiras. A luz da lua e das casas da baía refletia-se na superfície do mar. Meg respirou fundo numa tentativa de se acalmar. Ainda não podia acreditar que fosse ter um filho. Era o dia mais feliz da sua vida.

– Elsie disse-me que o teu pai esteve doente – disse ele.

Meg limitou-se a assentir enquanto cortava uma fatia de queijo.

– Disse que teve uma infeção nos rins.

Meg soltou um suspiro.

– Sim, receio que sim. Adoeceu de repente e tive de me mudar para a sua casa para cuidar dele – explicou.

A doença do seu pai tinha-a obrigado a deixar o seu apartamento em Nelson Bay, embora continuasse a ser a diretora da creche que tinha. A mudança fora apenas temporária e nem sequer tinha melhorado a sua relação com o seu pai. Tinha servido para se assegurar de que comesse três vezes por dia e tomasse a medicação.

– Como está agora?

– Totalmente recuperado. Mudou-se para um apartamento da zona. Disse que queria estar mais perto do médico, das lojas e do bólingue.

Nelson Bay ficava a apenas dez minutos do centro de Port Stephens, em cujo extremo sul se encontrava a localidade de Fingal Bay, a pequena vila costeira onde Ben e ela tinham crescido.

Meg adorava-a.

Mas Ben odiava-a.

– Tenho a sensação de que disse isso como desculpa – continuou. – Foi-se embora porque não suportava estar na mesma casa que a sua única filha.

Ben bebeu um gole de vinho e olhou para ela com recriminação.

– Bolas, Meg, porque te empenhas em ser tão negativa com o teu pai? De certeza que se foi embora porque não queria que a sua filha se sacrificasse por ele.

Ela soltou uma gargalhada. Ben podia ser incrivelmente ingénuo.

– Achas? – disse com humor.

Meg não tinha a mínima dúvida a esse respeito. A sua mãe falecera quando ela tinha oito anos e, desde então, o seu pai tinha-se comportado como se fosse uma estranha. Não podia negar que trabalhara arduamente para a criar, mas sempre com frieza e distanciamento emocional.

Quando voltou a olhar para Ben, viu que tinha semicerrado os olhos. E não parecia que estivesse a apreciar a paisagem.

– Não há quem entenda os pais, pois não? – perguntou-lhe.

– Não. Mas há uma grande diferença entre tu e eu... Eu deixei de tentar entendê-los. Já não me importa.

Meg pensou que a primeira parte da sua afirmação era tão verdadeira como falsa a segunda, mas não disse nada.

– Devias desistir da tua obsessão por o entender, Meg.

Ela encolheu os ombros.

– Já que estamos a falar da família, como correu hoje com Elsie?

– Oh, muito bem... Fartámo-nos de rir – respondeu com sarcasmo.

Meg estremeceu. Quando ele era criança, a mãe de Ben deixara o filho com a avó e fora-se embora. Não o vira uma única vez desde então. Nem sequer lhe tinha telefonado. E Elsie, que nunca fora uma mulher carinhosa, tornara-se ainda mais fria, ao ponto de que nunca lhe dera um simples abraço.

– Sinceramente, não sei o que se passa com aqueles dois.

– Nem eu, mas são iguais.

Meg abanou a cabeça.

– A sério que nos importa? – perguntou ele.

Meg teria gostado de dizer que não lhe importava, mas teria mentido. Ao contrário do seu pai, era incapaz de conter os seus sentimentos. E ao contrário de Ben, era incapaz de os esconder no fundo do seu coração.

– Sabes o que mais me incomoda? Que, por causa do teu pai, agora te encontres presa nesta casa gigantesca.

– Bom, não estou exatamente presa... Ofereceu-ma. Entregou-me a escritura antes de se ir embora.

– A sério? Porquê?

Meg cortou outra fatia de queijo, levou-a à boca e encolheu os ombros.

– Não tenho ideia.

Ben inclinou-se para diante.

– E aceitaste-a sem mais nem menos?

– Sim.

– Porquê?

– Porque parecia importante para ele.

Os olhos azuis de Ben cravaram-se nela.

– Já sabes o que vai acontecer, não sabes? Não sei como, mas isso acabará noutra deceção para ti – afirmou.

– É possível. Mas vê o lado positivo. A casa é tão grande que terei espaço de sobra para mim e para o meu filho.

Ben soltou uma gargalhada.

– Sim, isso é inegável. Uma monstruosidade branca com cinco quartos, uma sala de jantar, uma sala de estar, um salão de jogos e uma garagem com capacidade para três carros... É uma pena que tenha um pequeno problema.

– Qual?

– Limpar uma casa tão grande será um pesadelo.

– Não é para tanto. Até porque contratei uma pessoa para que ma limpe.

– Pois, eu preferia uma tenda.

Meg sorriu e pensou que, definitivamente, uma tenda combinava muito mais com ele do que uma mansão.

– Suponho que vais ficar uma semana, como sempre – disse ela.

– Sim, já me conheces.

– Importas-te se marcar uma consulta médica na quarta ou na quinta-feira? Digo-to porque eu gostaria que me acompanhasses...

– Enquanto estiver em Fingal Bay, sou todo teu.

– Obrigada.

Meg estremeceu outra vez ao olhar para ele, portanto, cortou outra fatia de queijo e virou-se para a baía para disfarçar as suas emoções.

– Já me disseste que acabaste no México com um dos teus grupos de turistas, mas o que vais fazer agora?

– Esquiar para o Canadá.

Ben dedicava-se ao turismo de aventura, trabalhava para várias agências de viagens e era tão solicitado que podia escolher o que mais gostasse. Meg perguntou-se o que faria quando tivesse visto tudo. Recomeçaria do princípio?

– Ainda não deste a volta ao mundo num veleiro, pois não?

– Não, ainda não.

Meg perguntou-o porque sabia que era o sonho da sua vida. E estava certa de que algum dia o levaria a cabo.

– Deve demorar-se muito... Tens a certeza de que conseguirias aguentar tanto tempo sem companhia feminina?

Ben sorriu.

– Nunca ouviste o que se diz dos marinheiros? Uma mulher em cada porto...

Meg soltou uma gargalhada. Mas, conhecendo o seu amigo, supôs que o comentário não fosse uma brincadeira.

Ben não saía mais de duas semanas com a mesma mulher. Não queria arriscar-se a que se tornassem possessivas ou mandonas com o tempo. Adorava a sua liberdade e recusava qualquer tipo de relação que a pusesse em perigo.

Mas essa característica convertia-o no candidato perfeito para ela. O melhor dos dadores possíveis.

Meg sorriu para si.

Ia ser mãe.