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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2012 Jackie Braun Fridline

© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.

Falso amor, n.º 1438 - Julho 2014

Título original: The Pretend Proposal

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-5361-4

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Epílogo

Volta

Capítulo 1

 

Thomas Waverly necessitava de uma noiva.

E não tinha muito tempo, portanto, não podia ser muito exigente. E, embora estivesse a rever mentalmente a sua agenda, sabia que nenhuma das mulheres com que tinha namorado no passado serviria. Todas interpretariam mal a situação. Todas esperariam que o seu pedido de casamento fosse verdadeiro. Mas o anel de noivado e todas as conversas a respeito de um casamento futuro só serviriam para fazer feliz a sua avó.

A Nana Jo estava a morrer.

Pelo menos, era o que ela dizia.

O médico garantira a Thomas que Josephine O’Keefe gozava de boa saúde, tendo em conta que era uma mulher que estava prestes a fazer oitenta e um anos, a quem tinham posto uma prótese na anca no ano anterior e que vinte anos antes tivera um cancro da mama. Às vezes, tinha arritmia, mas tinham-lhe prescrito medicação e, segundo o médico, estava a fazer efeito. No entanto, a Nana Jo opinava algo muito diferente.

Estava a morrer.

Durante o último ano, sonhava todas as noites com o seu falecido marido e com a sua filha, a mãe de Thomas, e a Nana Jo estava certa de que os sonhos eram o presságio da sua própria morte e nada do que Thomas dissesse poderia convencê-la de outra coisa.

No Natal anterior, quando ele viajara até ao Michigan para passar as festas com a Nana Jo no seu apartamento de Charlevoix, ela dissera-lhe que o único presente que queria era que o seu único neto se casasse antes de ela morrer.

Ela tinha-o criado depois de a sua mãe falecer num acidente de carro e de o seu pai se entregar à bebida. Thomas tinha oito anos e praticamente também tinha perdido o seu pai. A Nana Jo não hesitara e, em vez de desfrutar da reforma, dedicara-se a criar o neto a tempo inteiro. E fizera um trabalho excecional.

Como podia negar-lhe o seu desejo? Como podia permiti-lo? Estava numa situação sem saída. Portanto, decidiu mentir.

Mas não se sentia orgulhoso disso. Thomas não gostava de deturpar a verdade, nem nas suas relações pessoais, nem nas laborais, mas estava disposto a fazer qualquer coisa para aliviar a preocupação que via nos olhos da sua avó.

Portanto, embora naquele momento não tivesse nenhuma relação com uma mulher, dissera à sua avó:

– Namoro com uma pessoa especial há uns meses.

As suas palavras tinham melhorado consideravelmente o estado de espírito da Nana Jo. E com razão. Ele nunca tinha namorado mais de três meses com uma mulher. Depois desse tempo, elas esperavam sempre que acontecesse mais, como por exemplo que trocassem as chaves de casa, poder deixar uma escova de dentes na sua casa de banho e possivelmente que lhes cedesse uma gaveta da sua cómoda.

Aos três meses tornavam-se dependentes. E Thomas sabia que não demorariam a pedir-lhe que lhes dissesse «amo-te».

Não, obrigado.

Ele vira como o amor tinha afetado o seu pai. Tinham passado vinte e sete anos desde a morte da mãe de Thomas, mas Hoyt Waverly ainda não conseguia enfrentar a viuvez sem beber um copo de uísque. Durante anos, as marcas tinham aumentado o seu preço ao mesmo tempo que a capacidade económica de Hoyt tinha ido diminuindo. Também se tinha deteriorado a saúde dele. E Thomas só o via de vez em quando, quando aparecia na sua casa porque lhe tinha acabado o dinheiro.

Thomas não queria acabar como o seu pai, portanto, tomara a decisão de terminar todas as suas relações antes que passassem três meses, às vezes inclusive antes, se a mulher se apaixonasse rapidamente.

Não era que Thomas não tivesse um dom com as mulheres. Considerava-se um homem atraente e ganhava bem. Não era milionário, já que tinha investido muito dinheiro no seu próprio negócio, mas levava uma vida confortável graças a trabalhar muito e a alguns investimentos. Mesmo assim, o que realmente parecia atraente às mulheres era a sua maneira de se comportar.

Pelos vistos, em pequeno prestara muita atenção aos conselhos da Nana Jo. Ela insistira muito em que fosse educado, cavalheiresco, atencioso e que mostrasse interesse pelas opiniões e pelos gostos dos outros, mesmo que na realidade não lhe interessassem. Como resultado, muitas mulheres tinham-lhe expressado o desejo de se converterem na senhora Thomas Waverly. Mas ele não estava disposto a contrair casamento. Nem naquela altura, nem nunca.

Durante os últimos meses, a Nana Jo estivera convencida do contrário. Para ela, ter uma relação com alguém especial implicava acabar no altar.

Thomas deveria tê-la esclarecido. Mas ela estava tão entusiasmada que só falava daquilo cada vez que falavam ao telefone, portanto, Thomas não tivera a coragem de o fazer. Cada vez que surgia o assunto, respondia brevemente e começava a falar de outra coisa. Mesmo assim, a sua avó estava convencida de que ia casar-se com uma tal Beth.

Ele não estava certo de onde tinha tirado o nome. Só que lhe parecia um bom nome para a mulher encantadora que a sua avó acreditava que lhe tinha roubado o coração.

A Nana Jo insistia em conhecer a sua noiva e não estava disposta a aceitar um «não» como resposta. Se Thomas não levasse a sua noiva à casa da Nana Jo no fim de semana do Quatro de Julho, a sua avó ameaçava entrar no carro e conduzir um longo trajeto para ir conhecer Beth.

Não gostava da ideia de que a sua avó se metesse com o carro na autoestrada, onde o resto dos veículos circularia a muito mais velocidade do que ela. Mas, se lhe contasse a verdade, ela voltaria à história de que estava prestes a morrer. E Thomas não suportava essa ideia.

A única solução que lhe ocorria era arranjar uma noiva e, depois de um tempo razoável, terminar a relação com ela. Se ele parecesse destroçado, talvez a Nana Jo deixasse de o pressionar.

De repente, bateram à porta.

– Com licença, Thomas.

Ele levantou o olhar e viu que a sua secretária o olhava da porta com cara de preocupação. Annette era vinte anos mais velha do que Thomas e, tal como a sua avó, preocupava-se com ele. Ela também pensava que com a sua idade já deveria ter-se casado ou, pelo menos, ter uma relação séria com uma mulher.

– Está tudo bem? – perguntou ela.

– Dói-me a cabeça – murmurou ele. E, de certo modo, era verdade. Era segunda-feira e tinha até quinta-feira para solucionar o seu problema. Empurrou a cadeira e pôs-se de pé. – Acho que vou para casa mais cedo.

– Ah... – Annette franziu os lábios.

– Algum problema?

– Não. Na realidade, não. Só que a diretora da Literacy Liaisons quer ver-te.

– Agora? – ela assentiu. Ele agarrou na sua agenda e disse: – Não me lembro de lhe ter concedido uma reunião.

– Porque não a pediu. Veio sem avisar, confiando em que pudesses dedicar-lhe alguns minutos do teu tempo – Annette abanou a cabeça. – Tudo bem. Dir-lhe-ei que tem de marcar uma reunião. Talvez na próxima semana?

Thomas levantou uma mão.

– Não. Não é necessário. Recebê-la-ei agora. É melhor que trate disto o quanto antes – esfregou as têmporas. – Suponho que venha à procura de um donativo.

– Imagino que sim – disse a secretária.

Quando a mulher entrou no escritório, três coisas chamaram a atenção de Thomas. A primeira, a sua baixa estatura, apesar de usar uns sapatos de salto alto do mesmo tom cinzento que as suas calças, não devia ultrapassar um metro e sessenta e cinco. A segunda, a sua boca. Tinha os lábios carnudos e o seu sorriso iluminava-lhe os olhos escuros. Além disso, o seu nariz ligeiramente arrebitado e salpicado de sardas e a sua cabeleira curta loira tornavam-na mais atraente do que bonita. E a terceira, que não usava aliança. De facto, além de uns brincos de pérolas, não usava nenhuma joia.

Ele olhou para ela envergonhado e intrigado pela direção que tinham tomado os seus pensamentos. «E se...? Não.»

– Boa tarde, senhor Waverly. Sou Elizabeth Morris – estendeu-lhe a mão para o cumprimentar. – Obrigada por me receber apesar de não o ter avisado com antecedência.

Ele apertou-lhe a mão. Uma mão pequena e suave, mas das que apertam com força e decisão. Gostava disso. Não havia nada pior do que apertar a mão de forma delicada, mesmo que o fizesse uma mulher que mal parecia ter idade suficiente para beber álcool.

– Sente-se – disse-lhe.

– Tenho a certeza de que já sabe que vim pedir-lhe dinheiro – sorriu.

Thomas começou a sentir que diminuía a sua dor de cabeça.

– A Waverly Enterprises está sempre interessada em ajudar as obras de caridade da nossa comunidade. Porque não me fala um pouco a respeito da sua?

Ela suspirou, como se se sentisse aliviada por ver que Thomas não ia expulsá-la.

– A Literacy Liaisons dedica-se a ajudar pessoas adultas da nossa comunidade a aprender a ler.

– Há realmente muito analfabetismo em Ann Arbor?

– Surpreende-o?

– Um pouco – na cidade havia a Universidade do Michigan e também um dos melhores serviços médicos da América do Norte.

– Apesar de vivermos numa cidade onde há uma universidade e em que muitos habitantes receberam educação superior, há pessoas das comunidades da periferia que são analfabetas ou analfabetas funcionais. Isso significa que talvez consigam ler o suficiente para ir ao supermercado, mas não para manter um emprego. Muitas acabam por viver no limiar da pobreza ou inclusive na rua. Não apresentam um baixo quociente de inteligência, mas a algumas diagnosticaram problemas de aprendizagem, como dislexia. Em crianças, viram-se afetadas pelas falhas do sistema educativo e, em adultas, continuam na mesma situação. O nosso objetivo é mudar isso.

Quando terminou de falar, acomodou-se na cadeira.

– Mas para isso faz falta dinheiro.

– Sim. Embora tenhamos muitos voluntários para dar as aulas, há que proporcionar-lhes material e, às vezes, inclusive cobrir as despesas de transporte se o cliente for indigente. Lidamos com pessoas com baixos rendimentos que, de outro modo, não poderiam permitir-se esses serviços.

– E há quanto tempo existe a Literacy Liaisons?

– Há quase dez anos.

– E há quanto tempo trabalha lá?

– Fundei-a eu, senhor Waverly.

– Quantos anos tem? – perguntou sem pensar. Desculpou-se imediatamente. – Desculpe. Só que...

– Pareço muito jovem. Eu sei – puxou as lapelas do casaco e acrescentou: – Apesar do fato.

O seu sentido de humor apanhou-o desprevenido. Thomas estava certo de que a tinha ofendido com o comentário. Uma vez que não sabia o que dizer, desculpou-se pela segunda vez.

Ela aceitou o pedido de desculpas e continuou.

– Tive a ideia de fundar a Literacy Liaisons quando estava a estudar Ciências da Educação.

– Na Universidade do Michigan? – perguntou ele, tentando ver se tinham algo em comum.

– Lamento. Espero que isto não faça com que diminua o seu interesse no meu programa, mas sou uma Spartan, estudei na Michigan State.

– É uma boa universidade.

– Boa resposta – riu-se. – Deduzo que seja um Wolverine – disse ela, referindo-se aos alunos da Universidade do Michigan.

– Assim é – admitiu.

– É uma boa universidade – disse ela, imitando a sua resposta. Ambos se riram antes que ela continuasse. – Resumindo, quando me licenciei, decidi abrir o centro em vez de dar aulas numa escola.

– Porquê?

Ela humedeceu os lábios.

– Dei-me conta de que havia carências.

«Não só», pensou Thomas ao ver a expressão do seu rosto. Mostrava determinação e talvez tristeza?

– A nossa principal fonte de financiamento é o Estado, mas agora não há muito dinheiro. Fizeram-se muitos cortes. Infelizmente, embora a educação da população seja muito importante para a prosperidade económica, reduziram-nos significativamente o financiamento nos últimos dois anos.

– Portanto, está à procura de financiamento a partir da comunidade empresarial.

– De facto, estou a fazer mais do que isso. Estou a tentar arranjar um fundo para assegurar a viabilidade do centro tanto em tempos de bonança económica como de escassez. Não é fácil pedir dinheiro, por muito boa que seja a causa. Preferia não ter de o fazer todos os anos – sorriu.

– Então, tem sentido criar um fundo.

Quanto mais falava, mais impressionado ficava com a sua determinação. Não conhecia mais nenhuma mulher que tivesse criado uma instituição sem fins lucrativos ao sair da universidade e que, dez anos mais tarde, andasse a percorrer as ruas para se assegurar de que continuasse a ser viável.

Como é óbvio, as mulheres com que saía costumavam ser mais egocêntricas do que filantrópicas. Muitas delas nem sequer necessitavam de um emprego graças a terem um fundo fiduciário ou um pai muito indulgente. Fisicamente também eram muito diferentes de Elizabeth Morris. Nenhuma era tão baixa como ela. Todas pareciam modelos, altas e com pernas esbeltas. Muito bonitas e modernas. Nenhuma usaria um fato como o de Elizabeth Morris. E isso fazia com que ela fosse ainda mais adequada.

«E se...?»

Por muito que tentasse evitar aquela pergunta inapropriada, não parava de aparecer na sua cabeça.

Ela pigarreou e ele apercebeu-se de que ficara a observá-la. Era a segunda vez que se comportava de forma mal-educada com ela. Antes que pudesse desculpar-se, ela pôs-se de pé.

– Penso que já o incomodei o suficiente. Deixar-lhe-ei informação adicional sobre a nossa instituição e a nossa campanha para angariação de fundos. A informação de contacto está no folheto, caso tenha alguma pergunta.

Tirou uma pasta da sua mala e deixou-a sobre a mesa sem sorrir. Não parecia zangada, mas um pouco desanimada. Quem podia censurá-la? Thomas supunha que se deparasse com muitas portas fechadas e respostas negativas durante a angariação de fundos.

– Por favor, sente-se. Vou já dar-lhe uma olhadela – disse ele.

Dentro da pasta encontrou vários textos sobre o projeto e também sobre a situação económica do fundo solidário. Estava prestes a atingir dois terços do seu objetivo.

– Vejo que esteve muito ocupada.

– Ando há quase nove meses a dedicar-me a isto. Mas ultimamente vai mais devagar – encolheu os ombros. – Por causa da economia.

Sim. A economia também tinha causado estragos na Waverly Enterprises, fazendo com que Thomas e os diretores de diferentes departamentos estudassem atentamente o orçamento da empresa para poupar. A festa de Natal reduzira-se a um simples almoço, os salários estavam congelados e alguns postos baixos tinham sido cortados.

Mesmo assim, ele tinha tentado não cortar muito nos donativos solidários, não só porque ofereciam a possibilidade de dedução fiscal, mas também porque acreditava firmemente na responsabilidade social.

Ensinar as pessoas a ler era algo fundamental. E Thomas gostava de apoiar projetos como aquele, em que os donativos se destinariam a um programa que já estava em funcionamento.

De repente, sentiu um aroma subtil a maçã e a ideia que rondava a sua cabeça desde que aquela mulher entrara no seu escritório tornou-se mais forte.

«E se...?»

A pergunta já não lhe parecia tão descabelada. E pedi-lo também já não lhe parecia um gesto tão interesseiro. Afinal, um donativo generoso podia assegurar a viabilidade do projeto da Literacy Liaisons. Ajudar-se-iam um ao outro.

Além disso, Elizabeth Morris parecia uma mulher prática, das que veria a sua proposta como o que era: um acordo financeiro que beneficiaria ambos.

– Tem alguma pergunta? – perguntou ela, sorrindo outra vez.

Tinha, mas Thomas perguntou-lhe algo muito diferente.

– Há alguém que lhe chame Beth?

Capítulo 2

 

Elizabeth ficou boquiaberta. Aquela pergunta não contava entre todas as que imaginava que poderia ter-lhe feito. Que lhe perguntasse sobre o seu passado ou o seu negócio? Sim. Sobre o seu nome? Não. Mas, uma vez que seria falta de educação questionar porque perguntava tal coisa, quase tanto como aparecer no escritório dele sem hora marcada, fez o possível para disfarçar a sua surpresa e responder-lhe com sinceridade.

– Nunca me chamaram Beth.

O seu nome era Lizzie. E trocara-o ao atingir a maioridade. Gostava mais de «Elizabeth» porque era mais formal e parecia-lhe que suscitava mais respeito.

Ele respirou fundo, como se se preparasse para anunciar algo muito importante. Mas a única coisa que disse foi:

– «Beth» combina consigo.

– Talvez esteja a confundir-me com outra pessoa – sugeriu ela, sem saber o que dizer.

A conversa dera uma estranha reviravolta e, embora não pudesse dizer que fosse uma perita na questão dos homens, o olhar daquele era inquietante. E também um pouco lisonjeador. Os homens tão atraentes como Thomas Waverly não costumavam dedicar-lhe tempo, independentemente de ter hora marcada com eles. Certamente, não a olhavam como ele estava a olhá-la. Como se estivesse mais interessado numa relação pessoal do que em entregar-lhe algum donativo.

– Talvez – disse ele, antes de desviar o olhar.

Elizabeth começou a levantar-se.

– É melhor que me vá embora. Obrigada mais uma vez pela sua atenção – mordeu o lábio inferior antes de acrescentar: – Espero que possamos contar com a Waverly Enterprises entre os nossos colaboradores.

Ele tirou o cartão de visita da pasta que lhe tinha entregado e olhou para ela.

– Entrarei em contacto consigo. Garanto-lhe.

– Ótimo – deveria sentir-se aliviada e contente. No entanto, perguntava-se porque estava tão nervosa e porque tinha aquela sensação estranha a respeito daquele homem. Thomas Waverly não era um homem, era um potencial colaborador com muito dinheiro.

Thomas levantou-se da cadeira e ela reparou no seu corpo musculoso e nas suas costas largas. Era um homem que emanava pura testosterona.

A Elizabeth caiu-lhe a mala das mãos. Ao ver que Thomas contornava a secretária, apertou os lábios. Ele agachou-se para apanhar a mala antes que ela pudesse mexer-se. Esperava poder ir-se embora dali antes que parecesse uma idiota.

– Isto pesa bastante – disse ele, com um sorriso.

– Obrigada.

Ao dar-lhe a mala, os seus dedos roçaram-se e ela sentiu vontade de suspirar. Estava na altura de se ir embora. Durante o mês anterior tinha conseguido alguns donativos dos negócios locais da comunidade. A pouco e pouco ia conseguindo dinheiro, mas o fundo da Literacy Liaisons necessitava desesperadamente do apoio da Waverly Enterprises.

Portanto, sem hesitar, Elizabeth foi-se embora.