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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2008 Teresa Carpenter

© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.

Amor e dever, n.º 1134 - Dezembro 2014

Título original: Her Baby, His Proposal

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2009

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-5874-9

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Volta

Capítulo 1

 

Olá, querida. Divertimo-nos, mas acabou. Não posso ser pai. Como tu própria dizes, ainda não amadureci. Desejo-te o melhor. Boa sorte com o bebé.

Tad

P.S.: Usei o computador de Tracy para te abrir uma conta on-line e tirei o dinheiro que me devias. A senha é «adeus».

 

Jesse Manning amarrotou o bilhete colado ao teste de gravidez e deitou-o fora. Mensagem recebida. Angustiada, correu para o computador de Tracy e entrou na sua conta. Tad deixara-a sem dinheiro, sozinha e, talvez, embora esperasse que não fosse assim, grávida.

Afastou o cabelo do rosto e respirou fundo para afugentar o pânico.

Com uma gargalhada histérica, recordou que era Tad que lhe devia dinheiro a ela e que fora ele que insistira que abrisse uma conta no banco.

Além disso, Tracy pedira-lhe cento e cinquenta dólares porque não conseguia pagar a renda, portanto a sua situação financeira e emocional era dramática.

Telefonou para o banco para tentar anular a transferência, mas disseram-lhe que tinha de fazer a reclamação por escrito e avisar a polícia do roubo.

Jesse pensou que o faria. Já não protegeria Tad. O que fizera era imperdoável.

O seu desaparecimento não a surpreendia. Na verdade, há muito tempo que a sua relação acabara. O incrível era que não tivesse em conta que não só a roubava a ela, como também, pelo menos potencialmente, o seu filho.

Há um ano, deixara-o e mudara-se para San Diego, mas cometera o erro de acreditar que ele mudara quando, há três meses, aparecera à sua porta.

Com o dinheiro, Tad acabara de lhe roubar os seus sonhos. Mais uma vez. Desejava ensinar e há muito tempo que poupava para poder pagar os estudos enquanto conseguia o direito de residência na Califórnia.

Teria de voltar a começar do zero.

Pôs de parte o teste de gravidez, penteou o cabelo, pôs rímel e correu para o autocarro. Não tencionava sofrer por Tad a ter deixado. Não o merecia.

Enquanto trabalhava no restaurante Green Garter, perto do porto, continuou a reflectir sobre a sua situação económica desastrosa. Portanto, quando Stan lhe disse que precisava de pessoal para o turno da tarde, ofereceu-se.

– Ruiva! – chamou-a alguém. – Precisamos de outra ronda.

Jesse cerrou os dentes ao ouvir o nome odiado e assentiu para indicar que ouvira. Pelo canto do olho, viu o seu chefe com um sorriso enorme para lhe recordar que era assim que devia tratar os clientes e, obedientemente, sorriu.

Quando começou o segundo turno, sentia dor de cabeça e uma pontada no estômago recordou-lhe que não comera. Mesmo assim, não tinha vontade de comer. Sabia que devia fazê-lo para manter o nível de energia, mas nos últimos dias não se sentira bem. Algo a que não dera nenhuma importância até perceber que não tivera o período.

Mas aquele não era o momento adequado para pensar na sua possível, embora pouco provável, gravidez. Talvez fosse apenas cansaço. A verdade era que a comida lhe dava náuseas e isso complicava um pouco o seu trabalho. O cheiro a óleo, combinado com o de suor e bebida não contribuía para se sentir melhor. Muito antes de acabar o turno já se arrependia de o ter aceitado. Teria de estar até às três da manhã e, durante essas horas, esquivar as mãos dos marinheiros transformar-se-ia num exercício físico para o qual não estava preparada.

– Jesse, o pedido está pronto.

Jesse bebeu um gole de sumo para assentar o seu estômago antes de continuar.

 

 

O capitão-de-fragata Brock Sullivan entrou no Green Garter para beber um copo e descansar. A música country estava suficientemente alta para o impedir de pensar e o cheiro a cebola frita e a carne grelhada impregnava o ar.

Precisamente o que precisava.

De uma olhadela, reconheceu alguns amigos e detectou alguns desordeiros. Também olhou para a empregada de olhos castanhos e cabelo ruivo. A escolha entre o Mac’s Place e o Green Garter costumava ser simples, pois as empregadas do último eram muito mais simpáticas e bonitas.

O barco ia para o estrangeiro dentro de seis dias e passara as suas horas de serviço a instruir os seus homens sobre procedimentos internacionais. Ocupara as quatro horas restantes com os seus próprios assuntos.

– Brock! – chamou-o alguém do fundo do bar. Ele cumprimentou com a cabeça ao mesmo tempo que rejeitava o convite dos oficiais de se juntar a eles. Depois, ocupou a sua mesa habitual.

Queria uma cerveja, um hambúrguer e algumas horas para relaxar.

Confortavelmente sentado, com as pernas esticadas, observou a ruiva que se aproximava da sua mesa. Ainda que o acusassem de machista, não conseguia evitar gostar de uma mulher com pernas compridas, mini-saia preta e uma camisa branca que deixava ver um decote generoso.

Era uma pena que Jesse fosse demasiado jovem para ele, pois a ideia de verificar entre os lençóis se era tão apaixonada como o seu cabelo anunciava era extremamente tentadora. Fazia-o sempre pensar num tempo de juventude e de esperança, noutro mundo e noutra mulher perdidos há muito tempo. Depois de dezasseis anos, Sherry raramente ocupava o seu pensamento, mas quando o fazia, o sentimento de culpa que despertava nele acompanhava-o durante dias.

– Boa tarde! – cumprimentou a ruiva num tom de voz apagado, enquanto pestanejava como se lhe custasse focar a vista. – O que quer comer?

Ao ver a sua palidez extrema e perceber que se balançava sobre os pés, Brock apercebeu-se de que não se sentia bem.

– Passa-se alguma coisa? – perguntou instintivamente, segurando-a pelo cotovelo.

– Acho que preciso de me sentar – Jesse humedeceu os lábios secos, mas Brock viu que suava e que apertava o seu bloco de notas com força. – Estou enjoada.

Brock levantou-se com um salto para a ajudar, mas antes de lhe afastar uma cadeira, Jesse ficou paralisada nos seus braços.

 

 

– Jesse – alguém a chamava num tom de voz insistente e amável. – Jesse, recupera.

Ela tentou recordar onde estava. Era o Green Garter, mas o que fazia no chão? Porque é que tinha a cabeça às voltas? O que se passara?

– Cheguem-se para trás, dêem-lhe espaço. Jesse? Abre esses lindos olhos.

Reconhecia a voz, mas não conseguia lembrar-se da cara. Abriu os olhos e a luz do tecto incomodou-a. Pestanejou e olhou noutra direcção. Sentiu alguma coisa sob a cabeça. Alguém lhe pusera um casaco que cheirava a almíscar por baixo da cabeça e que lhe permitiu identificar o homem que se inclinava sobre ela, tentando reavivá-la.

Brock Sullivan.

– Vamos, querida, é assim que eu gosto, abre os olhos – o cheiro a pasta de dentes indicou que estava muito próximo.

Demasiado perto. Em pouco tempo, perceberia que recuperara a consciência e ela teria de abrir os olhos e olhar para ele.

Brock Sullivan, capitão-de-fragata, amável e respeitoso, com quem os marinheiros iam ter quando estavam em apuros. Um verdadeiro cavalheiro em tudo, menos no olhar faminto que lhe lançava, como se quisesse comê-la.

Mais de uma vez, Jesse pensara que, se não estivesse com Tad, teria deixado que o fizesse. Embora devesse ter mais de trinta anos, era um homem espectacular, alto, forte, musculado e com uns ombros largos que pareciam poder suportar o peso do mundo inteiro. Como podia não se sentir tentada, sobretudo depois de olhar para aqueles olhos azuis profundos?

Ouvira os jovens da marinha a falar dele com respeito e um pouco de receio, por isso deduzira que era severo, mas justo. Ajudava-os nos momentos difíceis com a condição de que aprendessem com os seus erros.

Sentia-se envergonhada por ter desmaiado à frente dele e, por um segundo, pensou que, se ficasse imóvel, ele e os outros podiam esquecer-se dela e a terra engoli-la-ia. A Califórnia não era a terra dos terramotos? Não podia ter sorte e haver um naquele momento?

– Não reage – disse outra pessoa. – Temos de chamar uma ambulância. Tem de ir para o hospital.

Jesse abriu os olhos, alarmada. Não podia permitir que a levassem para o hospital. Não tinha dinheiro para pagar o serviço médico.

– Bem-vinda! – cumprimentou-a Sullivan, olhando para ela fixamente com os seus olhos azuis impressionantes. – Perdeste os sentidos durante alguns minutos. Como te sentes?

Ao ver a preocupação que reflectia o olhar de Sullivan, Jesse esboçou um sorriso.

– Normal.

– Dói-te alguma coisa?

«O orgulho», pensou Jesse. A cabeça doía-lhe, continuava a sentir náuseas e tinha uma pontada de dor por baixo da cintura. Mas passaria se bebesse um pouco de água e voltasse para o trabalho.

– Estou bem. Não almocei e senti um pequeno enjoo.

– Almoçar? – perguntou Brock, com ironia. – São dez da noite. Isso significa que também não jantaste?

– Talvez – respondeu ela, incomodada por se sentir numa posição tão fraca. – Mas já estou bem.

Para o demonstrar, tentou sentar-se. A sua cabeça e o seu estômago reagiram imediatamente, mas disfarçou e afugentou o receio que se instalou na sua mente.

– Calma… – Sullivan ajudou-a, segurando-lhe um braço e as costas.

Jesse apoiou-se nele para se levantar. Cada milímetro era um esforço, mas conseguiu sentar-se numa cadeira que o seu chefe, Stan, lhe ofereceu.

Jesse percebeu que fora ele que sugerira que chamassem a ambulância. Endireitou os ombros para demonstrar que estava bem. Não podia adoecer. Olhou para Stan fixamente.

– Lamento muito. Já estou muito melhor.

Assim que pronunciou aquelas palavras, a sua visão toldou-se e deitou a cabeça para a frente para que o cabelo lhe escondesse o seu rosto. Sentiu um suor frio na testa e soube que estava prestes a voltar a desmaiar. Mas não podia fazê-lo.

Uma mão delicada e, ao mesmo tempo, firme empurrou-lhe a cabeça para a frente até descansar sobre os seus joelhos. Depois, sentiu que o seu sangue voltava a circular, mas a dor da barriga intensificou-se e levou a mão às costas instintivamente.

– Acabou-se – replicou Sullivan. – Levo-te às Urgências.

– Não! – protestou Jesse. Tentou endireitar-se, mas ele reteve-a segurando-lhe a cabeça com firmeza. Com o olhar fixo no chão, continuou a argumentar que não precisava de atenção médica. – É só uma dor de cabeça – tentou convencê-lo. – Com uma aspirina e um hambúrguer passará.

Endireitou-se e ele soltou-a. Jesse levantou-se e olhou para ele com um ar decidido.

– Não tenciono ir para o hospital.

A sua irritação não impressionou Sullivan.

– Está bem – cruzou os braços. – Prova que consegues andar até ao balcão e deixar-te-ei em paz.

Jesse olhou para o balcão pensando que conseguiria. Não tinha opção. Não podia ficar sem trabalho. Ergueu-se para recuperar o equilíbrio e deu dois passos. Sullivan manteve-se ao seu lado. Jesse queria lançar-lhe um olhar fulminante, mas não tinha energia.

Ao ouvir Martina McBride a encorajá-la, Jesse olhou à sua volta e viu que todos os clientes a observavam, desde os marinheiros aos comandantes.

Deu um passo em falso e teve de se apoiar numa mesa. Um jovem levantou-se com um salto e segurou-a pelo cotovelo. Ela abanou a cabeça freneticamente. Tinha de o fazer sozinha. Mas já era demasiado tarde.

Sullivan adiantou-se, rodeou-lhe a cintura com um braço e conduziu-a para a porta.

– Apoia-te em mim.

A sua solidez era demasiado tentadora para resistir. Consciente de que fizera tudo o que podia para fingir que não se passava nada, descansou nele. Obrigar-se a comer um hambúrguer não ia servir-lhe de nada.

– Espera – replicou, quando chegavam ao carro, – preciso da mala e do casaco.

Stan trouxe-lhos numa questão de segundos.

– Oxalá não seja nada – replicou, dirigindo-se a Sullivan.

– Assim que souber alguma coisa, telefono-te – declarou ele e ajudou-a a sentar-se no banco do passageiro.

– Queres que avise alguém? – perguntou Stan.

Jesse pensou na nota de despedida de Tad e abanou a cabeça.

Olhou para o perfil de Sullivan de soslaio, tão firme, tão seguro. Provavelmente, não cometera um erro em toda a sua vida. Como conseguiria entender uma vida como a dela, infestada de erros? Como podia explicar a alguém como cada dia era uma luta para sobreviver?

Claro que era lógico ir ao hospital. O problema era não ter dinheiro para o pagar. Chegara o momento de lhe dizer. Pigarreou.

– Ouça… – como devia dirigir-se a ele?

Sullivan olhou para ela de esguelha e estendeu-lhe a mão.

– Brock Sullivan. Podes chamar-me Brock.

Capítulo 2

 

– Eu chamo-me Jesse – replicou ela, apertando a mão de Brock.

– É um prazer, Jesse, mas se tencionas convencer-me a não te levar ao hospital, poupa o esforço.

– Estou bem, a sério.

Brock abanou a cabeça.

– Desmaiaste e isso não acontece sem motivo. Além disso, levaste a mão às costas como se te doessem. Não tenciono deixar-te antes de seres examinada por um médico.

– Não tenho dinheiro! – exclamou ela, envergonhada. – Não posso pagar o serviço.

Brock olhou para ela como se não compreendesse o problema.

– Eu pagarei. Podes devolver-me o dinheiro depois.

Fez com que parecesse um plano tão razoável que Jesse se sentiu ainda pior.

– Não posso fazê-lo.

– Porquê?

Jesse não podia explicar-lhe que não compreendia como um estranho mostrava mais interesse e compaixão por ela do que Tad.

Só estava em San Diego há um ano, portanto não era uma perita nas regras da Marinha, mas aprendera que a reputação de um marinheiro era o mais valioso que tinha. A Marinha apoiava as famílias e censurava os marinheiros que não enfrentavam as suas responsabilidades.

Brock merecia que lhe desse uma explicação.

– Não posso deixar que pagues porque acho que o médico vai dizer-me que estou grávida.

Produziu-se um breve silêncio. Jesse viu que Brock arqueava as sobrancelhas para depois recuperar.

– Então, é imprescindível que sejas examinada por um médico, não achas? – foi tudo o que disse.

– Suponho que tens razão – Jesse aninhou-se no banco, rodeando a cintura com os braços. Desde que suspeitara que podia estar grávida, os seus sentimentos tinham estado carregados de dúvida e de medo.

Não se tratava de não querer ter filhos, mas sempre pensara que os teria quando tivesse uma carreira, um marido e um lar.

O seu presente era pura instabilidade, sem futuro, sem namorado e num apartamento desmantelado que partilhava com uma amiga com quem não podia contar.

– Ouvi-te dizer a Stan que não havia ninguém a quem avisar. Isso quer dizer que o pai está ausente?

– Foi-se embora – respondeu ela, consciente de que não fazia sentido mentir. – Foi-se embora e deixou-me um bilhete de despedida.

– Talvez se soubesse…

Jesse levantou a mão rapidamente para interromper Brock.

– Deixou o bilhete colado ao teste de gravidez que comprei ontem. Encontrou-o na minha mala quando procurava o dinheiro das minhas gorjetas.

– Nojento!

Jesse cerrou os dentes.

– Isso é um elogio.

– Porque estavas com um tipo assim? – perguntou, furioso.

– Há muito, muito tempo, estive apaixonada por ele – Jesse riu-se calmamente. – O engraçado é que acabei com ele e mudei-me para San Diego para começar de novo.

Brock olhou para ela de esguelha.

– Mas voltaram a encontrar-se.

Jesse fechou os olhos e apoiou a sua cabeça dorida no vidro fresco da janela.

– Apareceu em minha casa há alguns meses, jurando que tinha mudado. Ao princípio, não acreditei, mas depois de algum tempo conseguiu convencer-me.

As suas palavras foram recebidas com um silêncio perturbador. Jesse abriu os olhos e olhou para o perfil de Brock, cuja silhueta se recortava contra as luzes do exterior.

– Lamento – replicou ela. – Suponho que tudo isto é demasiado pessoal para te contar. Cometi um erro grave e agora estou completamente sozinha – concluiu, mais como se pensasse em voz alta do que a dirigir-se a ele.

Essa era a razão pela qual não enfrentara a possibilidade de estar grávida, nem pensara no futuro do seu bebé. Um frio gelado percorreu-lhe as costas ao pensar que com a sua atitude podia ter prejudicado o bebé. Brock pousou a sua mão forte sobre a dela.

– Esta noite, não estás sozinha.

 

 

Brock manteve a sua palavra e permaneceu junto dela na sala de espera até que o médico lhe pediu que o deixasse a sós com Jesse para a examinar.

O doutor Wilcox, um homem mais velho de cabelo grisalho apalpou-a cuidadosamente e fez-lhe uma série de perguntas extremamente pessoais sobre as suas relações sexuais e a data do seu último período.

Enquanto o médico acabava o exame, Jesse, com o olhar fixo nas luzes do tecto, teve de morder o lábio inferior para não se rir. Numa só noite, contara os seus segredos a um desconhecido e a um médico.

– Pode endireitar-se – disse o doutor Wilcox. Depois de lhe explicar que estava desidratada, pediu a uma enfermeira para lhe pôr soro intravenoso. Depois, chamou Brock. – A menina Manning está grávida.

O médico continuou a falar, mas Jesse já não ouviu mais nada porque a sua mente invocou a imagem do bebé que estava a crescer no seu interior.