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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

© 2008 Jennifer Ann Ryan

© 2015 Harlequin Ibérica, S.A.

Pensando em ti, n.º 1139 - Abril 2015

Título original: The Boss’s Unconventional Assistant

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2009

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

I.S.B.N.: 978-84-687-6936-3

Editor responsável: Luis Pugni

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

– Aqui, é onde deve relaxar um multimilionário ou recuperar-se de um acidente – disse Sophia Gable ao parar o carro diante da mansão de Grey Barlow.

Tratava-se de um edifício magnífico de pedra e ardósia, com um alpendre amplo de pilares altos, rodeado de prados com flores esplêndidas.

Era um lugar muito diferente da agitação de Melbourne, mas Soph era muito adaptável e, olhando para o coelhinho branco que ocupava uma gaiola no banco do acompanhante, pressupôs que Alfred preferiria aquele cenário à cidade.

Suspirou profundamente. Estava prestes a dar o primeiro passo na sua nova carreira. Era o primeiro emprego que lhe arranjava a agência de emprego. Tinham-lhe atribuído os cuidados de um homem e esperava demonstrar a sua versatilidade para que continuassem a empregá-la regularmente.

Saiu do carro, esticou a camisola cor de cereja e as calças pretas, e foi, sorridente, para as escadas da entrada.

– É Sophia Gable, a assistente pessoal que solicitei à agência de emprego? – ouviu uma voz masculina, de um canto do alpendre que ficava na penumbra. – Pensava que seria mais velha e menos… colorida.

Incomodar-lhe-iam as pontas do cabelo pintadas de vermelho? Sophie esquadrinhou o alpendre para localizar a voz.

– Sou Sophie, mas pode chamar-me Soph, senhor Barlow. – Conseguira ver o gesso que lhe cobria o braço e a tala que tinha no tornozelo, que tinha esticado diante de si numa posição incómoda. – O anúncio solicitava alguém com habilitações administrativas e domésticas, e garanto-lhe que eu estou preparada para os dois tipos de tarefas. Estive a pensar em como o ajudar.

– Para me ajudar, bastará que faça o que lhe pedir e que me leve de carro quando precisar. Isso será tudo – replicou ele, num tom irritado. – Não estou completamente impossibilitado. Só tenho uma entorse e um braço partido.

– Fico contente por ter uma atitude tão positiva – embora estivesse um pouco desconcertada, Soph fez o possível para soar animada. – Além disso, posso…

– Sente-se, por favor! – interrompeu-a ele, sem oferecer desculpas enquanto assinalava uma cadeira à frente dele. – Fico contente por ter sido pontual, mas não tenho tempo para socializar – Soph deu um passo em frente e pôde vê-lo. – Não se parece nada com o que tinha imaginado. Pensava que seria mais velha.

Soph prestou atenção apenas parcialmente às suas palavras, porque estava entretida a admirá-lo. Tinha os ombros largos, o cabelo escuro e um rosto de traços marcados, com uns olhos verdes impressionantes. Devia ter trinta e poucos anos e no seu corpo não havia uma ponta de gordura.

– Pressuponho que poderemos sobrepor-nos à surpresa – disse ele, num tom ácido.

– Com certeza que sim! – apesar do seu mau humor, era muito atraente.

Soph sentiu que o pulso lhe acelerava, mas preferiu ignorá-lo. Tratava-se de um desconhecido, dez anos mais velho do que ela e, para cúmulo, o seu chefe.

Ela só saía com homens do seu círculo e idade, e esclarecia sempre, desde o começo, que só queria divertir-se. Se a coisa ficava séria, fugia. Talvez num futuro distante aceitasse uma relação estável com um homem normal, mas só se conseguisse controlá-la.

Intuía que Grey Barlow não era normal, nem controlável e também não tinha o aspecto de alguém que procurasse estabilidade numa casinha com uma cerca branca como a que ela poderia desejar um dia. Ou, pelo menos, como a que tinham procurado e encontrado as suas irmãs, apesar de, como ela e por causa do abandono dos seus pais, também terem tido problemas em confiarem nos outros.

De facto, Bella e Chrissy tinham sofrido mais do que ela. Afinal de contas, as suas irmãs mais velhas tinham-na protegido para que levasse uma vida normal e feliz apesar do abandono. Graças a elas, não tinha crescido traumatizada. Por isso, adorava-as.

– Prazer em conhecê-lo, senhor Barlow. Espero que fique satisfeito com o meu trabalho – era o fundamental para ela. Fazer as coisas bem, sentir-se útil.

– A agência garantiu-me que era a melhor candidata – Grey levantou o braço direito, deixou-o cair com expressão contrariada e levantou o esquerdo.

Soph também lhe estendeu a sua mão esquerda.

– Espero cumprir as suas expectativas – disse, inquietando-se com a incredulidade que percebia nele.

O aperto de mãos, que deveria ter sido impessoal, foi como um choque eléctrico que lhe chegou ao coração. Soph achou perceber uma reacção semelhante no olhar de Grey, mas, quando o observou com mais atenção, encontrou uma máscara imperturbável e decidiu que devia tê-lo imaginado.

– Os médicos mandaram-me descansar uma semana. Pressuponho que o ar fresco me fará bem, mas acho que estão demasiado preocupados com a minha saúde. Depois, voltarei para Melbourne e você continuará a trabalhar para mim.

– Prometo esforçar-me ao máximo – disse Soph, enquanto pensava que também teria jardim em Melbourne para acolher Alfie. Em algum momento teria de explicar a sua presença. Como o tinha encontrado preso a um poste, abandonado, na noite anterior e como passara a pertencer-lhe.

O seu chefe assentiu.

– Para além das tarefas que comentou, terá de filtrar os telefonemas e afugentar as visitas inoportunas.

Chamou a atenção de Soph que não quisesse visitas. Numa situação semelhante, conseguia imaginar-se rodeada das suas irmãs e cunhados, que cuidariam dela até que melhorasse.

Aquilo levou-a a pensar na família de Grey Barlow. Talvez fosse demasiado orgulhoso para deixar que os seus amigos ou familiares o vissem quando não estava em plena forma. Soph sorriu com especial amabilidade.

– Não se preocupe, se alguém tentar entrar, expulsá-lo-ei como se fosse um cão de guarda.

Grey sorriu e Soph sentiu que o seu coração disparava. Subitamente, as suas feições adoçaram-se e tinha rejuvenescido vários anos.

– Tem animais de estimação, senhor Barlow? Eu…

– Não, não tenho nenhum – o sorriso desapareceu e foi substituído por uma expressão de aborrecimento. – Esse tipo de compromissos parece-me incómodo.

Soph optou por não mencionar Alfie. Tal como tinha intuído, também não havia no horizonte daquele homem uma casinha com uma cerca branca e a confirmação pareceu-lhe reconfortante.

– Voltemos a falar das suas funções – mais uma vez, Grey soou irritável. – Embora não esteja em condições de ir às obras, penso acompanhar todos os detalhes da empresa. Manterei videoconferências, lerei e responderei ao correio, e verificarei os relatórios dos diferentes departamentos – respirou fundo. – Terá de passar a computador toda a minha correspondência e realizar as tarefas que lhe atribuir, incluindo alguns trabalhos de documentação.

– Estou desejosa de começar – Soph curvou os lábios num sorriso com o qual esperou transmitir segurança em si mesma.

– Fico contente por ter uma atitude tão positiva – disse ele. E deslizou o olhar pela sua camisola e pelo seu cabelo colorido, antes de o dirigir para o seu fiel Volkswagen Carocha. Arqueando os sobrolhos, perguntou: – Também está apta para as tarefas administrativas?

– Tenho bons conhecimentos de informática e sei usar programas de transcrição – que nunca tivesse sido posta à prova profissionalmente não significava que não conseguisse fazê-lo.

Preparara-se e precisava de uma oportunidade para o demonstrar. Enumerou as restantes habilitações que possuía:

– Sei usar sistemas de classificação clássicos e digitais, e tenho experiência a fazer marcações e a atender telefonemas – poucos sítios eram mais enervantes do que um salão de beleza. – E tenho um historial como condutora impecável – acrescentou, assumindo que em algum momento teriam de usar o carro. – Embora tenha vindo um pouco carregada, conseguirei arranjar espaço para as suas coisas quando voltarmos para Melbourne.

– O seu carro será enviado para a cidade. Eu prefiro usar o meu. Trouxe-o um motorista.

– Muito bem. Adoro conduzir vários carros – disse Soph, embora nunca tivesse conduzido mais carros, para além do seu Volkswagen Carocha e do velho descapotável do seu cunhado.

– Pode descarregar as suas coisas – disse Grey, levantando-se e coxeando em direcção porta principal. – Depois, vá ter comigo ao meu escritório. É a sala à direita da entrada. O seu quarto é no primeiro andar, a primeira porta à esquerda – concluiu, antes de abrir a porta.

Soph deduziu que aquele seria o seu comportamento. Tinha-a contratado e pagar-lhe-ia generosamente para que o ajudasse, mas não queria mostrar-se inválido, nem que o tratasse como se o estivesse.

Não se importou. Cuidaria dele sem que o notasse, mas não lhe falharia.

– Trouxe o programa de reconhecimento de voz?

Grey tinha levantado o pé do chão porque, evidentemente, lhe doía apoiar o peso nele.

– Sim, fui buscá-lo ontem à tarde – Soph escrutinou o seu rosto e reconheceu as marcas de cansaço e de dor. Claro que precisava de descansar… e que cuidassem dele.

– Traga-o. Se o instalar, poderei mandar e-mails sem a sua ajuda e sem ter de escrever só com uma mão. A sua primeira tarefa será copiar o texto que elaborei esta manhã.

Eram apenas nove horas da manhã e já tinha estado a trabalhar?

– Farei o que quiser – desde que a deixasse cuidar das suas lesões. Soph foi para o carro. – Dou-lhe o programa e depois descarregarei as minhas coisas.

Teria de procurar um esconderijo para Alfred até encontrar uma oportunidade para falar dele. Era melhor dedicar as primeiras horas a demonstrar ao seu chefe que era uma boa empregada.

Dentro da casa ouviu-se o telefone.

– Eu atendo – disse imediatamente, virando-se.

Precedeu Grey para o interior e seguiu o som da campainha até ao escritório.

– Sophia Gable. O senhor Barlow não está disponível. Por favor, diga quem é e deixe um número de telefone, fax ou e-mail e entregar-lhe-ei a mensagem.

– Sou Peter Coates, director do departamento de arquitectura das Empresas Barlow – tinha uma voz amistosa, mas soava preocupado. – Grey telefonou-me para que o pusesse a par do projecto Mitchelmore.

– Vou ver se o senhor Barlow pode atender – Sophie carregou no botão de chamada em espera e virou-se. Grey estava atrás dela e Sophie voltou a sentir que o seu coração disparava. Estendeu-lhe o auscultador, dizendo-lhe quem telefonava.

– Passe-mo – disse Grey. – Algumas coisas são demasiado importantes para fazer caso dos médicos.

Soph não concordava, mas deu-lhe o telefone.

Grey sentou-se numa cadeira de escritório, adoptando uma posição incómoda, e Soph reparou que não tinha um apoio para os pés.

– Peter – Grey concentrou toda a sua atenção no seu interlocutor. – Sabes mais alguma coisa sobre as requalificações?

Sophie foi ao carro e voltou com o programa. Como o seu chefe continuava a falar, deixou-o sobre a secretária e foi buscar o seu adorável, embora problemático coelho.

Primeiro, arranjar-lhe-ia um sítio e depois encarregar-se-ia do seu chefe.

Com uma gaiola numa mão e a cesta com Alfie na outra, foi para o jardim traseiro. Assim que viu um canto atrás de uma árvore e um arbusto de flores, suspirou, aliviada. Um pequeno abrigo ocultava-o à vista da casa.

– Aqui, tens um monte de erva, Alfie – Soph abriu a gaiola e colocou-o lá dentro, depois correu a encher uma tigela de água e pôs comida noutra. Para que tivesse sombra, cobriu parte da gaiola com uma manta.

Graças a Joe, o mecânico, que tinha a gaiola guardada desde a sua infância, e à sua vizinha, uma mãe solteira que sabia de porquinhos-da-índia e de coelhos, tinha todos os utensílios necessários.

Fez várias viagens para esvaziar o carro. Tendia a carregar sempre muitas coisas e daquela vez tinha incluído algumas a pensar no seu chefe.

Acabou com prontidão e chegou ao escritório a tempo de o ouvir a falar para um microfone. Em seguida, deixou escapar vários palavrões ao ver o que aparecia impresso no ecrã do computador.

– Passei pela cozinha. Há alguma coisa em especial que queira jantar?

Na despensa tinha encontrado ingredientes básicos, nada especialmente apetitoso. Felizmente, ela tinha trazido provisões e isso não a preocupava.

O seu chefe tirou os auscultadores e atirou-os sobre a secretária.

– Pode fazer sandes para almoçarmos. Até então – assinalou uma segunda secretária, – sente-se aí! Transcreva as cassetes pela ordem em que as deixei na bandeja. Mostre-me as cartas antes de as mandar. Uma vez que esteja satisfeito, indico-lhe se deve mandá-las por e-mail ou por fax.

– Sim, senhor Barlow – Soph pegou na primeira cassete e meteu-a no leitor, mas não se sentou.

– Prefiro que me chames Grey. E que me trates por tu – Grey virou-se para o computador e, colocando os auscultadores, continuou a ditar. Ocasionalmente, carregava no rato com impaciência ou resmungava qualquer coisa enquanto escrevia torpemente com uma mão. Era evidente que o programa de reconhecimento de voz e ele não se entendiam.

Soph saiu, tirou um almofadão fofo de uma poltrona da sala de estar e levou-o para o escritório. Tirou algumas resmas de folhas de uma caixa e, com elas e o almofadão, ajoelhou-se junto da secretária de Grey e colocou-se de cócoras.

– Estou pronta. Levanta o pé para que ponha isto por baixo.

Grey demorou a reagir e Soph recuou alguns centímetros.

Ouviu um suspiro nervoso seguido de algumas palavras que soaram a:

– Desde que saias daí debaixo.

E Grey levantou o pé.

Soph acomodou as resmas e o almofadão, e perguntou:

– Estás mais aliviado?

– «Aliviado» não é a palavra que me vem à cabeça neste momento.

O tom profundo com que falou fez Soph sentir um estremecimento delicioso.

Pousou o pé e Soph, ao ver que não protestava, assumiu que estava bem e felicitou-se por ter triunfado na sua primeira tentativa de cuidar dele.

Recuou até conseguir endireitar-se e sacudiu as calças.

– Agora, Sophia, agradecia-te que sentasses o rabo na tua cadeira e o deixasses lá – disse ele, com olhos brilhantes e apertando os dentes, enquanto desviava o olhar. – Muita dessa correspondência é urgente.

Soph ficou a olhar para a forma perfeita da sua cabeça e sentiu calor no peito ao dar-se conta do que se tinha passado. As faces arderam-lhe. Seria essa a causa de o seu chefe ter deixado escapar um suspiro tenso há instantes? Ter visto o seu rabo a serpentear sob a secretária?

Depois de assentir precipitadamente, começou a trabalhar.

Capítulo 2

Soph descobriu numa questão de horas que o seu chefe não fazia sequer um intervalo, que o telefone não parava de tocar e que tinha três madrastas empenhadas em que lhes fizesse caso. Três!

Ao meio-dia e meia, Soph transmitiu-lhe a última mensagem de Leanna Barlow, na qual lhe perguntava pela saúde dele e mencionava a necessidade de falar com ele por causa de um assunto do seu cartão de crédito. Sharon Barlow e Dawn Barlow tinham deixado mensagens semelhantes, a primeira a solicitar o uso do seu iate e a segunda, o do seu avião.

Grey ignorou todas elas e continuou a trabalhar. Soph, que estava de pé junto da sua secretária, depois lhe entregar as últimas mensagens, teve de reprimir a vontade de lhe perguntar pela sua família e limitou-se a pegar num papel que saía de uma pilha de documentos.

– É o programa de reabilitação? – perguntou, olhando para ele. Grey não tinha feito nenhum dos exercícios. – Posso ajudar-te a fazê-los. É hora de almoço.

– Fá-los-ei antes de ir para a cozinha – disse ele, fazendo menção de lhe tirar o papel. – Entretanto, podes preparar o almoço.

Soph fingiu que não o ouvia e foi fazer uma fotocópia do papel. Depois, passou-lhe o original e foi para a cozinha. Enquanto aquecia a sopa, foi ver Alfie. Parecia contente, mas ansioso por brincar. Depois de lhe dedicar alguns minutos, entrou na casa. Ainda não tinha chegado a altura de o apresentar ao seu chefe.

Grey entrou na cozinha passado pouco tempo.

– A comida está pronta – disse Soph, assinalando a mesa. – Senta-te.

Grey cheirou o ar.

– A que cheira? Sandes teriam bastado. Há presunto e queijo no frigorífico.

– Trouxe uma sopa que fiz ontem à noite – segundo as suas irmãs, as suas habilidades culinárias deixavam muito a desejar e os seus cunhados estavam de acordo, mas Soph pensava que só o diziam para se meterem com ela. Sabia-lhe bem tudo o que cozinhava. – Espero que gostes de abóbora. Para além de outros legumes, tem um toque de caril e algumas especiarias italianas. Para segundo prato, farei algumas sandes quentes.

– Está bem – Grey sentou-se com expressão de dor. – Parece… interessante.

– Precisamente. Sou da opinião que as especiarias acrescentam sal à vida – disse ela. Trouxe duas tigelas com sopa para a mesa e sentou-se à frente de Grey. – Precisas de comer bem para melhorares.

– Boa comida e tranquilidade, ar fresco, descanso e esquecer os problemas todos – o seu chefe disse aquelas palavras como se o repetisse de cor. Provavelmente, fora o que o médico lhe dissera, embora soasse um tanto exagerado, tendo em conta que só recuperava de algumas fracturas.

Grey apertou os lábios e provou a sopa, com desconfiança. Franziu o nariz e cheirou-a. Comeu outra colher e serviu-se de um copo de água, que bebeu precipitadamente.

– Fico contente por teres decidido seguir o conselho médico e descansar – disse ela, embora, vendo o que trabalhava, não quisesse sequer imaginar qual seria o seu nível normal de actividade.

Provou a sopa e sorriu, com satisfação. Deliciosa! Levantou o olhar, arqueando os sobrolhos, esperando que o seu chefe expressasse a sua opinião.

Grey pigarreou.

– Dizes que a fizeste ontem para poderes trazê-la?

– Sim. Demorei algumas horas, mas queria que tivesses alguma coisa nutritiva para comer e pressupus que hoje não teria tempo para a preparar – e não se enganara nisso.

Grey suspirou profundamente e bebeu o resto da sopa de um gole. Quando deixou a tigela sobre a mesa brilhavam-lhe os olhos e tinha as faces coradas.

O rosto de Soph iluminou-se, com um sorriso radiante.

– Gostaste! – exclamou, triunfal.

– Estava muito… saborosa – disse ele, bebendo outro copo de água.

Soph aprovou que bebesse tanta água. Saber que tinham gostos comuns, embora fossem culinários, fê-la sentir-se mais próxima dele. Também lhe agradou que se mostrasse um pouco tímido ao expressar a sua aprovação.

Alguns minutos mais tarde, quando tinham acabado as sandes, olhou para Grey, com severidade.