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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2007 Jackie Braun Fridline

© 2015 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Uma razão para viver, n.º 1169 - Setembro 2015

Título original: Her Long-Lost Husband

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2009

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7171-7

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Prólogo

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Epílogo

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Prólogo

 

Claire Mayfield saiu do aeroporto O’Hare de Chicago no final da sua longa viagem de Hong Kong e respirou fundo. Estava muito cansada. Passara vinte e quatro horas a mudar de aviões e à espera em terminais de aeroporto de várias cidades do planeta.

Estava muito cansada, desejosa de comer alguma coisa que não fosse comida de avião e de se meter numa banheira de água quente. E precisava de um homem.

Não de qualquer homem, mas do seu ex-marido, Ethan Seaver.

Só de pensar no seu nome sentia que o seu coração acelerava. Nervos, pensava, embora a reacção do seu corpo sugerisse algo completamente diferente. As suas razões para precisar dele não tinham nada a ver com retomar a relação... mesmo que fosse uma possibilidade, e não era.

Não, ela não queria voltar para Ethan. Queria seguir em frente com a sua vida e, para isso, antes tinha de resolver o passado.

Enquanto abria caminho entre as pessoas, mudou a mala de viagem de ombro. Era magra e baixa, nem sequer media um metro e sessenta, mas, pela primeira vez na sua vida, tinha músculos nas pernas e nos braços.

Estivera fora de Chicago durante três semanas a fazer parte de um passeio de bicicleta pelos Himalaias com o objectivo de angariar dinheiro para as crianças da rua e de chamar a atenção sobre o problema. Mas, em muitos sentidos, era como se tivesse passado uma eternidade fora. Era uma mulher nova ou, pelo menos, uma mulher em período de mudança. Sentia-se muito mais forte, muito mais independente. E estava decidida a ser firme, dessa vez para sempre.

A andar de bicicleta pelos Himalaias começara uma etapa nova na sua vida. A viagem transformara-se numa viagem de autoconhecimento e, no processo, encontrara duas amigas: Belle Davenport e Simone Gray. Formavam um trio bastante fora do comum: uma americana, uma britânica e uma australiana que pareciam ter pouco em comum, excepto o género e a sua evidente falta de hábito de realizar actividades atléticas. Mas as três eram muito decididas. Cada uma tinha alguma coisa para provar, a si próprias e ao resto do mundo.

Mas também tinham segredos. Segredos que não tinham partilhado com ninguém até uma noite em que, com os joelhos esfolados e todos os músculos doridos, tinham deixado expostas feridas muito mais dolorosas. Feridas que tinham estado a apodrecer durante anos.

No caso de Belle, o seu casamento aparentemente perfeito era realmente uma farsa. A sua vida bem organizada e a sua bonita fachada escondiam uma infância terrível: a sua irmã e ela tinham sido enviadas para um orfanato quando eram pequenas e só uma delas foi adoptada. Não fora Belle, que se vira obrigada a viver nas ruas e a tornar-se adulta sem a ajuda de ninguém, transformando-se depois numa famosa apresentadora de televisão. Agora estava decidida a deixar o seu marido e a encontrar a sua irmã perdida, Daisy.

Os segredos de Simone eram igualmente assustadores. Quando era adolescente matara o seu padrasto. Fora um acidente pelo qual deixara que a sua mãe fosse culpada, que fizera com ela morresse na prisão. As mentiras tinham destruído a família e Simone não voltara a falar com o seu avô, a única pessoa da sua família que lhe restava no mundo.

Por comparação, o seu segredo não era tão terrível, mas, mesmo assim, envergonhava-a. Há dez anos, casara-se com um homem para fugir do seu pai autoritário, mas o casamento não durara nada, nem a sua tentativa de rebelião. Ambos tinham sido breves e, o seu final, lamentável. E a culpa fora só dela.

Oh, gostava de Ethan. Até pensara que se apaixonara pelo jovem e doce trabalhador que parecia tão interessado nas suas opiniões, nos seus sonhos e nos seus objectivos. Ninguém antes nem depois dele a levara tão a sério.

Ela também não se levara a sério e, por isso, ter tratado Ethan como o fizera era imperdoável.

Usara-o.

Pior do que isso, armara-lhe uma armadilha, o seu David de Golias, que era o seu pai. Mas, ao contrário da versão bíblica, Golias fora o vencedor.

Não voltara a vê-lo desde que se separara dele e também não voltara a ter uma relação íntima com nenhum outro homem, apesar dos enormes esforços do seu pai para lhe encontrar um marido adequado e das suas próprias tentativas de conhecer alguém que lhe interessasse, pelo menos, minimamente.

Segundo Belle, estava a castigar-se. Simone sugerira que estava à espera de uma resolução apropriada para o seu casamento fracassado antes de seguir em frente.

Fechar um capítulo triste das suas vidas. Isso era o que todas queriam. E por isso, antes de o passeio de beneficência pela província do Yunnan, na China, acabar, as três tinham feito um pacto. Fechariam esse capítulo e começariam de novo. Mas ir do ponto A ao ponto B não seria tão fácil como lançar-se de bicicleta pela ladeira. Para conseguir teria de escalar uma montanha.

Para Claire, essa decisão significava aceitar a responsabilidade dos seus actos e de toda a sua vida. De modo que enfrentaria Ethan, devolveria a aliança que tinha estado na sua caixa de jóias durante todo esse tempo e, finalmente, pediria perdão como devia ter feito há quase dez anos.

O que diria?, perguntou-se. Como reagiria? Certamente, enganava-se se pensava que Ethan se alegraria por a ver.

– Menina Mayfield – chamou-a alguém. – Bem-vinda a casa.

Claire olhou para Dolan, o motorista do seu pai, que a esperava em frente do terminal. Não havia mais ninguém, é claro. Os seus pais não se incomodariam em ir buscá-la ao aeroporto para lhe darem as boas-vindas.

Sumner e Marianna Mayfield não tinham querido que fosse a esse passeio de beneficência por muito que o objectivo fosse angariar recursos para as crianças da rua.

«Uma tolice», dissera a sua mãe. E o aspecto de Claire, com os músculos mais definidos devido ao exercício era, na sua opinião, pouco feminino. Aparentemente, era melhor estar magra como um palito e doente a toda a hora, como ela.

Durante os meses prévios à viagem, o seu pai parecera impressionado com a sua dedicação ao treino. Ainda que, no final, tudo isso lhe parecesse desnecessário.

– Envia um cheque, querida – sugerira.

Os cheques encarregavam-se de todo o tipo de coisas, até de jovens idealistas que não eram adequados como maridos para a filha de um dos empresários mais ricos de Chicago.

Os Mayfield tinham jeito para assinar cheques e Claire sempre fizera caso dos seus conselhos em vez de se arriscar a sofrer a raiva do seu pai ou a entristecer a sua mãe, que sofria sempre de alguma doença imaginária. Mas daquela vez mantivera-se firme. Daquela vez estava decidida a fazer mais do que doar dinheiro, que tinha em abundância, já que o herdara do seu avô. Em vez disso, decidira pôr-se à prova. Tinha algo para provar, a si própria e às pessoas que achava que nunca teria de ganhar um salário.

E, por enquanto, estava contente com os resultados.

– Espero que a viagem tenha sido agradável – replicou Dolan amavelmente, tirando-lhe a mochila das mãos. A cortesia era uma segunda natureza para ele e, além disso, pagavam-lhe para isso.

Mesmo sabendo disso, Claire não o permitiu. Numa questão de semanas, aprendera a cuidar de si própria e a não depender de ninguém.

– Não exactamente agradável – redarguiu, suspirando.

Recordou as feridas e as bolhas, muitas das quais ainda não tinham sarado. Nada naquela viagem fora exactamente agradável, mas não se sentia tão rejuvenescida, tão motivada e tão cheia de energia há muito tempo.

Dolan retribuiu o sorriso, interpretando mal o significado do suspiro.

– Não se preocupe. Chegaremos ao duplex em breve, a esta hora não há muito trânsito. Estará na piscina a beber um Martini antes da hora de jantar.

Claire abanou a cabeça, tirando da mala a secção de anúncios do Chicago Sun Times do dia anterior. Comprara-o durante a mudança de avião em Los Angeles e já fizera os telefonemas necessários para ter uma reunião com a agência.

– Na verdade, tenho de fazer algumas paragens primeiro – disse ao motorista, dando-lhe o jornal.

Dolan arqueou as sobrancelhas enquanto estudava as moradas marcadas a vermelho.

– Apartamentos, menina? Porque tem de ir ver apartamentos?

– Decidi arrendar um na cidade.

– Na cidade? – repetiu o homem.

Ela assentiu.

– Vou mudar-me.

E dessa vez a mudança não consistiria em deixar que os empregados levassem as suas coisas para um duplex dos seus pais não muito longe da sua mansão nos subúrbios de Chicago. Fizera isso depois do fiasco do seu casamento e, olhando para trás, percebia que era patético. Era lógico que os seus pais nem sequer tivessem tentado convencê-la a não sair de casa. Mas dessa vez fá-lo-iam.

A reacção surpreendida de Dolan não seria nada comparada com a dos seus pais. Sumner Mayfield explodiria de fúria. Afinal de contas, como ia continuar a gerir a sua vida se vivesse no centro da cidade? E a sua mãe, certamente, sofreria uma das suas enxaquecas.

Não lhe apetecia ter um confronto e também não desejava entrar em contacto com Ethan. Ouvir o seu tom de voz profundo outra vez, perder-se nos seus olhos verdes... olhos que, sem dúvida, a olhariam com repulsa.

– Consigo fazê-lo – murmurou para si.

– Desculpe, menina?

Claire encolheu os ombros.

– Às vezes, as pessoas têm de confiar em si próprias. Levantar o pé do travão e deixar que o impulso as leve até ao final do penhasco.

Fizera isso na descida de Tiger Leaping Gorge, com o coração na garganta enquanto a bicicleta se lançava para uma corrida suicida pelos caminhos de terra dos Himalaias.

Quando finalmente chegara ao fim, levantara o punho num gesto de triunfo. E, é claro, alguns minutos depois vomitara em cima dos seus ténis.

Dolan olhou para ela com curiosidade, mas limitou-se a assentir com a cabeça.

– Muito bem, menina.

Não sabia do que estava a falar, claro. A própria Claire estava a começar a entender as lições que aprendera nos Himalaias.

Só esperava que o seu encontro com Ethan fosse menos doloroso e humilhante do que quando chocara contra uma rocha durante o segundo dia do passeio e acabara por saltar por cima do guiador da bicicleta.