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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2009 Spencer Books Limited

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

O perigo de amar, n.º 1255 - março 2018

Título original: The Greek Millionaire’s Secret Child

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

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Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9188-028-8

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Emily viu-o imediatamente. Não porque o seu pai o tivesse descrito na perfeição, mas porque, embora estivesse afastado de toda a gente, dominava a multidão que esperava no aeroporto Venizelos, de Atenas, pelos passageiros recém-chegados.

Media mais de um metro e oitenta, era musculado e masculino e a natureza dotara-o de beleza e de uma cara angelical. Bastava olhar para ele para perceber que os outros homens deviam invejá-lo e que as mulheres deviam desejá-lo.

Como se tivesse sentido que estava a observá-lo, os seus olhares encontraram-se. Durante o que lhe pareceu uma eternidade, Emily sentiu uma revolução no seu interior. O seu instinto de sobrevivência dizia-lhe que aquele homem era um enorme problema e que lamentaria aquele dia, o dia em que o conheceria.

O homem assentiu, como se estivesse plenamente consciente dos pensamentos de Emily, e avançou para ela.

Emily reparou em como lhe ficavam as calças de ganga, que lhe marcavam as ancas estreitas e as pernas compridas, fixou-se também no seu casaco de cabedal preto, que lhe caía maravilhosamente sobre os ombros, e no deslumbrante contraste da sua pele bronzeada com o branco imaculado da camisa.

À medida que se aproximava, viu também que a boca dele e o seu queixo denunciavam a teimosia de que o seu pai lhe falara.

Quando já estava em frente a ela, falou-lhe num tom muito sedutor:

– Como correu o voo?

– Foi muito longo – respondeu Pavlos, visivelmente cansado, apesar dos analgésicos e de ter viajado em primeira classe. – Foi longo, mas felizmente vim com o meu anjo-da-guarda – acrescentou, pegando na mão de Emily e apertando-a com carinho. – Emily, querida, apresento-te o meu filho Nikolaos. Niko, esta é Emily Tyler, a minha enfermeira. Não sei o que faria sem ela.

Nikolaos Leonidas voltou a olhar para ela de forma insolente. Por detrás dos seus belos traços, havia uma arrogância incrível. Obviamente, não era um homem com o qual Emily devesse envolver-se.

Yassou, Emily Tyler – disse.

Embora Emily usasse calças e uma camisola, sentia-se nua sob o olhar de Niko. Imediatamente, soube que o problema eram os olhos dele, que não eram castanhos como os do seu pai, mas verdes como o jade.

Yassou – respondeu Emily, engolindo em seco.

– Fala um pouco de grego?

– Muito pouco. Na verdade, a única coisa que sei é cumprimentar.

– Já imaginava.

Aquele comentário tê-la-ia ofendido, se Nikolaos não o tivesse feito acompanhado com um sorriso encantador que perturbou Emily. O que estava a acontecer? Tinha vinte e sete anos e, embora não pudesse dizer-se que tinha muita experiência sexual, também não era tão inocente como podia parecer.

Tinha consciência de que a primeira impressão era importante, porém o essencial era o interior de uma pessoa e, pelo que lhe tinham dito, Nikolaos Leonidas não tinha um interior muito fascinante.

A forma como voltou novamente a sua atenção para o seu pai apenas serviu para confirmar as desconfianças de Emily, já que não o abraçou, não lhe tocou no ombro nem lhe apertou a mão. Não fez qualquer gesto que indicasse ao idoso que podia contar com o seu filho durante a sua convalescença. Limitou-se a chamar um rapaz para que se encarregasse da bagagem.

– Bom, já cumprimos as formalidades, portanto vamos – anunciou, virando-se e avançando para a saída, deixando Pavlos e Emily para trás.

No entanto, quando chegou junto ao Mercedes que os esperava, virou-se como se, de repente, a compaixão tivesse tomado conta dele.

– Não – disse a Emily, quando ela fez um gesto para ajudar o seu paciente a pôr-se de pé para sair da cadeira de rodas.

Depois com uma ternura surpreendente, pegou no seu pai, sentou-o no amplo banco traseiro do carro e tapou-lhe as pernas com uma manta.

– Não era necessário – disse Pavlos, tentando ocultar a sua dor.

– A mim parece-me que sim – respondeu Niko, virando-se. – Preferias que tivesse ficado a ver se caías?

– Teria preferido conseguir pôr-me de pé sem ajuda.

– Então devias ter ficado em casa em vez de ires para o Alasca. Quem é que quer ir ao Alasca antes de morrer…

Emily teve vontade de esbofetear aquele homem, porém teve de se conformar com um comentário severo.

– Qualquer pessoa pode ter um acidente, senhor Leonidas.

– Sim, sobretudo se tivermos oitenta e seis anos e não pararmos quietos.

– Não teve culpa do naufrágio do navio nem de ter sido o único passageiro a ser ferido. Tendo em conta, precisamente, a sua idade, o seu pai saiu-se realmente bem. Se dermos tempo ao tempo e com algumas sessões de fisioterapia, recuperará completamente.

– E se não for assim?

– Então, terá de começar a comportar-se como um bom filho.

Nikolaos Leonidas olhou para ela.

– Ena, ena, é um dois em um: uma enfermeira e uma terapeuta familiar.

– Não tivesse perguntado.

– Estou a ver…

Niko entregou uma gorjeta ao rapaz, que levou a cadeira de rodas que fora emprestada pelos serviços do aeroporto, fechou o porta-bagagens e abriu a porta do passageiro a Emily.

– Entre – indicou. – Falaremos disto mais tarde.

Tal como era de esperar, aquele homem conduzia com segurança e perícia. Apenas meia hora depois de saírem do aeroporto, avançavam pelas ruas de Vouliagmeni, um bairro ateniense sumptuoso que dava para o mar Egeu da costa oriental da Península da Ática e que Pavlos tão vividamente lhe descrevera.

Pouco depois, ao fundo de uma estrada calma que ladeava a praia, Niko accionou um telecomando. Umas enormes portas de ferro, com muitos ornatos, abriram-se e o veículo deslizou entre elas.

Emily já imaginava que Pavlos fosse um homem consideravelmente rico, porém não estava preparada para a opulência que se abria à sua frente, enquanto o Mercedes avançava em direcção à casa, uma edificação que sobressaía sobre uma paisagem linda, com jardins bem cuidados, separada do ruído do trânsito por uma parede de ciprestes. As paredes de um branco imaculado elevavam-se e culminavam num telhado de ardósia azul, que contrastava com o céu cinzento e tempestuoso daquela tarde de finais de Setembro.

Janelas enormes abriam-se sobre amplos terraços cobertos por estruturas de madeira com parreiras para criar espaços sombreados. Havia uma grande fonte num pátio central, pavões à solta e um cão a ladrar.

Emily teve pouco tempo para se deixar arrebatar, porque, assim que o carro parou à frente de uma porta dupla, esta abriu-se e apareceu um homem com cinquenta e muitos anos a empurrar uma cadeira de rodas muito moderna que não tinha nada que ver com a que lhes tinham emprestado no aeroporto.

Aquele devia ser Georgios, o mordomo de Pavlos. O seu paciente falara-lhe muitas vezes dele e sempre com muito afecto. Atrás do mordomo, apareceu um homem mais novo, que começou a descarregar a bagagem, enquanto Niko e o mordomo tiravam Pavlos do carro e o punham na cadeira. Quando acabaram, no rosto de Pavlos a dor era evidente.

– Faça alguma coisa – disse Niko a Emily, enquanto Georgios levava o seu pai.

– Vou dar-lhe qualquer coisa para as dores e deixá-lo descansar. A viagem foi muito difícil para ele.

– Não me parece que estivesse preparado para viajar.

– É verdade. Dada a sua idade e a gravidade da osteoporose que tem, devia ter ficado internado mais uma semana, mas só dizia que queria voltar para casa e, quando o seu pai decide alguma coisa, não há forma de o fazer mudar de ideias.

– A quem o diz – replicou Niko. – Telefonou ao médico dele?

– Sim. Vamos precisar de mais medicamentos, porém, por enquanto, tenho medicação suficiente – respondeu Emily, tentando manter o profissionalismo, apesar de ter Niko demasiado perto. – Por favor, indique-me onde fica o quarto do seu pai. Gostava de ir vê-lo – acrescentou, avançando para o hall e agarrando na sua mala.

Niko avançou por um corredor e conduziu Emily à parte traseira da casa, até um enorme apartamento, banhado pelo sol, e que era composto por uma sala e um quarto com ligação para um pátio de onde se viam os jardins e o mar.

Pavlos estava sentado perto da janela, a admirar o mar.

– Há uns anos, quando as escadas se transformaram numa tortura para ele, fez obras e transformou esta parte da casa numa suíte privada – disse Niko em voz baixa.

– Tem uma cama de hospital? – perguntou Emily, olhando à sua volta.

– Trouxeram-na ontem. Não vai agradar-lhe nada, mas pareceu-me o mais prático neste momento.

– Fez bem. Ficará mais confortável, embora, na verdade, não vá usá-la muito. Só durante a noite.

– Como?

– Porque quero que se mexa. Quanto mais se mexer, mais possibilidades tem de voltar a andar, embora…

– Embora o quê? – perguntou Niko com curiosidade.

Emily pensou no sigilo profissional que devia manter.

– Embora… O senhor está a par do estado de saúde do seu pai?

– Bom, ele conta-me o que quer… Na verdade, não me conta muito.

Era de imaginar.

Quando o hospital sugerira que telefonasse à sua família, Pavlos dissera que não havia necessidade de incomodar o seu filho, que Niko se tratava dos seus assuntos e ele, dos dele.

– O que se passa? – insistiu Niko, olhando para ela com os seus olhos verdes. – Tem alguma coisa grave? Está a morrer?

– Todos morreremos, mais cedo ou mais tarde.

– Fiz-lhe uma pergunta directa e quero uma resposta directa.

– Muito bem. A idade não ajuda. Embora não o admita, está muito fraco. É possível que tenha uma recaída.

– Isso todos nós sabemos. O que está a esconder-me?

Naquele momento, Pavlos virou-se para eles.

– Pode saber-se o que estão a cochichar? – perguntou-lhes, irascível.

– O seu filho estava a explicar-me que lhe comprou uma cama nova e que talvez não goste; que, provavelmente, pensará que se meteu onde não deve – respondeu Emily.

– Efectivamente. Parti a anca, mas o meu cérebro continua a funcionar bem. Sou perfeitamente capaz de decidir o que preciso.

– Enquanto eu for a sua enfermeira, quem toma as decisões sou eu.

– Não sejas mandona, menina. Não penses que vou permitir-te essa atitude.

– Claro que vai. Foi, precisamente, para isso que me contratou.

– E posso despedir-te quando quiser. Se quisesse, amanhã voltarias para Vancouver.

Emily sabia que não falava a sério, portanto sorriu. Sabia que, na manhã seguinte, tendo descansado o suficiente, o seu paciente se encontraria melhor, tanto física como animicamente.

– Muito bem, senhor Leonidas – disse-lhe. – Até ao dia em que me despedir, deixe-me fazer o meu trabalho – acrescentou empurrando a cadeira de rodas para o quarto.

Nesse momento, apercebeu-se de que Niko aproveitara para desaparecer e teve de fazer um enorme esforço para se convencer de que não se importava. Georgios, no entanto, estava ali, solícito e fiel, disposto a ajudar em tudo o que pudesse.

Depois de instalarem Pavlos e de lhe darem o jantar, já anoitecera.

Damaris, a governanta, acompanhou Emily ao andar de cima e mostrou-lhe o seu quarto. Tratava-se de uma divisão decorada em tons de marfim e azul. Recordava-lhe a sua de casa, embora os móveis fossem muito melhores. O chão de mármore, os tapetes persas e as delicadas antiguidades conferiam ao ambiente um bom gosto muito acolhedor.

Havia uma secretária de mogno entre as duas varandas e à frente da lareira encontrava-se um sofá estofado em tecido de cores vivas. Sobre a mesa-de-cabeceira, estavam um candeeiro de cristal e uma jarra com lírios que cheiravam muito bem.

O melhor do quarto era a cama de dossel, com lençóis de linho branco. Emily percorrera quase dez mil quilómetros, fizera uma viagem de mais de dezasseis horas e suportara a tensão do estado de saúde do seu paciente, portanto estava muito cansada e o que mais desejava naquele momento era apoiar a cabeça sobre as almofadas de algodão branco, tapar-se com aquela maravilhosa colcha e dormir até à manhã seguinte.

Viu que lhe tinham desfeito a bagagem, que tinham posto os seus artigos de higiene na casa de banho e que lhe tinham deixado o robe e a camisa de dormir sobre o banco situado aos pés da cama.

– Preparei-lhe um banho de espuma, menina. O jantar será servido no jardim, às nove horas – disse-lhe Damaris, acabando com os planos de Emily de se deitar cedo.

 

 

No andar principal, não havia ninguém, quando Emily desceu uns minutos depois das nove horas, todavia a música e uma luz suave procedente de uma porta situada na zona central de um corredor indicou-lhe por onde se saía para a estufa.

Uma vez lá, compreendeu que não jantaria sozinha, tal como esperara.

Havia uma mesa redonda de vidro com dois pratos, um balde de gelo de prata e uma garrafa de champanhe. A mesa estava rodeada de centenas de pequenas lamparinas que iluminavam o perímetro.

O toque final era Niko Leonidas, vestido com umas calças cinzentas e uma camisa a condizer, que a esperava apoiado num arco.

Emily sentia-se fora do seu elemento e tinha a certeza de que se notava. Pensou que devia sentir-se agradecida pelo facto de o seu companheiro de mesa não estar de smoking.

– Não sabia que ia jantar comigo – comentou, tentando manter a calma.

Niko tirou a garrafa de champanhe do balde de gelo, encheu dois copos e entregou-lhe um.

– Não sabia que precisava de convite para me sentar à mesa do meu pai.

– Eu não disse isso. Tem todo o direito…

– Muito obrigado.

Emily apercebeu-se de que aquele homem tinha resposta para tudo, porém a sua língua viperina e o seu sorriso desdenhoso não ocultavam que não a tinha em grande conta.

– Não pretendia ser desagradável, senhor Leonidas – comentou Emily. – Mas fiquei surpreendida por encontrá-lo aqui. Pensava que se tinha ido embora. O seu pai disse-me que vive no centro da cidade.

– É verdade, tenho uma casa no centro de Atenas. Nós, os gregos, não gostamos muito de certas formalidades, portanto trata-me por Niko, como toda a gente.

Para Emily, era-lhe indiferente o que os outros faziam. Não pretendia tratá-lo por Niko. Já lhe bastava tê-lo por perto, quanto mais aceder a tais familiaridade.

– Não sabes o que dizer, Emily? – perguntou-lhe Niko, rindo-se dela e tratando-a por tu. – Incomoda-te assim tanto jantar comigo?

– Não estou incomodada – respondeu Emily, com dignidade. – O problema é que sinto curiosidade por saber o que faz aqui em vez de estar em sua casa. Sei que não passa muito tempo com o seu pai.

– Apesar disso, sou filho dele e, como sabes, posso dormir nesta casa quando me apetecer. De facto, dadas as circunstâncias, decidi passar mais tempo cá. Algum problema?

Emily não estava disposta admitir que a presença dele a distraía.

– Claro que não. Desde que não interfira no meu trabalho.

– E o que fazes exactamente?

Emily olhou para ele nos olhos e viu que Niko Leonidas já não se ria. Olhava para ela com frieza.

– Sabe perfeitamente porque estou cá.

– A única coisa que sei é que o meu pai depende muito de ti. Também sei que neste momento da vida dele está muito carente e a nenhum de nós escapa o facto de ser muito rico.

Emily olhou para ele, perplexa.

– Acha que estou interessada no dinheiro do seu pai?

– Está?