desj391.jpg

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2000 Elizabeth Bevarly

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Por uma aposta, n.º 391 - junho 2018

Título original: Monahan’s Gamble

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9188-458-3

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

 

 

 

 

Não havia nada que Sean Monahan gostasse mais do que um jogo de póquer com os seus irmãos. Sean era um jogador por natureza e um vencedor desde o nascimento. Quando arriscava, acabava sempre por ganhar. E não havia nada que lhe agradasse mais do que desafiar a sua própria família. Esse era exactamente o tipo de pessoa que ele era.

Ele, dois irmãos e dois amigos jogavam póquer há mais de uma hora e Sean já tinha ganho algum dinheiro. Melhor ainda, tinha ganho quase tudo do irmão mais velho, Finn. Se continuasse assim, rapidamente teria dinheiro para pagar a entrada daquele novo roadster, o automóvel que namorava há meses.

Sentado na cozinha do elegante e enorme apartamento de Finn, Sean olhou para Cullen, um dos três irmãos mais novos, e tentou adivinhar as cartas que ele teria, observando a expressão do seu rosto. Ao fazê-lo, deu uma baforada no charuto que fumava, aspirou o aroma picante do chili que Finn preparava e ponderou se deveria ou não ir buscar mais uma cerveja gelada. Ou se deveria esperar que alguém se levantasse, provavelmente Finn, e lhe trouxesse uma.

A vida não poderia ser melhor.

– Onde está o Will? – perguntou, estranhando a ausência do melhor amigo de Finn desde criança e membro constante do grupo que jogava póquer duas vezes por mês, acompanhado de chili e cerveja.

O irmão mais velho riu-se e respondeu:

– O Will tinha alguns assuntos para resolver – disse, misterioso. – Ele anda com muitas ideias na cabeça.

Charlie Hofsetter, outro membro do grupo de cinco amigos, ergueu o olhar:

– Então era por isso que ele andava tão estranho na semana passada?

Nunca tinha visto o Will assim.

Finn riu-se de maneira maliciosa, deu uma baforada no charuto e passou a mão pelos cabelos escuros.

– Como disse, tem assuntos para resolver.

– E o que é que isso significa? – insistiu Sean, passando também a mão pelos cabelos e pensando que tanto ele, como Finn, precisavam de ir cortá-los.

– Logo saberão – disse Finn sem mais explicações.

Sean resmungou, impaciente:

– Achas que sabes sempre tudo, Finn.

– É porque sei mesmo – confirmou o irmão.

Sean queria protestar, mas não o fez. De certo modo, ele concordava com o facto de Finn ter sempre razão. E esse era um traço muito incómodo num irmão mais velho.

– Gordon também não veio. O que é que se passa? – perguntou Sean, imaginando a razão pela qual nenhum dos outros tinha falado nisso.

Cullen suspirou, dramático.

– Gordon está com o coração destroçado – disse num tom de voz choroso, dando uma baforada no charuto.

Sean riu sem acreditar.

– Isso é novidade. Eu nem sabia que Gordon tinha coração! Quem é a rapariga?

Cullen mudou o charuto de posição, levando-o para o outro canto da boca, e resmungou:

– Autumn Pulaski.

– Autumn Pulaski? – repetiu Ted Embry, incrédulo. – Por que razão saiu ele com ela? Todos sabem que Autumn nunca namora com ninguém por mais de um mês.

– Um mês lunar, para ser exacto – corrigiu Charlie.

– Ela é estranha – comentou Ted.

– Liberal – corrigiu Finn. – Acho que a palavra certa para uma mulher como ela é liberal.

– Uma batata quente parece mais adequado – acrescentou Cullen.

Nenhum dos homens discordou, nem mesmo Sean. Na verdade, todos pararam de falar por um momento, como se pensassem no assunto. Por fim, Ted disse:

– Acho que entendo por que razão Gordon saiu com ela. No entanto, ele sabia que não devia ter arriscado o coração nessa história. Aliás, não devia ter arriscado nenhuma parte do corpo além do…

– Tu viste-a no casamento do Josh e da Louisa no mês passado? – interrompeu Charlie, num tom cerimonioso.

Era verdade, reconheceu Sean. Ele vira-a, e Autumn parecia perfeita para… bem, para muitas coisas, mas todas elas não muito decentes. Usava um vestido quase transparente e, durante a recepção, na tarde ensolarada, todos os homens ali presentes suspiravam quando ela se virava contra o sol. Era como se estivesse nua, já que as linhas do seu corpo perfeito eram nítidas sob o vestido fino. O chapéu de palha que usava não combinava com o vestido, e a aba larga encobria-lhe o bonito rosto, embora ninguém prestasse atenção ao rosto de Autumn, admitiu Sean.

Em geral, não era o que acontecia, até porque Autumn era mesmo muito bonita e quente, como Cullen dissera. Os seus longos cabelos ruivos desciam em cascata até ao meio das costas. Os olhos tinham a cor do mais puro uísque irlandês e o mesmo poder de embriagar. As maçãs do rosto altas e cheias e o nariz um tanto arrebitado davam a impressão de que posara para uma série de pinturas clássicas. E a boca, a boca… Sean podia escrever poemas sobre aquela boca de lábios carnudos e provocantes. A pele parecia sempre dourada, independentemente da estação do ano, e Sean sabia que não havia marcas de biquíni naquele corpo. Autumn Pulaski, uma mulher liberal, quente, livre e independente, parecia exactamente o tipo de mulher que apanhava banhos de sol toda nua.

– Gordon vai recuperar – disse Charlie, arrumando as cartas que segurava. – Afinal, todos os que namoram com Autumn acabam por se recuperar. Algum dia…

– Ainda não entendo por que razão Gordon se envolveu com ela – disse Ted. – Afinal, todos sabem que ele anda à procura de um relacionamento duradouro, e não há ninguém na cidade que desconheça a regra das quatro semanas de Autumn. E que ela se aplica a todos os homens.

– Porque é que ela estabeleceu essa regra? – perguntou Cullen. – Nunca entendi o motivo.

Sean ergueu o olhar e reparou que Ted encolhia os ombros.

– Não faço ideia – disse Ted, – mas desde que se mudou para Marigold… Há dois anos atrás? Deixou sempre isso muito claro. Acho que estabeleceu essa regra há muito tempo – e tirando uma carta de cima da mesa, acrescentou: – Gordon teve sorte, pois esteve com ela quatro semanas. Alguns nem passam da primeira.

– Ela é mesmo estranha – disse novamente Ted.

– Liberal – corrigiu Finn.

– Bem, o que quer que seja, não pretendo convidá-la para sair – anunciou Cullen. – Tenho problemas suficientes com as mulheres. Não preciso de uma que se preocupa com o tempo que passamos juntos.

– Nem eu – concordou Charlie. – Não acredito que haja um só homem em Marigold, ou melhor, em todo o estado de Indiana, que consiga ficar mais de quatro semanas com Autumn.

Sean sacudiu a cabeça lentamente, observando as cartas que Ted dava na mesa.

– Eu podia namorar com Autumn por mais de quatro semanas – afirmou, sério.

– Tu? – um coro de vozes incrédulas ecoou à volta da mesa.

Sean reagiu com indignação ao ver a descrença dos amigos:

– Eu mesmo. O que há de tão surpreendente nisso?

Os amigos observaram-no em silêncio, até que Finn disse:

– O que te faz pensar que Autumn sairia contigo? Ainda por cima, por que duraria mais do que a regra das quatro semanas do calendário lunar?

Sean encolheu os ombros.

– Eu sei do que sou capaz.

Todos riram, e Sean reagiu mais uma vez:

– Posso saber o que é tão engraçado? – perguntou.

– Nós podemos dizer… – respondeu Finn, sem parar de rir, – mas não sei se vais gostar.

– Ora! – gritou Sean, indignado. – As mulheres adoram-me!

– Autumn é diferente – disse Cullen.

Sean acalmou-se um pouco ao ver que, pelo menos, Cullen não negava o seu sucesso entre as mulheres. Afinal, era verdade. As mulheres adoravam Sean. Mesmo que fosse por algumas semanas.

Sean lançou um olhar indulgente na direcção do irmão mais novo.

– Autumn não é diferente. As mulheres são todas iguais. No mais íntimo, todas querem a mesma coisa.

Quatro rostos masculinos voltaram-se para ele, esperando que continuasse. Mas só Finn falou, lutando para não rir.

– Ai é?

Sean disse que sim.

O irmão mais velho riu maliciosamente.

– Já que és um profundo conhecedor das mulheres… – provocou, – podes dizer-nos o que é que elas querem?

– Receber salários iguais aos dos homens – disse Cullen, antes que Sean pudesse responder.

– Não. Querem um homem que lave as suas próprias roupas – disse Ted, a rir.

– Não. Querem um homem que lave as roupas e faça também outros serviços domésticos – disse Charlie.

– Muito engraçado, espertinhos – retorquiu Sean, sério.

Por fim, os homens pararam de rir, e Finn virou-se para o irmão:

– Então diz, Sean. O que é que todas as mulheres querem? Estamos ansiosos por saber.

Sean ergueu o queixo, num gesto de desafio:

– Um anel de noivado – declarou.

Cullen olhou para o irmão com uma expressão maliciosa.

– Isso elas podem arranjar na loja de penhores do Huck por menos de vinte dólares. Trinta, talvez, se quiserem um especial.

– Um anel de noivado com um marido – esclareceu Sean, olhando para os amigos e para os irmãos que estavam à volta da mesa.

– Isso o Huck não pode oferecer na loja – troçou Cullen.

– Sabem muito bem o que estou a dizer – suspirou Sean, impaciente. – As mulheres, sem excepção, querem casar-se. Querem encontrar alguém especial, com quem possam viver para sempre. E então esgotam o desgraçado de todas as maneiras possíveis: financeira, emocional e espiritualmente, até que ele morre. As mulheres querem ser viúvas. É isso.

Não houve qualquer comentário na mesa, até que Finn falou num tom urgente.

– Afastem-se, depressa! O cérebro dele vai explodir!

Sean resmungou, mas prosseguiu:

– Escutem, só estou a dizer que se Autumn Pulaski tem essa regra ridícula é apenas para despertar mais interesse.

Finn olhou para o irmão.

– Acho que posso falar por todos. O que queres dizer com isso?

Sean revirou os olhos, exasperado:

– Autumn gosta de se fazer de difícil para conquistar um homem. Ela acha que se tiver essa regra de um mês…

– Lunar – corrigiu Cullen.

Sean continuou, ignorando o irmão mais novo:

– Isso só fará com que todos desejem sair com ela por mais de um mês lunar – acrescentou, antes que Cullen o interrompesse de novo.

– Então achas que ela não fala a sério quando diz que não quer namorar mais de quatro semanas? – perguntou Ted.

– É claro – respondeu Sean, convicto.

– Então por que nunca namorou com alguém por mais de quatro semanas?

Sean encolheu os ombros.

– Ainda não encontrou o homem certo, só isso. E também há outro motivo. Assim é mais fácil livrar-se daqueles de que não gostou.

– E tu achas que és o homem certo – resumiu Charlie.

– Tenho a certeza de que sou muito mais atraente do que vocês – disse, provocando-os, – e do que o Gordon.

– É verdade. Na tua cabeça, foste sempre o melhor – gozou Finn.

– Estou a falar a sério – insistiu Sean. – Autumn só quer atrair os homens até encontrar a pessoa certa. Então, ele já estará tão envolvido que será muito fácil amarrá-lo numa linda fita prateada e levá-lo ao altar.

– E o que te faz pensar que, além de a namorares por mais de quatro semanas, conseguirás não te envolver e não ser arrastado até ao altar? – indagou Cullen.

– Como disse, conheço as mulheres – repetiu Sean. – Conheço o jogo delas, antes mesmo de começarmos a jogar. Serei o vencedor.

– Acreditas mesmo nisso? – perguntou Finn.

Sean assentiu, afirmando novamente:

– Se existe alguém capaz de namorar com Autumn por mais de quatro semanas, esse homem sou eu – concluiu, sorrindo.

Finn mudou o charuto de posição, mastigando-o levemente, e observou o irmão. E então, quando Sean começou a pensar que talvez se estivesse a arriscar demais, Finn disse as palavras que, há trinta e quatro anos, faziam Sean desafiar o bom senso.

– Então prova-o, irmãozinho. Prova-o!

 

 

Autumn Pulaski preparava a massa para um pão de sete grãos, quando ouviu o sino da porta da frente da Padaria Autumn a tocar. Normalmente, a porta estaria trancada àquela hora da manhã, mas, ao trazer algumas coisas para dentro quando chegou, ela esqueceu-se de a trancar. Nem lhe pareceu necessário, já que poucas pessoas estariam acordadas àquela hora em Marigold, Indiana, especialmente num sábado. E as que estavam acordadas, estariam certamente a trabalhar ou a caminho de uma pescaria.

– Ainda não abrimos! – gritou da cozinha. – Volte às sete.

Mas em vez de ouvir novamente o sino que anunciava o fecho da porta, Autumn ouviu apenas o silêncio, indicando que o cliente ainda estava na loja. Ficou curiosa por saber quem estava lá, mas nem um pouco preocupada com a segurança. Afinal, em Marigold, Indiana, não havia crimes. E ela não estava ali sozinha. Havia as duas jovens que contratara para o Verão e também Louis, que vinha ajudá-la todas as manhãs. Ele tinha mais de um metro e noventa, ombros enormes e braços cobertos de músculos. A barba grisalha ia quase até à cintura e na tatuagem no braço direito lia-se: Vindo do Inferno. Ninguém desafiava Louis. Nunca. E ninguém fazia bolos de creme melhor do que ele.

Autumn suspirou, atirando a longa trança ruiva para trás do ombro. Limpou as mãos ao avental, desceu as mangas da blusa, estilo camponesa, e ajeitou o lenço que tinha posto na cabeça. Deixou a massa de pão a crescer e caminhou para a loja.

Imediatamente desejou ter ficado na cozinha e ter mandado Louis no seu lugar. Não por qualquer ameaça à sua segurança, mas porque Sean Monahan estava parado no meio da loja, como se tivesse acabado de acordar, e parecia ainda mais sensual. Os seus lindos olhos azuis brilhavam mais do que de costume e ele nunca parecera tão atraente. Autumn quase gemeu.

É claro que encontrar um dos Monahan era algo previsível. Afinal, em Marigold todos se conheciam e se encontravam a qualquer hora. Ainda assim, sentia-se grata por ter demorado dois anos a acontecer. Tinha feito de tudo para evitar que acontecesse, pois a última coisa que precisava era de um homem charmoso, sensual, incrivelmente atraente e solteiro mesmo à sua frente. A mudança de Chicago para Marigold tinha sido exactamente por causa disso.

Envolvera-se por duas vezes com homens bonitos, atraentes e solteiros, que prometeram amá-la e respeitá-la para toda a vida. Só que nenhum deles chegou ao altar. Fizeram promessas, mas nenhum dos dois apareceu na igreja.

Fora enganada duas vezes… A culpa só podia ser dela. Mas jamais seria enganada uma terceira vez. Nem que tivesse que ir para um convento. Só que não era católica. Analisando as opções, decidira mudar-se para uma cidade pequena para realizar o grande sonho de abrir uma padaria e fugir de homens bonitos, atraentes e disponíveis.

Ter o seu próprio negócio e fugir de homens como Sean Monahan eram os motivos pelos quais se tinha mudado para Marigold. Tinha imaginado que a vida tranquila, numa cidade pequena, seria perfeita porque era muito menos provável encontrar homens atraentes e solteiros por ali, o que era bem diferente de Chicago, onde parecia haver dúzias em cada esquina.

Autumn queria distância, por um bom tempo, talvez por toda a vida, de homens assim. Mas enganara-se. Assim que se mudou para Marigold, percebeu logo que a cidade também estava cheia de homens atraentes.

No topo da lista estavam os irmãos Monahan. Eram cinco, admirou-se uma vez mais Autumn, fitando Sean. E todos tinham bonitos olhos azuis, cabelos escuros e sedosos e traços dignos de deuses gregos. Eram todos lindos, atraentes e… solteiros. Para seu azar.

– Olá – cumprimentou, tentando evitar aqueles olhos azuis e fingindo não reparar nos seus cabelos sedosos e nos traços másculos. Só que, ao fazê-lo, acabou por reparar no seu corpo atlético e forte. Vestido com umas calças de ganga desbotadas e com uma camisola preta bem justa, o seu corpo musculado era uma visão demasiado provocante para aquela hora do dia. Autumn suspirou, pensando que nem sequer tinha bebido a segunda chávena de café. Ao olhar para ele sentia-se preguiçosa, com vontade de voltar para a cama… não para dormir…

– Posso ajudar? – perguntou, esperando que a voz não revelasse como estava perturbada.